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Avessos à democracia, bolsonaristas fecham estradas em Sorocaba, São Roque e Itu

Fábio Jammal Makhoul (Portal Porque), com informações nacionais da Folhapress

O protesto antidemocrático na Raposo começou por volta das 16h, com um pequeno grupo de bolsonaristas fanáticos. A paralisação continuava até a publicação desta matéria, no final da noite. Foto: Reprodução/TV Tem

Um dia depois da derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL), três estradas da região de Sorocaba foram paralisadas por apoiadores inconformados com o resultado das urnas. A série de atos antidemocráticos, que registra pelo menos 240 pontos de bloqueios em estradas de todo o país, causou transtornos e atrapalhou o trânsito em Sorocaba e região.

Até a publicação desta reportagem, às 21h30, as paralisações continuavam na Raposo Tavares, em Sorocaba, e na Castelo Branco, nos arredores de São Roque e Araçariguama. Em Itu, o protesto iniciado às 16h35 no quilômetro 19 da Rodovia Archimedes Lammoglia foi encerrado por volta das 17h15. Embora curto, o protesto em Itu teve pneus queimados e resultou em cinco quilômetros de congestionamento.

Em Sorocaba e em São Roque, os protestos antidemocráticos começaram às 16h e não tinham acabado até a publicação desta reportagem. Os protestos estão sendo acompanhados pela Polícia Rodoviária, que não está intervindo para liberar as rodovias. Na Raposo Tavares, o protesto ocorre no quilômetro 101, próximo da entrada do Campolim, na área urbana de Sorocaba. Na Castello Branco, a paralisação na região é no quilômetro 102, nos arredores de São Roque e Araçariguama, mas a rodovia ainda registra outros dois pontos de bloqueio, em Barueri e São Paulo.

Ao PORQUE, a CCR ViaOeste, que administra o sistema Castelo-Raposo, informou a situação das estradas às 21h15: “Os reflexos da paralisação são de 500 metros de congestionamento na pista leste (capital) e de 1 quilômetros no sentido interior, no km 101, da Raposo Tavares. Km 52 da rodovia Castello Branco, em Araçariguama, manifestantes bloquearam ambos os sentidos. Às 21h15 , os reflexos são de 3 quilômetros no sentido capital. O fluxo de veículos está concentrado na faixa da direita. No sentido interior, são 2 quilômetros com bloqueio total de via.”

Pela manhã, um grupo de caminhoneiros apoiadores de Bolsonaro já havia tentado interditar o mesmo trecho da Raposo, em Sorocaba. Segundo a ViaOeste, a paralisação começou às 11h04, na pista sentido capital. “Equipes de operação da concessionária, juntamente com Polícia Militar Rodoviária desobstruíram as faixas minutos depois. Às 11h17, a pista sentido capital foi totalmente liberada para o tráfego. Não houve reflexos significativos no tráfego local”, informou a Viaoeste.

Vídeos que circulam pelo WhatsApp mostram caminhoneiros em pé no meio da estrada, fazendo vídeos e selfies de si mesmos no protesto. O PORQUE apurou que as paralisações estão sendo combinadas por WhatsApp, em grupos como o autointitulado “Direita Interior SP 3”.

Bloquear a via com veículo é infração gravíssima, prevista no artigo 253 do Código de Trânsito Brasileiro. As penalidades são multa e apreensão do veículo.

Devido ao tráfego excessivo, o site da concessionária Viaoeste ficou um tempo fora do ar nesta terça-feira.

240 bloqueios pelo Brasil

Caminhoneiros apoiadores de Bolsonaro iniciaram na noite deste domingo (30) bloqueios em estradas em protesto ao resultado das eleições, que tiveram Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como vencedor para o cargo de presidente da República. A Polícia Rodoviária Federal confirmou na noite desta segunda (31) terem sido registrados 236 pontos de bloqueios ou aglomerações em vias de 20 estados e do Distrito Federal.

O Ministério Público Federal abriu nesta segunda apurações sobre as circunstâncias dos bloqueios em rodovias federais. O órgão cobra providências da Polícia Rodoviária Federal, que terá 24 horas para enviar explicações sobre o caso. Procuradores da República nas cinco regiões do país já instauraram procedimentos sobre a situação e apontam o cometimento, em tese, do crime contra o Estado democrático de Direito.

Um dos documentos ao qual a reportagem da Folha teve acesso afirma que as motivações dos protestos “mostram-se explicitamente contrárias ao estado democrático de direito, requerendo intervenção militar por mero descontentamento com o resultado das eleições presidenciais”.

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