Vereadores da base aliada se rebelaram durante a sessão de hoje da Câmara e dispararam duras críticas contra o que chamam de “promessas não cumpridas” do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos). A maior parte das críticas se concentrou no programa “Prefeitura de bairro em bairro”, uma espécie de caravana em que o prefeito circula pela cidade dizendo que vai resolver os problemas. Segundo os vereadores da própria base aliada, as promessas de Manga não se concretizam e os parlamentares acabam ficando mal diante da população.
Um dos mais revoltados, Rodrigo do Treviso (União Brasil) contou que levou Manga para o bairro do Sol Nascente, em outubro. Diante dos moradores, Manga prometeu que ia construir uma área de lazer e arrumar a ponte. Oito meses depois, a ponte continua quebrada e a área de lazer ficou na promessa. “E eu soube que amanhã ele vai com outro vereador no mesmo bairro. Vai fazer as mesmas promessas que fez em outubro… Não dá pra eu passar de trouxa do prefeito! Estou indignado, mas a população vai ficar sabendo, vou passar de porta em porta para denunciar as promessas não cumpridas. Mesma coisa ocorreu no Terminal Santo Antônio. Fui com o prefeito, ele prometeu ônibus novos para a zona norte, venceu o prazo e nada”, relatou Treviso.
Já o vereador Fernando Dini (MDB) contou que participou de três eventos do “Prefeitura de bairro em bairro”, em que Manga, segundo ele, “inaugurou o início de obras”. Dini relatou como ocorre esses eventos: “O prefeito vai no bairro, todo mundo bate palma, ele pergunta para o secretário tal: quando começa a obra? 30 dias, responde um, e a população bate palma. Aí pergunta para o secretário tal: quando termina a obra? 60 dias. E a população bate palma. Depois acaba e nada acontece. O prefeito vai aos bairros, é recepcionado como o melhor prefeito da Via Láctea, mas não retribui todo o carinho que recebeu. A pista de skate da Vila Haro, por exemplo, não saiu e a Prefeitura até removeu a placa da obra que estava com o prazo vencido”, detalhou Dini.
Vinícius Aith (PRTB), um dos vereadores mais próximos de Manga, também reclamou das promessas não cumpridas. “Passei por isso no Jardim Dois Corações. Há nove meses, levei o prefeito lá, ele prometeu revitalizar o mirante, que está abandonado, disse que ia fazer até um playground… Mas até agora nada, o mirante está lá, cheio de sujeira, com usuários de drogas… Sou da base do governo, mas não posso deixar de ver os problemas da população. As pessoas nos cobram, mas nem os vereadores conseguem uma resposta satisfatória [da Prefeitura]”, disse Aith.
Já o vereador Vitão do Cachorrão (Republicanos) reclamou da demora da Prefeitura para dar um retorno aos projetos da Câmara considerados inconstitucionais por vício de origem. “Tenho um monte de projetos aguardando um retorno, mas a resposta não vem. Meu projeto [que estava em discussão no momento] estabelece limite para a cobrança de taxa de condomínio nos residenciais populares. Falei sobre ele no Carandá, o Manga estava do meu lado e disse que minha proposta era brilhante, vibrou junto com a população do Carandá. Agora quero ver se ele vai encampar meu projeto [que precisa ser de iniciativa do Executivo]”, disse Vitão, propondo para os colegas que a Câmara estabeleça um prazo para o prefeito se manifestar sobre os projetos inconstitucionais. Rodrigo do Treviso também reclamou da falta de retorno do Executivo e disse que teve projetos que ficaram um ou dois anos à espera de uma resposta, mas que depois foram apresentados como se fossem do prefeito.
Sobre as promessas não cumpridas, o vice-líder do Governo Manga na Câmara, pastor Luis Santos, tentou justificar que a atual administração recebeu “uma herança pesada” das gestões anteriores e que o prefeito tem se empenhado para resolver os problemas da cidade. Luis Santos falou que, com o “Prefeitura de Bairro em Bairro”, Manga inaugurou uma dinâmica positiva, mas onde vai encontra muitos problemas. “Ele cobra os secretários, mas tem as limitações”, argumentou.