
Da sacada, Bolsonaro chegou a comentar que “não tem como a gente não ganhar no primeiro turno”. Entretanto, todas as pesquisas eleitorais dizem o contrário, registrou o jornal inglês The Guardian. Foto: Reprodução Twitter
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves proibiu o presidente Jair Bolsonaro de utilizar, em sua campanha eleitoral, imagens do discurso feito na embaixada do Brasil em Londres, no domingo, 18. A decisão liminar (provisória) do ministro, também corregedor-geral da Justiça Eleitoral, saiu na noite de ontem, 19. E atende pedido da senadora Soraya Thronicke (UB), candidata à Presidência, que alegou abuso de poder político e econômico por parte de Bolsonaro.
Na liminar, Gonçalves determinou ainda a remoção de vídeos publicados em uma rede social do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O filho do presidente divulgou falas de Bolsonaro no prédio público da capital inglesa. O mandatário esteve em Londres no domingo e nesta segunda para participar do funeral da rainha Elizabeth 2ª. Num país em luto, Bolsonaro usou a viagem para fazer comício eleitoral e gravar vídeos para sua campanha. Na ocasião, o candidato atacou o sistema eleitoral e também o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O comportamento do presidente repercutiu negativamente entre cidadãos britânicos e imprensa internacional. Da sacada, Bolsonaro chegou a comentar que “não tem como a gente não ganhar no primeiro turno”. Entretanto, todas as pesquisas eleitorais dizem o contrário, registrou o jornal inglês The Guardian.
Uso indevido, diz TSE
Para o ministro do TSE, houve de fato uso indevido da embaixada. Segundo ele, há elementos suficientes para concluir que o acesso, “por força do cargo de Chefe de Estado, teve uso em proveito da campanha. A repercussão do vídeo na internet, com mais de 49.000 (quarenta e nove mil) visualizações, demonstra que o alcance do ato não se restringiu ao pequeno grupo presente no local”, destacou.
“Após poucos segundos de condolências à família real, a sacada foi convertida em palanque, para exaltação do governo e mobilização do eleitorado com objetivo de reeleger o candidato”, completou o corregedor eleitoral.
Gonçalves também acrescentou que Bolsonaro feriu a isonomia entre candidatos e candidatas da eleição presidencial ao explorar sua posição, “em ocasião inacessível a qualquer dos demais competidores, para projetar a imagem do candidato”. Uma vantagem, de acordo com o ministro, não autorizada pela legislação eleitoral. “É preciso cessar os impactos anti-isonômicos do aproveitamento das imagens do discurso na Embaixada em favor das candidaturas dos investigados”, concluiu o corregedor-geral.
Ainda em Londres, os próprios britânicos perderam a paciência com a falta de compostura, ignorância e incivilidade do bolsonarismo. Em situação ainda mais bizarra, a polícia de Londres teve de ajudar os jornalistas Laís Alegretti e Giovanni Bello, da BBC Brasil, em Londres, a se afastarem de apoiadores de Bolsonaro.