Cestas básicas prontas para distribuição no salão do sindicato: contribuições de milhares de doadores e dezenas de voluntários. Foto: Guilherme Cardoso
Leandro Soares, presidente do SMetal, comemorou a meta alcançada: fome deveria ser preocupação dos governantes. Foto: Jônatas Rosa/SMetal
Mais de 40 instituições de caridade de Sorocaba e região começaram a receber nesta sexta-feira, dia 23, as 2.113 cestas básicas arrecadadas pela campanha Natal Sem Fome – Alimentando a Esperança, organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal).
São 46 toneladas de alimentos não perecíveis, legumes e verduras que vão direto para as famílias em situação de vulnerabilidade social nas cidades de Sorocaba, Salto, Iperó, Votorantim, Araçoiaba da Serra e Alumínio.
Esta ação de solidariedade promovida pelo SMetal visa distribuir os alimentos de acordo com o cadastro das lideranças comunitárias no Banco de Alimentos de Sorocaba (BAS).
As doações do Natal Sem Fome são prioritariamente destinadas a famílias que não fazem parte de programas de assistência e estão em situação de extrema vulnerabilidade.
De acordo com dados da Secretaria de Cidadania, há 27.276 famílias em Sorocaba que vivem em situação de extrema pobreza, ou seja, com renda por pessoa de até R$ 105 por mês.
Os alimentos arrecadados foram doados por empresas metalúrgicas, redes de supermercados, donos de estabelecimentos comerciais e demais pessoas interessadas em contribuir com a alimentação dos mais necessitados.
Das 46 toneladas, 44 mil quilos são de arroz, feijão, óleo, açúcar, bolacha, sardinha em lata, fubá, farinha de trigo, molho de tomate, suco. Além destes produtos, duas toneladas de legumes e verduras como abóbora, beringela e abobrinha, entre outros, foram doadas pelo Movimento Sem Terra (MST).
Meta foi atingida
Para Leandro Soares, presidente do SMetal e coordenador da campanha Natal Sem Fome, a ação é fundamental para garantir que famílias pobres tenham acesso ao alimento, uma necessidade básica e que não deveria faltar na mesa de nenhuma pessoa — e da qual o poder público tem se eximido nos últimos anos.
“Precisamos pensar na fome e na miséria ao votar para eleger candidatos comprometidos em tirar pessoas da miséria”, diz Leandro. “Vivenciamos um governo que diminuiu a importância que deveria ter sido dada à questão da fome, mas, ainda assim, nós cumprimos uma meta que estipulamos e arrecadamos mais cestas que na campanha do ano passado. Isso é uma vitória”, celebra.
O coordenador interno do Natal Sem Fome, Fabio Rossy Nogueira Fonseca, complementa que o trabalho foi árduo e que eram sabidas as dificuldades que seriam enfrentadas. “Fomos ganhando mais e mais força com os metalúrgicos e a ajuda das grandes empresas doando em grandes quantidades, e foi um sucesso.”
Além do número expressivo de alimentos arrecadados, um outro dado importante a ressaltar é o número de voluntários que contribuíram com a organização, separação e montagem das cestas. Rossy evidencia a força que a ajuda voluntária trouxe para a ação. “Por meio da mídia, nós conseguimos a contribuição de toda população. Nas últimas duas semanas da campanha chegamos a ter 150 voluntários envolvidos na montagem das cestas.”
Pouco a pouco as milhares de cestas básicas, acomodadas no auditório do SMetal, foram ganhando destino pelas mãos dos muitos voluntários, numa espécie de trabalho de formiga para fazer com que os alimentos chegassem aos caminhões e carros que os iriam transportar.
“É mais que alimento, é um carinho”
As cestas vão para as instituições beneficiadas para que sejam entregues às famílias carentes. Além dos voluntários, na manhã desta sexta-feira, também os líderes das instituições beneficiárias estavam presentes para garantir o destino dos produtos para as famílias por eles representadas.
A tesoureira da associação Benedito Clemente de Souza, Marcia Regina Gabriel, abasteceu um veículo com as cestas que chegarão na mesa de 30 famílias atendidas pela instituição. “Vai fazer muita diferença ter esta comida na casa deles, que na maioria são desempregados, catadores de recicláveis, gente pobre mesmo, que vai ter suprida a necessidade de ter o que comer”, conta a tesoureira.
Sandra Mara de Souza Almeida, voluntária da Associação Lugar de Amor e Restauração (LuAR), onde são atendidas crianças, adolescentes e famílias em situação de pobreza extrema na cidade de Votorantim, afirma que serão 70 as famílias contempladas pelas cestas arrecadadas da campanha.
“Estes alimentos vão proporcionar um final de ano mais recheado, fartura na mesa, um Natal e ano novo com um pouco mais de alegria. Mas é mais que alimento, é um carinho, é uma sensação de conquistas, de autonomia ao menos na hora de comer” diz Sandra.
Natal Sem Fome
A Campanha Natal sem Fome foi iniciada em 1994 pelo então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, Carlos Roberto de Gaspari, com o objetivo de amenizar a questão da fome na cidade, contando com o apoio da categoria metalúrgica e das empresas do ramo.
Sorocaba foi uma das cidades pioneiras a aderir à campanha lançada nacionalmente pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho (1935-1997), que em 1993 lançou a ideia do Natal Sem Fome e criou, para viabilizá-la nacionalmente, a Ação da Cidadania.
Banco de alimentos de Sorocaba
A partir do Natal Sem Fome, em 2005, foi criado o Banco de Alimentos de Sorocaba (BAS), com a missão de combater a fome em Sorocaba e cidades da região, eliminando o desperdício de alimentos e garantindo a chegada destes para as famílias pobres durante todo o ano.
Atualmente o BAS, em parceria com instituições sociais, empresas e poder público, arrecada, higieniza e distribui cerca de 50 toneladas de alimentos por mês.
