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Agora é a Funserv que está na mira da terceirização, diz presidente da entidade

"Tem gente que acha que não precisa licitação, que é só negociar. Meu estilo não está agradando certas pessoas", afirma Silvana Chinelatto

João Maurício da Rosa (Portal Porque)

Silvana criou um canal de comunicação para informar aos servidores sobre a tentativa de colocar a seguridade municipal nas mãos de empresas privadas. Fotos: Reprodução redes sociais/Paulo Andrade

A presidente da Funserv (Fundação da Seguridade Social dos Servidores Públicos Municipais de Sorocaba), Silvana Chinelatto, publicou vídeo, sábado (24), no Facebook, denunciando, sem mencionar nomes, que foi convidada para uma reunião visando à terceirização do órgão.

Segundo ela, ao recusar o convite, passou a ser perseguida. “Sabe o que acontece quando a gente diz não para as coisas? As pessoas tentam tirar a gente do caminho. Tentam atrapalhar o serviço da gente, tentam denunciar a gente”, comentou Silvana no vídeo, lembrando que a Funserv foi denunciada por peculato e improbidade, mas que as denúncias foram apuradas e deram resultado negativo.

Em entrevista por telefone nesta segunda-feira (26), Silvana disse que sua publicação é uma manifestação de suas opiniões pessoais e não as da presidente da Funserv. Segundo ela, o vídeo foi motivado por conversas que se proliferam nos bastidores do serviço público municipal e tal proliferação é fomentada pela aproximação da eleição para a troca de diretoria em 1º de abril de 2024.

“Até o ano passado a Funserv tinha vários problemas e muita gente querendo ajudar. Agora, estranhamente, tem muita coisa desagradável acontecendo, (a diretoria) vem sofrendo muito boicote, inclusive denúncias”, comenta ela. “Para quem não me conhece, hoje estou lá como presidente, mas já fui vice-presidente por cinco ou seis gestões num grupo que trabalhou muito para criar a Funserv neste modelo que ela é hoje”, emendou.

Pelo atual modelo, os servidores de todas as idades pagam um percentual de seu salário por serviços de saúde equivalentes aos oferecidos por planos de saúde privados, com direito a consultas, exames e cirurgias com internações hospitalares em quarto particular. “O nosso trabalho tem sido este, para brigar por este tipo de modelo. São servidores cuidando dos interesses dos servidores. Você gostaria que a Funserv fosse terceirizada? Que ela fosse vendida? Para um único prestador ganhar todo o nosso dinheiro? Você acha que este prestador vai fazer um bom serviço? Seria bom ser terceirizada por empresa com fins lucrativos?”, questiona Silvana em seu Facebook.

Jornal da Câmara

Conforme a presidente analisa, está em curso um processo para desmoralizar a atual diretoria por meio de denúncias infundadas. Embora não dê nome aos bois, na mesma página do Funserv no Facebook há publicação de entrevista do vereador Professor Salatiel, ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Sorocaba, defendendo um novo modelo de gestão no órgão.

Na entrevista, dada ao Jornal da Câmara há uma semana, o vereador diz que há falta de planejamento e de gestão na atual diretoria. “Falta de planejamento e falta de gestão do dinheiro, não pode ter R$ 30 milhões para emergência e depois zerar esta reserva sem planejamento. O que eu tenho feito desde ano passado é levantar as contas, valores… Apresentei ofícios para renegociar valores de exames extremamente altos, alguns chegando ao preço de particular… Então é um momento muito difícil porque precisa da assistência à saúde e não está correspondendo à altura do que ele paga”, comenta o vereador em trecho da entrevista.

“O primeiro processo é tentar desmoralizar as pessoas. Como não conseguem, partem para dizer que a gestão é ruim”, comenta Silvana. De acordo com ela, desde 2020, com o advento da pandemia de covid-19, todos os preços subiram e a gestão vem lutando para conseguir manter os serviços oferecidos com a mesma qualidade.

“A gente tem mais de mil prestadores de serviço, você escolhe. O servidor anda incomodado por conta da readequação que estamos fazendo de nossos prestadores. Alguns não estão mais atendendo porque decidiram romper, pois estamos brigando por preços melhores através de licitação, por meios de canais lícitos. Muitas empresas procuram a Funserv atrás de um contrato de exclusividade por preços menores. Tem gente que acha que não precisa licitação, que é só negociar. Meu estilo não está agradando certas pessoas. Quando a gente fala não, elas não gostam muito. Estou fazendo o melhor que posso dentro daquilo que é justo e honesto em prol dos servidores”, comenta ela.

Silvana diz que o maior problema da Funserv é a falta de funcionários ocasionada por aposentadorias que não foram repostas desde 2020. “Só agora, depois de um ano, estamos conseguindo abrir concurso para contratar em torno de 20 pessoas. Muita coisa não funciona por falta de funcionário. A Funserv está sendo boicotada há mais de um ano. Há mais de uma semana a gente tentou publicar (edital do concurso). Não tem gente para atender ao telefone. Não tem servidor para emitir a guia (para procedimentos médicos)”, queixa-se.

A presidente calcula que em meados da semana que vem a Funserv estará divulgando edital para a realização do concurso e que parte dos problemas será solucionada com a reposição do quadro de servidores. Quanto aos demais problemas, ela prosseguirá fornecendo orientação aos servidores através de vídeos no Facebook . “Estaremos fazendo vídeos institucionais para que você possa fazer opção, mas com conhecimento de causa. Então os vídeos estarão chegando para vocês, façam adesão aos grupos de whats ou vejam pelo YouTube ou acessem através do site. Aqui vai falar o que a Silvana quiser falar, a Funserv vai se comunicar com vocês”, ressalta ela.

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