A Prefeitura de Sorocaba anunciou, recentemente, a abertura de mais mil vagas para o programa Bolsa-Trabalho, uma parceria entre município e governo do Estado. No entanto, participantes da edição atual do programa reclamam de atrasos de meses no pagamento, além de falhas na entrega dos cartões para saque.
O PORQUE conversou com quatro pessoas que participam do programa. Todas estavam havia um bom tempo sem trabalhar, e a oportunidade chegou em um momento de bastante necessidade. Porém, até agora, têm passado mais “raiva” do que satisfação com o trabalho. De acordo com elas, além dos atrasos, a falta de comunicação ou de informações corretas sobre como proceder, assim como de esclarecimentos, tem sido constante, prejudicando-as ainda mais.
“Não sabemos se o problema é aqui ou com o governo estadual”, contou uma delas, que, igual às demais, terá a identidade protegida para evitar retaliações. Ela não recebeu a parcela de maio, que cairia no último dia 20, e a informação recebida é que não haviam enviado a lista de presença, e que receberá o total referente neste mês. Porém, ela está sem expectativa. “Ficaram de pagar os atrasados de fevereiro e abril agora em maio para uma menina participante, mas não veio.”
Como contou, tem gente que está há três meses no programa e, até agora, não recebeu o cartão para sacar o benefício de R$ 540 mensais – que é a remuneração prevista pelo programa para 20 horas semanais de trabalho em órgãos públicos.
“A gente entra porque tem compromissos. Eu tenho quatro filhos e trabalho contando que vou receber naquele dia. Mas daí você não recebe e, simplesmente ninguém resolve nada”, desabafou outra assistida pelo programa, que estava há três anos sem trabalhar quando surgiu a oportunidade do Bolsa-Trabalho.
A mulher também está há duas parcelas sem receber. No programa desde o ano passado, e participando pela segunda vez, só recebeu o cartão há um mês. “A gente liga lá e eles só abrem chamada, falam que vão retornar, mas nada acontece”, reclama.
Outra entrevistada conta que está desde o ano passado sem receber. “Esse programa é muito complicado: o serviço é muito bom, mas não paga direito. Eu estou trabalhando, mas não estou recebendo porque meu cartão não chegou. E ninguém resolve”, reclamou.
Emocionada em sua fala, uma das pessoas ouvidas pelo PORQUE relatou sua situação de desespero, mediante os atrasos com o pagamento. Ela, que tem dois filhos, um deles autista, e um casamento abalado por conta das consequências financeiras desse atraso, explica que está desde outubro sem receber.
“Não tenho mais condições de nada na minha casa. Acabando esse serviço que meu marido está fazendo vamos ficar sem nada. Pediram para eu preencher um formulário, disseram que houve problema na emissão do meu cartão e que meu dinheiro cairia em conta em 15 dias, mas, até agora, nada. Eu preciso de fralda, medicamento, comida…”, contou ela, que vem tentando outras colocações no mercado de trabalho, mas sem sucesso.
O PORQUE entrou em contato com as assessorias de comunicação do município e do Estado, na tarde de terça-feira, 7, para confirmar as denúncias, questionar o que vem causando esses atrasos nos repasses, bem como pedir esclarecimentos sobre quem cobrar ou como proceder. A comunicação do Governo do Estado retornou pedindo o nome dos reclamantes para “entender o que estava acontecendo”, mas não respondeu as questões enviadas até a publicação desta reportagem. O município, até o momento, também não se manifestou.
SOBRE O PROGRAMA
Mesmo com atrasos nos pagamentos, o programa Bolsa-Trabalho está com inscrições abertas para mais mil vagas em Sorocaba. Os interessados podem se inscrever no site: www.bolsadopovo.sp.gov.br até o dia 17 de junho.
O programa é uma parceria entre a Universidade do Trabalhador, Empreendedor e Negócios (Uniten), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (Sedettur) de Sorocaba, em parceria com o governo do Estado.
O benefício será válido por um período de cinco meses, no valor de R$ 540 mensais, sendo R$ 450 da bolsa-auxílio mais R$ 90 referentes à cesta básica, aos inscritos que atenderem aos pré-requisitos e forem selecionados.
Para participar, é preciso estar em situação de desemprego; não ser beneficiário de seguro-desemprego ou qualquer outro programa assistencial equivalente; ter residência no estado de São Paulo pelo período de dois anos; possuir renda per capita (por pessoa) de até meio salário mínimo e ser maior de 18 anos. Em caso de empate, os critérios de definição seguem a ordem: mulheres arrimo de família; maiores encargos familiares; mais tempo de desemprego e maior idade.
A iniciativa oferece ocupação, renda e qualificação profissional para a população desempregada. O candidato selecionado terá que trabalhar por quatro horas em órgãos públicos, durante cinco dias da semana, e realizará um dos sete cursos de qualificação profissional oferecidos pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), com duração de 20 horas semanais.
As opções de capacitação são: auxiliar de controle de produção e estoque; gestão administrativa; gestão de pessoas; organização de eventos; rotinas e serviços administrativos; secretariado e recepção e educação de jovens e adultos (EJA), este último para pessoas que possuem o ensino fundamental incompleto.
Em caso de dúvidas, basta ligar no número (15) 3316-1636 ou (15) 3316-1639; WhatsApp: (11) 98714-2645 ou, ainda, entrar em contato pelo e-mail: bolsatrabalho.sorocaba@sde.sp.gov.br.