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Promessa de Manga sem consulta à categoria revolta auxiliares de educação

Medida da Secretaria de Educação é válida para este mês e foi divulgada após repercussão negativa da mudança na oferta de ensino integral para parcial em algumas unidades de educação infantil. Sindicato classificou ação da pasta como “arbitrária”.

Maíra Fernandes

Em uma manobra para driblar a repercussão negativa de casos de denúncias de mudança da oferta do ensino integral para parcial nas unidades de educação infantil do município, motivada por falta de profissionais da educação, o governo de Rodrigo Manga (Republicanos) emitiu um comunicado nesta quarta-feira, 03, autorizando que auxiliares de educação trabalhem por duas horas a mais neste mês de agosto. A medida, no entanto, não agradou os profissionais, que já vem denunciando esgotamento por excesso de trabalho.

De acordo com o comunicado, assinado pelo secretário de Educação, Márcio Bortolli Carrara, exclusivamente neste mês, fica autorizado o pagamento de horas extras para os auxiliares de educação que se propuserem a trabalhar até duas horas a mais, sem exceder esse total no dia.

Assim, a proposta do governo para os profissionais que já tem um histórico de lutas para diminuir a carga horária original do cargo que era de 8h por dia para 6h, por conta de excessivo esgotamento físico e mental, regridam em sua conquista e voltem, pelo menos neste mês, a trabalhar em regime de exaustão.

Na justificativa, o secretário afirma que a necessidade de horas extras neste mês se dá para cobrir lacunas de faltas diárias de auxiliares, bem como matrículas garantidas por meios judiciais.

Auxiliares de educação ouvidos e que terão a identidade preservada, repugnaram a posição da Sedu, que ao dizer “autorizar” o pagamento das horas extras, sugestiona que esses auxiliares trabalhem mais, para compensar a falta de profissionais na grade municipal de educação. A posição desse grupo de auxiliares é não acatar a sugestão do município, e não exceder a jornada de trabalho oficial, que são de 6 horas diárias, considerando, ainda, que tal medida não foi discutida com os profissionais interessados.

TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADE

Com essa manobra, reiteram eles, o governo acaba por transferir a “culpa” de as unidades não abrirem em período integral para os auxiliares de educação que não aceitaram realizar a hora extra, ou seja, “maquiando” a real situação de déficit de pessoal na educação. “Achamos isso uma inconsequência, uma traição do prefeito, para se eximir de suas responsabilidades e jogar a culpa das creches não abrirem o dia todo na nossa categoria”, rebatem.

“Achamos isso uma inconsequência, uma traição do prefeito, para se eximir de suas responsabilidades e jogar a culpa das creches não abrirem o dia todo na nossa categoria”, rebatem.”

A proposta também não foi bem recebida pelo sindicato da classe. Em nota nas redes sociais, o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sorocaba (SSPMS), se manifestou apontando que a medida anunciada pela Secretaria da Educação (Sedu) é arbitrária e ignorou a entidade, que não foi consultada sobre a criação dessas horas extras. Ainda conforme o comunicado do sindicato, no decorrer desta quinta-feira anunciará as medidas que serão adotadas para tratar desse assunto.

REPRESENTAÇÃO NO MINISTÉRIO PÚBLICO

Na segunda-feira, 01, dois dias antes de a Sedu emitir o comunicado, a vereadora Iara Bernardi (PT), protocolou no Ministério Público (MP), a abertura de procedimento para apurar possíveis irregularidades do município, considerando as denúncias de alteração de oferta do ensino integral para parcial, por falta de profissionais.

De acordo com a denúncia da vereadora, as unidades que tiveram suas jornadas alteradas foram: CEI 064 – Joana Simon Sola; 106 – Vila Rica; CEI 090 – Helio Del Cistia Junior; CEI 095 – Jornalista Ângela Martins; CEI 103 – Prof. Jorge Moyses Betti; CEI 105 – Drª Maura Roberti; CEI 107 – Arminda da Conceição da Silva Telo e CEI 121 – Antonieta Da Silva Gomes.

No documento, a vereadora reitera que essa mudança acarreta prejuízo aos educandos, e ocorre no período de vigência do concurso público 01/2020, e que poderia haver chamamento de profissionais aprovados para ocupar os cargos vagos.

A vereadora encerra o documento pedindo à promotoria que instaure procedimento para apurar possíveis irregularidades e prejuízos à educação, e que também requeira ao município a contratação de profissionais necessários para ocupação das vagas, de acordo com as orientações e necessidades de cada unidade e educando.

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