
Alckmin esteve em Sorocaba na segunda-feira em encontro com empresários e lideranças; em pauta, o estímulo ao comércio internacional. Foto: Renata Rocha/Portal Porque
Um dos políticos mais longevos com mandato do Brasil e do Estado de São Paulo, o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin é bastante conhecido por sua oratória e seu gosto por piadas. No lançamento em Sorocaba do Peiex nesta segunda-feira, 7, ele fez uma brincadeira ao comparar o valor das exportações entre os municípios.
“Sorocaba é uma grande metrópole. Pindamonhangaba que se cuide!”, disse, referindo-se a sua cidade natal, localizada no Vale do Paraíba, outra região altamente industrializada. “Brasília exporta 400 milhões de dólares por ano. Pinda exporta US$ 1,4 bilhão”, comentou, sem lembrar o valor das exportações de Sorocaba que saltou de US$ 1,11 bilhão em 2015, antes da instalação do Peiex, para US$ 2,19 bilhões em 2022, um crescimento de 90%, segundo dados da Apex.
Alckmin lembrou, também, que o modelo de exportação de Sorocaba é o ideal para qualquer país. “Os principais produtos de exportação do Brasil são a soja, petróleo bruto e minério de ferro. Sorocaba exporta automóveis, máquinas escavadoras, mineradoras, autopeças, equipamentos agrícolas, só produtos de valor agregado mais alto. Vamos dar todo apoio a este desempenho com a reforma tributária que desonera completamente a exportação, vamos dar um empurrão”, comentou.
De acordo com Alckmin, as exportações de Sorocaba são basicamente para a Argentina (42%), Chile, Colômbia, Estados Unidos, Peru e Paraguai. “O que chama a atenção é que o mundo é globalizado, mas o comércio é intrarregional. Se pegar Estados Unidos, México e Canadá, o comércio é 50% entre eles. Na União Europeia, é 60% entre eles. Na Ásia, 70% e na América Latina, só 26%. Nós precisamos reconquistar nossa região, subir para 50%. É para onde a gente vende caminhões, ônibus, autopeças, produtos de valor agregado.”
O que deve garantir o fortalecimento das exportações nacionais, de acordo com Alckmin, são quatro medidas em fase de implementação pela gestão Lula: a abertura de uma linha de crédito em dólares para exportação; um programa para a renovação dos equipamentos do parque industrial para dar mais eficiência e economia de energia; a desburocratização do processo de exportação e a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
“O BNDES abriu uma linha de crédito em dólar, pois se eu exporto em dólar, eu posso financiar em dólar. Outro ponto a se destacar é que a indústria brasileira envelheceu e tem em média 14 anos, então precisa modernizar máquinas e equipamentos. Então nós apresentamos ao presidente Lula o Programa de Depreciação Acelerada”, informou Alckmin.
Antiga reivindicação do setor industrial, o programa prevê o abatimento do Imposto de Renda e da Contribuição sobre Lucro Líquido (IRPJ e CSLL) a cada vez que adquirir máquinas novas. “O governo não vai abrir mão dos impostos, apenas do seu fluxo. Se a empresa paga R$ 10 milhões em cinco anos, no primeiro ano não vai pagar nada, mas vai pagar lá na frente”, explicou Alckmin.
O programa foi anunciado em 24 de junho, de forma conjunta, entre Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, logo após uma reunião com Lula no Palácio do Planalto. O programa prevê um aporte geral de aproximadamente R$ 15 bilhões até 2026 e tem total apoio do setor industrial, pois foi construído por solicitação da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) que há anos pleiteava uma medida neste sentido.
A desburocratização das exportações, segundo Alckmin, já está garantida com a digitalização. “Nós temos uma cultura burocrática, do selo, do papel, do carimbo. A exportação de frango do Brasil para a União Europeia custava 166 reais por licença, agora não paga mais nada, acabou papel, carimbo, é tudo digital”, informou. Além disso, segundo Alckmin, as licenças se tornaram flexíveis, garantindo que uma licença seja utilizada por até três anos para importação e até quatro anos para exportação.
Quanto ao enrolado acordo bilateral entre o Mercosul e a União Europeia, Alckmin disse que o documento pode ser assinado ainda este ano, enquanto Lula é o presidente do bloco sul-americano e a Espanha assume o comando rotativo da União Europeia por seis meses entre 1º de julho e 31 de dezembro de 2023. “Sãos 27 países entre os mais ricos do mundo”, ressalta Alckmin.
O fortalecimento das exportações, de acordo com Alckmin, é a solução e Sorocaba está dando um importante passo com a implantação do novo Peiex, com investimentos de R$ 1,5 milhão e a promessa de mais um R$ 1 milhão a serem obtidos através de emenda parlamentar do deputado federal Vitor Lippi (PSDB).
“Como o França (Márcio França) bem lembrou, a Embraer não existiria se não fosse a exportação. Tem indústrias que não sobreviveriam só do mercado interno. Tem que exportar ou morrer. Esta é a missão da Apex, promover o Brasil lá fora e atrair investidor. O Brasil é já é o quinto receptor de investimentos do mundo. Vamos conquistar mercado para exportar e atrair investidores”, concluiu.
Peiex dá atendimento personalizado e gratuito
O Programa de Qualificação para Exportação (Peiex) da ApexBrasil oferece atendimento individualizado para empresas brasileiras se prepararem para o mercado internacional. A qualificação é realizada gratuitamente por uma equipe de especialistas em comércio exterior em formato on-line ou presencial, a partir dos núcleos do programa em cada cidade.
Na região de Sorocaba, o Núcleo Peiex tem sido executado desde 2016 pela Athon, instituição de ensino superior local. Este será o terceiro convênio da ApexBrasil com a instituição para a execução do programa. No total, mais de 350 empresas da região já foram qualificadas pelo Núcleo. O objetivo do novo ciclo é qualificar mais 150 empreendimentos por meio do programa, alcançando, ao todo, 500 atendimentos.
Balanço
De acordo com a assessoria de comunicação do Ministério da Indústria, em 2022 foram executados 33 convênios, através dos quais o Peiex atendeu e qualificou 3.522 empresas, nas cinco regiões do país. Desse total de empresas: 67% (2.380) estão na categoria de micro e pequenas empresas (MPEs); 516 exportaram, com valor total de US$ 1,62 bilhões. Essas 516 empresas exportaram produtos de 18 segmentos em 2022, com destaque para: Alimentos e Bebidas (57%), Produtos Agropecuários (22%), Moda, Higiene Pessoal e Cosméticos (13%), Máquinas e Equipamentos, Aparelhos e Materiais Elétricos (2,9%) e Madeira, Móveis e Outras Manufaturas (1,5%).
Os impactos do Peiex na cultura exportadora de Sorocaba são claros: em 2015, ano imediatamente anterior ao início do programa na região, Sorocaba exportou US$ 1,11 bilhão. Já em 2022 o valor das exportações chegou a US$ 2,19 bilhões, um aumento de 90%. Destaca-se ainda que as exportações sorocabanas possuem inovação e tecnologia embarcada. A indústria automobilística local lidera a pauta exportadora, fazendo com que vários fabricantes sistemistas também ampliem suas vendas internacionais.
De acordo com Jorge Viana, o Peiex impulsiona o crescimento econômico das empresas, dos estados e do país. “O Peiex atende milhares de empresários no Brasil inteiro, preparando as empresas, sobretudo de pequeno e médio porte, para ingressarem no mercado internacional. O objetivo da ApexBrasil com esse programa é mostrar aos empreendedores que a exportação é um caminho possível, é um fator de competitividade e que gera desenvolvimento e riqueza para a empresa e para o país”, enfatizou Viana.