
O oba-oba dos políticos locais sai caro para os cofres do município; uma placa de Título de Cidadão como a exemplificada nesta imagem, por exemplo, custa R$ 720,50. Foto: Divulgação/Câmara de Sorocaba
A Câmara de Sorocaba aprovou, na sessão desta terça-feira (25), a concessão de um Título de Cidadão Emérito ao vereador Cristiano Passos (Republicanos). A homenagem foi proposta pelo colega Dylan Dantas (PSC), que já recebeu o seu próprio Título de Cidadão, no fim de 2021, proposto, justamente, por Cristiano Passos, numa verdadeira troca de honrarias.
Além dos dois parlamentares, Vinícius Aith (PRTB) também foi agraciado com um Título de Cidadão nesta legislatura, por iniciativa do presidente da Câmara, Cláudio Sorocaba (PL), em outubro de 2021. Já em 9 de dezembro do mesmo ano, foi a vez de o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) ganhar a honraria, por obra de Fernando Dini (MDB).
As auto-homenagens propostas pelos vereadores sorocabanos já viraram uma das marcas da atual Legislatura. Os parlamentares têm usado as honrarias concedidas pela Câmara Municipal para adicionar uma linha a seus currículos e para produzir material de divulgação política.
Além das auto-homenagens, também é comum a concessão de Títulos de Cidadão e outras honrarias, como medalhas e diplomas, para políticos e lideranças sociais amigas. Ainda na sessão desta terça, por exemplo, Luis Santos (Republicanos), que é pastor evangélico, aprovou um Título de Cidadão Sorocabano ao colega pastor Sebastião Ponciano Camilo.
Aliás, em 2021, ele e Aith foram autores de dois projetos que geraram polêmica na cidade e que resultaram na concessão de títulos de Cidadão Sorocabano para o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e para o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL).
Dinheiro público
As homenagens que têm se prestado somente ao oba-oba político dos vereadores saem caro para os cofres do município. Uma placa de Título de Cidadão, por exemplo, custa R$ 720,50. No dia 11, a Câmara de Sorocaba abriu nova licitação para comprar mais placas de homenagem, com valor estimado de quase R$ 55 mil. Ao todo, são 98 placas de quatro modelos, com preço médio unitário de R$ 550 (leia mais).
Outra despesa gerada pelas homenagens é com a compra de medalhas. Só no ano passado, conforme revelou o Portal Porque, a Câmara de Sorocaba gastou R$ 43,6 mil com a compra de insígnia para o oba-oba político (leia mais).
Na semana passada, no dia 18, após uma série de reportagens críticas publicadas pelo Porque, a Câmara de Sorocaba desistiu de criar mais uma medalha (leia mais).
Produtividade
Com exceção dos Títulos de Cidadão do vereador Cristiano Passos e do pastor Sebastião Ponciano Camilo, os vereadores só aprovaram de forma definitiva, na sessão legislativa desta terça-feira (25), a concessão de medalhas “Rui Barbosa” para dois advogados da cidade, Waldir Pereira Lopes Junior e Nilton Cezar.
Os parlamentares também aprovaram três projetos em primeira discussão e que devem voltar à pauta na sessão desta quinta-feira (27). As propostas tratam das novas regras para emplacamento e numeração de imóveis; da declaração do Mosteiro de São Bento como Patrimônio Cultural de Sorocaba e da limpeza obrigatória das áreas de torres de distribuição de energia pelas empresas concessionárias.
Prefeito perde mais um veto
Já o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) teve mais um veto derrubado pelos vereadores, durante a sessão desta terça. Embora possua ampla maioria da Câmara em sua base aliada, ele foi derrotado em todos os cinco vetos apresentados este ano referentes a projetos anteriormente aprovados no Legislativo.
Desta vez, o projeto vetado dava o nome do professor Wanderlei Acca à escola municipal da Vila Assis, iniciativa de Fernando Dini. Segundo o Executivo, o veto foi motivado “por razões de interesse público”, uma vez que a escola já possui denominação de Rotary Leste, “entidade muito respeitada na cidade”.
Assim como tem ocorrido com frequência, o próprio líder do Governo, João Donizeti (PSDB), se posicionou contra o veto de Manga, enaltecendo a figura de Acca como símbolo na área de educação e referência para Sorocaba, sendo, portanto, merecedor da homenagem.
Em seguida, Dini disse que respeita as homenagens e que nunca substituiria uma denominação de um próprio, mas que, nesse caso, não se trata de um nome de pessoa. “Foram 42 anos destinados ao ensino”, destacou Dini sobre Acca.