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Amigos de jovem assassinada fazem movimento on-line para que suspeito do crime retorne à prisão

Principal investigado da morte de Anna Carolina Pascuin, ex-padrasto responde o processo em liberdade

Maíra Fernandes

Três meses após a vendedora Anna Carolina Pascuin Nicoletti, 24, ter sido encontrada morta em seu apartamento, no Wanel Ville, o ex-padrasto da vítima e réu por homicídio qualificado segue respondendo em liberdade, fato que gera revolta e insegurança entre os parentes de Anna Carolina. Elaine Pascuin, mãe da vítima, afirma ser inadmissível que, mesmo com tantas provas substanciais, o ex-parceiro – que, segundo ela, tem histórico de violência e já havia sido preso por suspeita de crime sexual contra menor –, ainda desfrute da liberdade, enquanto o processo segue.

Para pressionar a Justiça a decretar a prisão preventiva do réu – o que, no entendimento deles, traria mais segurança a familiares e pessoas próximas da família –, amigos criaram o perfil @justicaporcarolpascuin no Instagram, que já contava, até a publicação deste texto, com mais de 4.300 mil seguidores. A intenção com as ações, reforça a mãe de Anna Carolina, é dar visibilidade ao que considera uma injustiça no caso de homicídio da filha, com a concessão de liberdade ao ex-parceiro, mesmo com todas as evidências de que tenha sido o autor do crime.

Principal investigado da morte de Anna Carolina Pascuin, ex-padrasto responde o processo em liberdade. (Arquivo Pessoal)

“Precisamos nos unir não só pela Carol, mas por todas as outras Carolinas que estão por aí. Minha filha, infelizmente, não volta mais”, afirma a mãe, pedindo que mais pessoas sigam a conta e se engajem, clamando justiça pela morte da filha.

O ex-padrasto chegou a ser preso por 60 dias, mas foi solto em janeiro. Havia, segundo Elaine, provas mais que suficientes de que ele perseguia a enteada, tanto fisicamente quanto pelas redes sociais, a ponto de, segundo teria sido apurado, instalar dispositivos espiões para controlar as ações e localizar a vítima.

Há, ainda – observa Elaine –, imagens de câmeras de segurança, prints de conversas e relatos de testemunhas que evidenciam as acusações de que ele seria o autor do crime, e inclusive que esteve em Sorocaba no dia anterior ao que a enteada foi encontrada morta com um tiro na região da testa, no apartamento em que residia.

‘ZOMBANDO DA JUSTIÇA’

Como contou Elaine, o réu não está apenas solto, mas “zomba” da Justiça, já que declarou que reside em Praia Grande, litoral paulista e, no entanto – segundo relatos de conhecidos –, constantemente seu carro é visto na região, já que manteria um relacionamento com uma pessoa de Alumínio, e a mãe reside em Pilar do Sul.

Essa proximidade e a possibilidade de ir e vir do suspeito é o que assusta a mãe da vítima, considerando que ele, segundo Elaine, já desrespeitou a medida protetiva de mãe e filha. “Ele na rua é um risco! Acabou o sossego de todo mundo, meu, das testemunhas…”, falou a mãe da vítima, que, não bastasse a perda prematura e violenta da filha, sente-se como “refém” do investigado, tendo que manter-se trancada em casa e sem vida social, a fim de garantir a própria segurança. “Ele é muito perigoso e ninguém julga isso”, lamentou, lembrando o acusado precisa ser julgado não apenas pelo homicídio da jovem de 24 anos, mas também pelas perseguições e abusos psicológicos que vinha praticando há tempos.

Para Elaine, é importante a mobilização da sociedade também frente ao que classifica como impunidade, para que outras mulheres não passem pelo que ela e a filha passaram. No momento, como não pode trazer a filha à vida novamente, concentra seus esforços na luta para que o ex-companheiro seja punido por tudo o que fez.

O CASO

Elaine manteve um relacionamento com o réu por mais de uma década e, ao longo do tempo, foi percebendo o comportamento violento e obsessivo dele para com a enteada. Após o término do relacionamento e sem aceitar a ruptura, conta ela, a situação foi ficando mais evidente e assustadora, a ponto de solicitarem medida protetiva para que ele não se aproximasse mais das duas – o que, afirma Elaine, o ex-companheiro não respeitou.

Mesmo com a mudança da jovem de Pilar do Sul para Sorocaba, onde trabalhava e estudava, o ex-padrasto – prossegue Elaine – controlava suas ações, cobrando explicações e atenção, e chegando ao ponto de se matricular no mesmo curso para ficar mais próximo da jovem, além de frequentar seu trabalho como cliente.

No dia do crime, em novembro do ano passado, imagens de câmeras de segurança comprovam que o acusado passou em frente ao local de trabalho de Anna Carolina, pouco antes do horário de ela sair. Em sua versão, ele teria alegado que esteve em Sorocaba para comprar materiais de construção, mas havia voltado para a casa da mãe. No entanto, em relato as autoridades policiais, a própria mãe o teria desmentido, ao afirmar que ele não havia dormido em casa naquela noite.

O corpo de Anna Carolina foi encontrado pelo namorado na manhã do dia 13 de novembro, em seu apartamento. A porta estava aberta e sem sinais de arrombamento.

NA JUSTIÇA

O réu segue respondendo em liberdade porque o juiz acatou a denúncia por homicídio qualificado por parte do Ministério Público, mas não sua prisão preventiva. Ele foi proibido de manter contato e com os familiares da vítima ou aproximar-se deles e, em caso de descumprimento, pode voltar a ser preso.

A Polícia continua coletando depoimentos e realizando perícias para tentar esclarecer os fatos ocorridos.

O PORQUE tentou contato com Marcelo Jorge, advogado do réu, para ouvir a versão dele sobre os fatos e, até o momento, não obteve retorno.

Em nota divulgada pelo G1, no dia 24 de janeiro, o advogado, no entanto, reiterava a inocência de seu cliente: “Não há indícios de autoria. Contudo, durante o curso do processo, a defesa irá provar a inocência de Eduardo”, disse em matéria divulgada no site.

Sobre outros aspectos da acusação, o advogado afirmou ao G1 que a defesa só se manifestaria nos autos do processo.

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