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MP pede que Justiça mantenha secretário de Manga afastado por suspeita de corrupção

No mesmo pedido, Ministério Público critica o prefeito ‘por não se dignar a exonerar o secretario do cargo em comissão e que afastado continua ganhando seu salário em prejuízo do erário’

Fábio Jammal Makhoul (Porque)

Afastamento de Carrara foi determinado pela Justiça pelo prazo de 90 dias, que venceu em 20 de agosto; MP quer novo afastamento por mais 90 dias. Foto: Divulgação

O Ministério Público (MP) solicitou à Justiça a prorrogação do afastamento do secretário de Educação de Sorocaba, Márcio Bortolli Carrara, acusado, junto com o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), de improbidade administrativa pela compra por R$ 26,3 milhões dos kits de robótica para os alunos da rede municipal. O secretário está afastado da função desde 24 de maio, por determinação judicial, por 90 dias. O prazo venceu em 20 de agosto e, agora, o MP solicita a prorrogação por mais 90 dias.

No pedido protocolado na Justiça na quarta-feira (23), o Ministério Público também critica a omissão do prefeito Manga: “Chama atenção o fato de o prefeito não se dignar a exonerar o secretario do cargo em comissão, que afastado continua ganhando seu salário em prejuízo do erário e realizando outras atividades de interesse político do grupo do prefeito!”, exclamou o promotor Eduardo Francisco dos Santos Junior. O pedido deve ser analisado nos próximos dias pela juíza Karina Jemengovac Perez, da Vara da Fazenda Pública de Sorocaba.

Para o Ministério Público, “não seria razoável” a permanência de Carrara na Prefeitura, “muito menos seu retorno ao cargo”. “Não bastasse os fundamentos que autorizaram a liminar que restam íntegros até o momento, as suspeitas e verossimilhança vem sendo reforçadas a cada dia, ratificando os termos da inicial”, justificou o promotor em seu pedido.

Ainda segundo o MP, além dos motivos que causaram o afastamento de Carrara do primeiro escalão de Manga, agora há novos “elementos a indicar que a Secretaria da Educação é um núcleo de fraudes”, o que “mostra-se imprescindível prorrogar o prazo de afastamento por novo período”.

O objetivo do afastamento, acrescenta o promotor, é “garantir a efetividade do provimento final nesse processo e evitar a reiteração de condutas ilícitas, como, ao que parece, já ocorreu”, diz o MP, citando outros contratos suspeitos da Secretaria de Educação.

Prorrogação é autorizada pelo TJ

No dia 6 de junho, o Tribunal de Justiça do Estado reconheceu a legalidade do afastamento de Carrara, ao julgar um pedido de liminar do próprio secretário, solicitando seu retorno ao cargo. Na ocasião, o Tribunal de Justiça decidiu que, de acordo com a Lei da Improbidade, o prazo de afastamento é de até 90 dias, prorrogável por igual período. Assim, a segunda instância da Justiça já reconheceu que o afastamento de Carrara pode ser estendido por mais três meses.

Além do afastamento do secretário de Educação, a Justiça também determinou o bloqueio de bens de Carrara, de Manga e da empresa que vendeu os kits robóticas, a Carthago Editora. O objetivo do bloqueio é assegurar a devolução de R$ 26,3 milhões gastos pela Prefeitura, caso fiquem comprovadas as irregularidades na compra dos 30 mil kits de robótica, no final de 2021.

Na ação judicial, o Ministério Público demonstra que a licitação foi direcionada para que a Carthago Editora terminasse vencedora. Também mostra que a Prefeitura de Sorocaba pagou R$ 740 por cada kit de robótica, com a marca “Menino Maluquinho”. A empresa vendeu os kits, no mesmo mês comprado pela Prefeitura, pela metade do valor. O MP ainda mostra cotações de kits idênticos, sem a marca “Menino Maluquinho”, com preços que variam de R$ 14 a R$ 29 a unidade.

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