Um casal com quatro filhos pequenos residente em Sorocaba foi obrigado a lançar uma campanha on-line para arrecadar dinheiro e minimizar os prejuízos sofridos depois de cair no “golpe do boleto” e pagar duas parcelas do carro para golpistas. O banco, que deixou de receber as parcelas, apreendeu o carro no mês passado, mas o devolveu na noite de terça-feira, 16, depois que as vítimas do golpe entraram com ação judicial.
O auxiliar de educação Claudinei de Jesus afirma que os dois boletos pagos continham todos os dados idênticos ao da empresa financeira que cobrava o financiamento do carro. Por isso, pagou-os sem desconfiar de nada. Mas, ao receber uma ligação do próprio banco, foi informado que as parcelas não estavam quitadas e soube que tinha caído no golpe.
O banco se negou a renegociar, apreendeu o carro e afirmou que o colocaria em leilão. Para reaver o carro, Claudinei teria que pagar o valor total da dívida, de R$ 18 mil. Diante da situação, a esposa Franciele Bernardo Barreto`criou uma Vakiquinha Online que, até esta quinta-feira, 18, arrecadou R$ 3.453,05.
“Agora, por conta do golpe, estamos fazendo rifas, com os produtos que ganhamos de familiares e amigos, e faremos um bingo também”, conta Claudinei.
Franciele explica que as filhas gêmeas, que têm menos de dois anos, são asmáticas e passaram por uma situação de crise muito complicada pelo tempo seco de inverno.
Para adquirir o carro modelo Zafira, de 2007, o casal deu o antigo como entrada e estava pagando a diferença. “Ele contribuía com o cotidiano da família, principalmente para levar as crianças para atendimento médico”, afirma Claudinei.
Um boletim de ocorrência foi aberto, mas, até agora, não foi descoberto quem aplicou o golpe. Claudinei procurou um advogado e entrou com processo contra o banco.
Legislação protege cliente de banco
O advogado Paulo Henrique Soranz explica que há uma súmula do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que diz que obriga os bancos a indenizarem e repararem os danos a clientes, por qualquer prejuízo que venha a ocorrer por falha de segurança no sistema do banco.
Quando a ação estava concluída para aguardar a sentença do juiz, o banco reformulou a proposta para que Claudinei pudesse ter o carro de volta e retomar o financiamento, com parcelamento.
“É uma jurisprudência sobre a proteção dos dados. Se o cliente entra num site que acredita ser do banco, paga um boleto e não é da instituição financeira, a culpa não foi dele. Ele seguiu o caminho normal. A culpa é da instituição financeira que não deu conta de proteger os dados. Mais do que isso: entraram em contato com ele e ofereceram uma proposta de acordo. Então, isso significa que os dados dele já estavam circulando em mãos criminosas”, relata Soranz.
Quem quiser contribuir:
O link para quem puder contribuir com a Vakiquinha Online é: https://www.vakinha.com.br/2930487