
Adolescentes tiveram acesso livre às bebidas alcoólicas, vendidas em “copões”, durante todos os shows. Foto: Portal Porque
O discurso do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), que sempre ressalta a proibição às bebidas alcoólicas em eventos oficiais, está sendo solenemente ignorado na Festa Julina de Sorocaba — e, o que é pior: copões de bebidas alcoólicas estão sendo vendidos livremente, no recinto da festa, para menores de 18 anos, o que é proibido por lei.
Após receber diversas denúncias de frequentadores da festa, segundo os quais houve inclusive muitos casos de adolescentes que passaram mal durante os shows e precisaram ser socorridos, por ingestão excessiva de álcool, o Portal Porque deslocou uma equipe de reportagem para o evento no domingo, 23, à noite e comprovou: é tudo verdade.
No domingo (23), quando apresentações mais interessantes para os adolescentes subiram ao palco, a reportagem do Porque pôde constatar que a história contada pelos leitores não continha nenhum exagero. Formado, em sua grande maioria, por adolescentes, o público que acompanhou as apresentações de rap dos MCs Ryan e Paiva, além das apresentações dos DJs Bruno Prado e Biel Beats, conforme programação da Festa Julina de Sorocaba, consumia livremente bebidas alcoólicas no recinto de shows.
Os chamados “copões”, bebida feita com vodca, uísque ou pinga com frutas, prenominavam nas mãos da galera, sendo vendidos livremente para qualquer pessoa que pudesse pagar entre R$ 50 e R$ 70 pelo produto. Além dos “copões”, também eram vendidas latinhas de cervejas, sem nenhum tipo de restrição, para menores de idade.
Os mais ousados aproveitavam o clima de “liberou geral” para enrolar e fumar cigarros de maconha sem pudores. A mãe de uma adolescente de 15 anos, que levou a filha e outras duas amigas para curtir os shows, ficou espantada com o cheiro de maconha que chegava até a área vip onde estava. “Eu trago ela para que saiba o que acontece num show desse e para saber se defender, dizer não às drogas”, disse a mãe.
Os jovens também usavam os cigarros eletrônicos, proibidos desde 2009 no Brasil, conforme resolução da Anvisa. A proibição inclui a comercialização, a importação e a propaganda desse tipo de cigarro.
A reportagem constatou ainda mães muito jovens com bebês durante o show. Uma menina carregava uma bebezinha de dois meses e uma outra, um bebê de cinco meses, entre as pessoas que pulavam ao som da música em alto volume.
Apesar da presença de seguranças entre o público, além de bombeiros civis e de uma ambulância, não houve nenhum tipo de ação para coibir o consumo de drogas lícitas ou ilícitas. A revista feita na entrada da festa estava “pegando leve”, sem revistar bolsos ou sapatos, locais onde as drogas podem passar despercebidas. Também não havia detectores de metal na entrada.
Participação dos leitores
Os fatos que originaram a presença da reportagem do Porque na festa chegaram pelas redes sociais. O Porque reitera que está sempre receptivo à participação das pessoas, com contribuições para matérias e sugestões de pautas para reportagens.
“Estive no evento domingo, dia 16, e fiquei horrorizada com a falta de atendimento médico. É inaceitável um evento daquele tamanho com tantos adolescentes passando mal de tanta bebida alcoólica que estava sendo vendida sem critério algum durante o show e ter apenas uma ambulância pra atender”, relatou uma leitora.
“Vi jovem convulsionando e sendo carregado de cabeça pra baixo pelo segurança do evento, pois não tinha uma maca pra socorrer. Os cantores pararam o show por mais de cinco vezes porque tinha alguém na multidão passando mal e o atendimento demorava muito pra chegar”, complementou.
A Secretaria de Comunicação da Prefeitura não atende ao Portal Porque para prestar esclarecimentos. Ainda assim, o espaço segue aberto, caso o Governo Manga queira se manifestar.