Busca

A conta chegou: drenos clandestinos do Saae espalham mau cheiro por toda cidade

Vitória Régia é um, dentre muitos bairros onde o mau cheiro torna a vida insuportável. Fedor está associado ao despejo ilegal de esgoto doméstico em córregos e galerias de águas pluviais, em pontos de estrangulamento da rede

Fabiana Blazeck Sorrilha (Portal Porque)

Richard e Almir contam sobre como é conviver com o mal cheiro que toma conta das ruas do Vitória Régia. Foto: Renata Rocha.

  • Noely Amaro, do Vitória Régia 2 com casa próxima ao córrego, o cheiro é mais forte. FOTO: Renata Rocha
  • Ajane Gleice Alves dos Santos: "cheiro incomoda muito". FOTO: Renata Rocha
  • Para Amanda da Cruz, o cheiro parece vir do ralo. FOTO: Renata Rocha
  • A casa de dona Durvalina Bueno está ao lado da água com esgoto que escorre pela rua. FOTO: Renata Rocha
  • Água suja e esgoto corre pela rua Dr. Heitor Ferreira Prestes, no Vitória Régia 3. FOTO: Renata Rocha
  • Richard e Almir contam sobre o cheiro de esgoto que toma conta da rua. FOTO: Renata Rocha

Bastou um post publicado nas redes sociais do jornal Z Norte, no domingo (20), para cerca de 300 pessoas reclamarem do forte mau cheiro que toma conta de diferentes regiões da cidade. São moradores de bairros como o Vitória Régia, Jardim dos Alpes, Parque São Bento, Jardim Santa Bárbara, Campolim, Santa Marta e tantos outros que têm em comum a indignação por terem de aguentar o fedor diariamente, dentro das próprias casas.

As queixas dos moradores vão ao encontro da denúncia feita ao Portal Porque por funcionários do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), sobre drenos clandestinos que vêm sendo instalados pela própria autarquia em pontos de estrangulamento da rede de esgoto, para despejar em córregos e galerias de águas pluviais (água da chuva) grande parte do esgoto doméstico.

O crime ambiental vai contra todos os preceitos de uma cidade que já foi conhecida como um município “Verde Azul”. Segundo os funcionários do Saae que denunciaram a prática que foram obrigados a adotar, o uso desses drenos, chamados tecnicamente de extravasores, vem sendo adotado de maneira sistemática para evitar entupimentos em pontos de saturação da rede. “Em vez de fazer o certo, que seria trocar a tubulação por uma de diâmetro maior, o Saae passou a instalar essas gambiarras por toda a cidade”, relatou um dos funcionários.

Com isso, o meio ambiente e a população têm pagado a conta, sentindo o cheiro do esgoto que vai para os córregos e galerias. Conviver com o mau cheiro faz parte da vida do Admir Mendes de Queiroz, hoje aposentado, mas que já foi um voluntário da Defesa Civil de Sorocaba, atuando como coordenador da Zona Norte. Atualmente ele mora na rua Dr. Heitor Ferreira Prestes, Vitória Régia 3, e está há 34 anos no Vitória Régia. “O esgoto sobe, o cheiro vem. E quando chove, alaga tudo, com água e sujeira”, conta. Admir conta que já pediu várias vezes à Prefeitura que a rua seja elevada e, dessa forma, pare de ver o esgoto voltando.

Essa é a mesma opinião do autônomo Richard Fernando Machado dos Santos, que estava próximo do Admir e já morou no bairro. “Aqui sempre cheirou mal. Morei aqui 15 anos e sempre a mesma história. A casa da minha avó só não alagava porque a rampa para entrar é alta”, comenta. Richard fala apontando para a rua, onde há uma galeria de águas pluviais exalando um cheiro forte.

Na rua Antonio Gatto da Fonseca, no Vitória Régia 2, a dona de casa Amanda Paulo da Cruz relata o mesmo problema, com um agravante: ela também sente que o cheiro está dentro da sua casa. “Parece que o fedor sai do ralo de casa, perto da cozinha. Quando vem gente em casa, as pessoas sentem o cheiro. Quando chove, o esgoto já voltou pelo ralo”, reforça. Amanda mora no bairro há 5 anos e percebeu que o problema piorou bem de um tempo para cá. “Nunca recebemos informação da Prefeitura sobre o porquê desse cheiro”, reclama. As vizinhas de Amanda, Ajane Gleice Alves dos Santos e Noely Amaro, que é manicure, concordam com a amiga. “É um cheiro que vem forte e incomoda muito”, diz Gleice.

Esgoto por toda a cidade

Não é a toa que os moradores do Vitória Régia têm convivido com o cheiro de esgoto. Segundo a denúncia dos servidores do Saae, no bairro existem diversos drenos em operação. Algumas das ruas citadas por eles são a Pedro Nolasco de Campos, a Antonio Silva Saladino e a Rosa de Oliveira Leite. Também há extravasores, de acordo com a denúncia, nas próprias estações elevatórias de esgoto, que, ironicamente, fazem parte do sistema de despoluição do rio Sorocaba.

A denúncia dos drenos clandestinos também inclui os seguintes bairros: Barcelona, Vila Sabiá, Parque São Bento 2, Parque das Laranjeiras, Jardim Santo André, Jardim Guadalupe, Wanel Ville 2, Jardim Itanguá, Jardim Leocádia, Jardim Mathilde, Jardim Piratininga, Jardim do Sol, Jardim Europa, Jardim Refúgio, Jardim Santa Lúcia, Vila Assis, Pinheiros, Bairro dos Morros, Jardim Itapemirim, Parque São Bento, Jardim Marli, Vila Mineirão, Jardim São Carlos, Nova Esperança e Brigadeiro Tobias, entre outros. A maioria dos bairros listados são, justamente, onde moradores reclamaram nas redes sociais do jornal.

“Sorocaba está inteira, onde tem córrego, fedendo a esgoto! Anos de gambiarras… Uma hora a conta vem”, comentou um dos funcionários do Saae que denunciaram a rede de extravasores instalada clandestinamente, pela própria autarquia, por toda a cidade.

Leia também, sobre este assunto:

Funcionários do Saae denunciam drenos clandestinos de esgoto por toda a cidade

mais
sobre
Crime ambiental despejo de esgoto Prefeitura de Sorocaba Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) VITÓRIA RÉGIA
LEIA
+