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Reunião de estreia da CPI governista dura 2 minutos e constrange vereadoras

Presidente da comissão apenas leu uma lista de documentos que vai solicitar à Prefeitura e se retirou da reunião, sem decidir se as vereadoras de oposição poderão ou não participar das investigações

Paulo Andrade (Portal Porque)

A primeira reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Câmara de Sorocaba, formada apenas por aliados do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), foi realizada nesta quarta-feira (4) e não durou mais que dois minutos. As vereadoras de oposição, Iara Bernardi (PT) e Fernanda Garcia (Psol), compareceram e queriam participar da reunião, mas os vereadores aliados do prefeito se retiraram da sala, deixando as parlamentares sozinhas.

A CPI foi instalada pela base aliada do prefeito para investigar as relações do Governo Manga com a família do ex-diretor da Urbes, Jorge Domingos Hial, que tem R$ 32 milhões de contrato com a Prefeitura. O objetivo dos vereadores aliados com a comissão é impedir que a oposição abra a CPI.

Logo no início da reunião desta quarta, Fernanda e Iara pediram para o presidente da CPI, Cristiano Passos (Republicanos), oficializar a participação delas na comissão. Mas, nesse momento, todos os membros da situação levantaram da mesa. Após a reunião, o procurador da Câmara, Almir Ismael Barbosa, disse às vereadoras que foi passada para o jurídico da Casa a incumbência de autorizar ou não a participação delas.

“Isso só prova que é uma CPI chapa branca. Eu e a vereadora Fernanda queremos participar para dar um mínimo de respeitabilidade a isto [investigação]. Caso contrário, só a base de apoio do prefeito na Câmara que vai investigar o próprio prefeito”, disse Iara ao Portal Porque.

“A postura do presidente [da comissão] foi totalmente autoritária. Ele poderia deliberar a nossa participação na CPI, mas preferiu encaminhar de maneira burocrática ao jurídico. Por que ? Se nós também somos vereadoras”, avalia Fernanda.

Documentos solicitados

Durante os dois minutos de reunião, Cristiano Passos elencou uma série de documentos relacionados ao caso família Hial que iria solicitar ao Executivo. Alguns deles são: cópia da licitação para manutenção dos terminais São Paulo e Santo Antônio, cópia do processo de contratação de pintura e recuperação de viadutos; todos realizado pela empresa Brita Forte.

Também serão solicitados todos os documentos, de janeiro de 2001 até o início de outubro, relacionados a contratos do Executivo com as empresas AJG, Brita Forte e Fun Ville; cópias de contratos emergenciais relacionados à saúde e para realização da festa junina de 2023.

O Executivo terá 15 dias para encaminhar a documentação à CPI. Vencido esse prazo, a comissão volta a se reunir.

Reunião fechada e desculpas

Terminada a reunião de forma abrupta, o vereador Cristiano chamou as vereadoras para uma conversa na Secretaria Jurídica da Câmara. Além dos três, participou dessa conversa o vereador Rodrigo do Treviso (União), o único a permanecer na mesa após os demais governistas saírem.

Rodrigo disse ao Porque que até ele “estranhou” a forma repentina como a reunião foi encerrada, deixando de responder questionamentos das vereadoras. Na saída da conversa privativa na Secretaria, as vereadoras informaram à reportagem que Cristiano prometeu dar resposta à participação delas na CPI em uma reunião antes da sessão ordinária da Câmara nesta quinta (5), às 9h.

As vereadoras disseram ao Porque que o vereador pediu desculpas pelo comportamento no final da primeira reunião da CPI. Fernanda Garcia frisou que só aceita desculpas públicas, visto que o desrespeito a elas aconteceu de forma pública, com cobertura da imprensa.

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