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Autoridades sorocabanas ignoram irregularidades praticadas por golpistas em Santa Rosália

Nos últimos dias, o PORQUE questionou a Prefeitura, a Urbes, a PM, o MP e a própria Base do Exército sobre quais providências estão sendo tomadas. As respostas, quando vieram, foram evasivas

Maíra Fernandes (Portal Porque)

A reportagem confirmou que os cones pertencem à Urbes, uma prova de que as obstruções das vias têm o aval da Prefeitura. Foto: Maíra Fernandes/Porque

Passados mais de dois meses desde a instalação do acampamento golpista em Santa Rosália, as autoridades de Sorocaba fazem vistas grossas às ilegalidades ocorridas no local: cerceamento do direito de ir e vir com a obstrução das vias e incitação ao golpe de Estado, por exemplo.

Nos últimos dias, a reportagem do PORQUE questionou a Prefeitura, a Urbes, a Polícia Militar, o Ministério Público e a própria Base do Exército em Sorocaba sobre quais providências estão sendo tomadas em relação ao acampamento golpista de Santa Rosália. As autoridades ou não responderam aos questionamentos da reportagem ou deram respostas evasivas.

Entre as irregularidades escancaradas a quem consiga passar da barreira dos bolsonaristas, que ainda aguardam o retorno do ex-presidente do exterior, estão as barracas, a praça de alimentação e o comércio ambulante instalados em frente ao prédio do Exército e os carros estacionados nas calçadas. Até o momento, não se sabe se houve alguma multa pelas infrações: a Secretaria de Comunicação da Prefeitura não responde para o PORQUE.

No final da tarde desta quarta-feira, 4, a reportagem recebeu um vídeo em que funcionários da Urbes retiram os cones que obstruem a passagem, tanto na avenida Roberto Simonsen quanto nas vias próximas. O vídeo, por si, prova que os cones pertencem à Urbes e que as obstrução das vias têm o aval da Prefeitura.

Porém, no mesmo dia, por volta das 19h, a reportagem passou no endereço e dois cones permaneciam impedindo o fluxo de veículos na avenida Roberto Simonsen, protegendo um pequeno grupo que se aglomerava em frente à Base do Exército. Nenhuma das autoridades entrevistadas soube explicar a origem daqueles cones: se eram do município, da Polícia Militar ou de propriedade privada.

A reportagem questionou a Secretaria de Segurança Pública, que passou a bola para a Urbes – Trânsito e Transportes que, por sua vez, pediu para que fosse procurada a Secretaria de Mobilidade Urbana. Lá, as orientações foram para que a reportagem se dirigisse à Polícia Militar. Esta, até o momento, não respondeu aos questionamentos do PORQUE e o mistério só se desfez com o vídeo do funcionário da Urbes levando os cones.

A reportagem também já havia questionado a Base do Exército em Sorocaba (antiga 14ª. Circunscrição de Serviço Militar), no início do acampamento, em 2 de novembro, mas nunca recebeu uma devolutiva do órgão.

Tira, põe, deixa ficar!

Na última segunda-feira, 2, quando questionados pela reportagem se continuariam infringindo a lei e obstruindo a passagem pelas vias, os golpistas afirmaram que fechavam, apenas, para cantarem o hino, às 18h, e, também, aos fins de semana, de modo a proteger “as famílias de bem” que se apossaram do local como se fosse um quintal de casa (leia mais).

No entanto, os bolsonaristas que se auto intitulam pacíficos, orientaram à reportagem que poderiam retirá-la do local, mesmo se tratando de via pública, caso se sentissem incomodados ou desconfortáveis com a presença da imprensa nos arredores.

Na tarde desta quinta-feira, 5, os cones no sentido de quem desce a avenida Roberto Simonsen permaneciam obstruindo o trânsito, liberado, apenas, no sentido contrário. Do mesmo modo, os golpistas permaneciam, sob chuva, conclamando a ajuda das Forças Armadas para concluir o sonho do golpe militar, que já foi, como reza a música, uma página infeliz da nossa história.

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