Busca

Sem receber do Governo Manga há dois meses, CIM Mulher vai à Câmara pedir verba

Fundadora da ONG que abriga mulheres vítimas de violência doméstica diz que nunca viu uma administração dar tão pouca atenção aos parceiros na assistência social

Paulo Andrade (Portal Porque)

Cíntia de Almeida é diretora da instituição que existe há 26 anos: pedido de emenda entregue aos vereadores. Foto: Paulo Andrade/Portal Porque

A fundadora do CIM (Centro de Integração da Mulher) de Sorocaba, Cíntia de Almeida, esteve na Câmara, nesta terça-feira (5), pedindo emendas parlamentares para que a instituição possa continuar atendendo e abrigando mulheres e seus filhos vítimas de violência doméstica. Segundo ela, a entidade de assistência social está sem receber repasses da Prefeitura desde julho.

Cíntia comentou que o CIM Mulher é conveniado à Prefeitura de Sorocaba desde 1998. Por outro lado, afirma que nunca viu tanto descaso quanto do atual governo com as parceiras da área de assistência social.

“Somos contratados como ONG do terceiro setor e nem recebemos muito. O repasse hoje é de aproximadamente R$ 35 mil por mês para atender, mensalmente, cerca de 20 famílias. Temos despesas com médico, remédios, refeições aos assistidos, funcionários. Esse dinheiro faz falta”, afirma.

Desde a fundação, em 1997, até o fim 2022, o CIM Mulher já havia atendido mais de 123 mil famílias. Cíntia explica que esse número pode até ser maior, pois um funcionário “sumiu” com parte dos registros de atendimentos de 1997 a 2006. Somente em 2017 a instituição assistiu, apoiou, orientou e acolheu 6.656 vítimas de agressões.

Pioneiros

A presidente do CIM Mulher diz ainda que, com 26 anos de existência, a instituição é pioneira nesse tipo de atendimento no Brasil. “Tivemos origem em um projeto de lei da vereadora Iara Bernardi (PT), aprovado em 1992 [Lei 3925/92] que previa a instalação de casas abrigo para mulheres vítimas de violência na cidade”, lembra.

Ainda conforme Cíntia, o trabalho de atendimento à mulher em Sorocaba também é pioneiro, pois foi a primeira cidade do Brasil a receber uma DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), antes da lei da Iara Bernardi.

Ela recorda que as mulheres agredidas iam para a DDM e depois não tinham para onde ir, pois não podiam mais viver na casa do agressor. A lei de 1992, segundo Cíntia, veio para ajudar nesse sentido. “Mas havia políticos que não davam importância para o atendimento à mulher, achavam que esse tema não iria vingar, até que eu e outras mulheres de Sorocaba, inclusive a própria Iara Bernardi, fundamos o CIM Mulher em 1997”, explica.

Ampliação em 2014

A partir de 2014, com a criação da Região Metropolitana de Sorocaba, o CIM Mulher passou a atender as 27 cidades. A procura por apoio e abrigo em caso de agressão foi crescendo e hoje pessoas e famílias de 57 municípios buscam a instituição. No entanto, 80% dos atendimentos continuam voltados a Sorocaba.

Também desde 2014, o CIM Mulher tem um programa de atendimento aos agressores, cujo objetivo é evitar a reincidência e conscientizar os homens que cometem o crime, previsto na Lei Federal Maria da Penha, sancionada em 2006.

O nome desse serviço, que é classificado legalmente como OSC (Organização da Sociedade Civil), chama-se Centro Especializado de Reabilitação do Autor de Violência Doméstica.

Como ajudar

Os interessados podem fazer doações ao CIM Mulher por Pix (QR Code) ou transferência bancária. Para isso, basta clicar na aba “Como ajudar” na página da instituição na internet. A atual presidente da instituição é Sílvia Matilde Paschoal, que assinou os pedidos de emendas entregues aos vereadores.

Cíntia de Almeida continua na direção emérita do CIM Mulher. Ela foi vereadora entre 2000 e 2005 e também foi secretária de Assistência Social de Sorocaba pouco mais de dez anos depois de ser vereadora.

mais
sobre
Câmara Municipal CIM Mulher Cíntia de Almeida combate à violência contra a mulher violência doméstica
LEIA
+