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Bromélias exigem cuidados especiais para evitar criadouros do mosquito da dengue

Sorocaba já registrou 4.500 casos da doença em 2023, um aumento de quase 78% em relação ao ano anterior, que teve 1.075 casos.

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)

O jardim de dona Vilma é uma terapia, mas se tornou fonte de preocupação, depois que ela foi alertada sobre o risco da dengue, e também de revolta, já que muitos criadouros são visíveis por toda a cidade. Foto: Reprodução

A dona de casa Vilma Leandro da Silva, de 54 anos, moradora do Parque Vitória Régia, em Sorocaba, encontrou na jardinagem uma terapia valiosa para lidar com a diabetes e a depressão. A paixão por cuidar de suas bromélias em seu quintal trouxe bem-estar e um propósito significativo para sua vida. Porém, uma situação vivida por ela no final do mês de julho a colocou em alerta. Um agente da Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde (SES) visitou sua casa e observou que as bromélias estavam expostas ao tempo e, quando chove, podiam armazenar água entre suas folhas. Onde há água acumulada, pode haver dengue! 

Por conta dessa fiscalização de seu quintal contra o Aedes aegypti, dona Vilma foi notificada e precisou colocar as bromélias em vasos e transportá-las para um local coberto. Ela também foi orientada a colocar os pneus que estão sem uso em local abrigado da chuva.  Dona Vilma ficou preocupada com a notificação e explicou para a reportagem do Portal Porque que usa um produto específico nas plantas que evita que insetos como o mosquito da dengue e pulgões se aproximem delas. “Eu compro o produto, coloco toda semana, sempre estou aqui no quintal de olho. Tiro a planta de um lugar, coloco no outro, vejo as que morreram, eu planto as outras, eu molho elas e limpo tudo”, explicou.

Mesmo sendo tão zelosa com seu jardim, a dona de casa mudou as bromélias e os pneus que vão virar vasos de planta de lugar. Mas fez um alerta: ela gostaria que a Prefeitura de Sorocaba também fosse zelosa com os espaços públicos e com terrenos e casas de outros munícipes apontando outros locais na vizinhança com potenciais focos de mosquitos, como pneus com água parada e acúmulo de lixo. 

Para ela, a abordagem deveria ser mais justa, fiscalizando todos os espaços em risco, e não apenas se concentrar em uma única propriedade: “Tanto quintal por aí que a família sai de casa de madrugada, só chega às cinco da tarde. Põe água pro cachorro que fica o dia inteiro parada, ali.  Será que eles não percebem que isso aí também pode atrair o mosquito da dengue?”, questiona. 

Dengue em Sorocaba

Com o fim do tempo seco de agosto e a chegada do período chuvoso em setembro, Sorocaba enfrenta números preocupantes de casos de dengue. De acordo com os dados disponibilizados pela SES, atualizados até fim de julho, Sorocaba já registrou 4.500 casos de dengue, um aumento 418% em relação ao ano anterior, que teve 1.075 casos. Três mortes também foram confirmadas devido à doença. O levantamento mostra que, de 2016 a 2022, foram registradas três mortes pela doença. Ou seja: em 2023, o número de óbitos confirmados é igual ao acumulado dos últimos sete anos.

A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria da Saúde (SES) e sua Divisão de Zoonoses, informa que tem implementado diversas ações no combate à dengue, abrangendo todas as regiões da cidade. Dentre as medidas adotadas, estão as visitas porta a porta para a busca ativa de criadouros e possíveis casos da doença, orientações sobre sintomas e prevenção, além da remoção de potenciais criadouros e aplicação de larvicida.

Todos devem colaborar

A exemplo da dona Vilma, que, apesar de indignada, vai tomar medidas de prevenção contra a dengue em seu quintal, a participação da população contra a proliferação de focos do Aedes aegypti é essencial. 

Diversas medidas podem ser adotadas, como manter lixeiras tampadas, guardar pneus em locais cobertos, eliminar recipientes que acumulem água, além de cuidados específicos com pratos de vasos de plantas e piscinas. Também é muito importante, assim como faz dona Vilma, fazer vistorias no quintal. Uma boa dica é verificar tudo uma vez na semana. 

Qualquer cidadão pode denunciar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti por meio do telefone 156, no site da Prefeitura (clique aqui) ou nas Casas do Cidadão. Além disso, a Ouvidoria Geral do Município também está disponível pelo WhatsApp (15) 99129.2426 para registros de ocorrências.

Bromélias são vilãs? 

Embora as bromélias contribuam para os criadouros em áreas urbanas, elas não são os mais importantes nem preferenciais do Aedes aegypti, como diz um estudo realizado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC) que revela que as bromélias não desempenham um papel significativo na proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão do vírus da dengue. No entanto, é melhor prevenir a dengue colocando essas plantas sob o abrigo de chuva e usando um repelente de insetos, como ensina a dona Vilma. 

Para os amantes dessas plantas que desejam cultivá-las sem contribuir para a proliferação do mosquito, recomenda-se algumas medidas de prevenção. É essencial regar as bromélias com mangueira sob pressão, pelo menos uma vez por semana, para eliminar ovos e larvas e interromper o ciclo de desenvolvimento do mosquito. Com essas medidas simples, é possível apreciar a beleza das bromélias sem comprometer a saúde pública e contribuir para a erradicação do mosquito transmissor da dengue.

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