
Em reunião recente com os pais, representantes da Urbes e da Mobility prometeram soluções, que ainda não vieram. Foto: Arquivo Secom/PMS
A demanda do transporte especial para PCD (pessoas com deficiência) continua grande em Sorocaba. Atrasos nos horários, falta de atendimento em casos de mudanças de terapias, falta de vagas e até de esquecimento da criança na escola são reclamações das mães ouvidas pelo Portal Porque durante a semana.
As mães denunciam que a Urbes (Empresa de Desenvolvimento Urbano e Social de Sorocaba) não segue o decreto de 2017 que instituiu, no sistema de Serviço Público de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros do Município de Sorocaba, o Serviço de Transporte Especial destinado a atender pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.
O artigo 4o do decreto 23.346/2017 determina: “O planejamento deverá proporcionar aos usuários do Transporte Especial, segurança, conforto e o acesso a todas regiões da cidade ao menor tempo possível.”
“Sempre agendo com uma semana de antecedência e, mesmo assim, muitas vezes são negados os agendamentos eventuais”, afirma Laís Silva Proença. Como exemplo, ela cita que, recentemente, agendou uma consulta para a filha, de seis anos, no Hospital Regional da Raposo Tavares, às 9h. A criança estaria liberada pouco depois das 10h, mas o transporte especial só poderia apanhá-la às 14h.
Em abril de 2022, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) fez um vídeo ao vivo anunciando que tinha zerado a fila do transporte especial e foi desmentido pela Urbes – Trânsito e Transportes (leia aqui).
De lá para cá, várias reuniões ocorreram com responsáveis da Urbes e da Prefeitura com os usuários e familiares do transporte especial. No mês passado, a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Sorocaba promoveu um encontro que contou com o presidente da Urbes, Sérgio Barreto, e representantes da Mobility, empresa terceirizada contratada pela Urbes para administrar o transporte especial.
Nessa reunião, Barreto informou que um roteiro automatizado estava prestes a ser lançado e iria facilitar a logística, com o intuito de minimizar os problemas relatados pelos familiares e usuário do transporte (leia aqui).
“Diariamente a gente tem problema. Eles fazem o que querem. A gente manda mensagem para a Mobility para saber a programação mas eles não respondem. Minha filha fica rodando mais de uma hora no transporte”, conta Laís, que precisou mudar a filha de escola para facilitar a logística do transporte. “Mas, tudo que a gente manda para eles (Urbes, Mobility) eles dizem que não dá para fazer, que vão verificar rota e não encaixam minha filha no transporte”, desabafa.
Adeilda Silva é mãe de João Victor, de 16 anos, e também enfrenta problemas com horários inapropriados. “Meu menino entra às 8h na escola e querem pegar ele 6h50, sendo que a escola fica no bairro vizinho do meu. Ele sai às 12h da escola, mas nunca conseguem pegar nesse horário, somente mais tarde. Tem dias que brigo, pois querem buscar ele às 13h, sendo que às 13h15 ele entra na terapia”, afirma.
Adeilta conta que, no começo do mês, recebeu mensagem “falando que a escola não deixou retirar meu filho. Liguei na mesma hora pra escola, pois eu sei que nunca aconteceu isso. A diretora disse que não foi ninguém buscar e que ele estava lá ainda. Já era 12h40. Ele chegou na minha casa quase às 14h.”
“A própria agente de bordo do transporte que foi buscar o adolescente disse: ‘esqueceram você hoje, João’”, indigna-se Adeilta, afirmando já ter precisado ligar para a polícia para saber onde estava o filho. “A empresa não me respondia, a Urbes também não e não sabia onde estava meu filho. Ele foi chegar só às 15h.”
Depois de recorrer aos serviços de um advogado, Sheila Souza conseguiu a liberação para que o transporte passasse a levar o filho para a escola. “Mas foi um tempo de espera muito longo, sendo que é direito dele. Eles alegaram que era só levar para a Apae e Amde (Associação Amigos dos Deficientes), mas conseguimos, finalmente, pelas vias jurídicas.”
O Porque enviou email para a Urbes, mas não teve retorno sobre as questões abordadas.