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Escolas recebem brinquedos acessíveis, mas prédios têm falhas de acessibilidade

Profissionais relatam falta de diálogo da secretaria Municipal da Educação para saber o que são prioridades. Faltam adaptações em banheiro, pistas visuais, cuidadores, elevador que não funciona, e outros problemas

Fernanda Ikedo

Prefeitura de Sorocaba gastou R$ 62,7 milhões em playground acessível, mas as próprias escolas, em grande parte, sofrem com problemas de acessibilidade em seus prédios.
Profissionais e mães da rede municipal denunciam que apesar da maioria das escolas municipais estarem classificadas pela Prefeitura de Sorocaba como escolas com acessibilidade, em muitos casos, não passa de propaganda ou promessa.

Em janeiro deste ano, a Prefeitura passou a instalar brinquedos como gangorra, escorregadores com rampa acessível e guarda-copo, além de jogos acessíveis, comprados para 44 escolas da rede municipal. A primeira a receber foi uma unidade no bairro Cajuru, mas em outras regiões da cidade, há várias escolas que ainda estão aguardando.
Apesar que pelos relatos de profissionais e mães da rede municipal, o playground não configura como prioridade. Há sérios problemas estruturais.

Rafael (nome fictício da criança) é cadeirante e os profissionais da escola de ensino infantil onde estuda, na zona leste da cidade, precisam passar com a cadeira de rodas por degraus e no parque, que é todo acidentado, levam ele no colo. Mas, não há na escola também um trocador no banheiro para pessoas com deficiência. Uma funcionária relata que foi colocado uma mesinha, com papel toalha e um colchonete para fazer as trocas.

Profissionais relatam falta de diálogo da secretaria Municipal da Educação para saber o que são prioridades. Faltam adaptações em banheiro, pistas visuais, cuidadores, elevador que não funciona, e outros problemas. (Foto: Secom Sorocaba)

Numa outra escola municipal, de ensino fundamental, só há um único banheiro para menino e um para menina, que ficam no piso debaixo, usado pela escola inteira usar, com cerca de 700 crianças, no total. “Há vários problemas estruturais que a Prefeitura não dá conta de fazer”, afirma outra funcionária que prefere não se identificar por medo de represália.

Conforme a presidente do Conselho Municipal da Educação, há uma verba do governo federal voltada para acessibilidade, mas o valor não é suficiente para todas as necessidades.
Há relatos de falta de acesso ao segundo andar do prédio escolar, com escola que tem elevador, mas sem funcionar.

A falta de inclusão escolar, de fato, não é apenas para as crianças com mobilidade reduzida, e sim também para outras questões, como o autismo.

Para Caroline Milanesi Fantinati, mãe do Lorenzo de 4 anos, que está no pré 1 há diversos tipos de dificuldades no ambiente escolar. Ela costuma dar palestras e orientações, de forma voluntária, para profissionais e consta que “faltam desde informações dos pais, como falta de tratamento terapêutico, profissionais sem conhecimento nenhum e falta de profissionais como cuidadores e auxiliares”.

NEM O BÁSICO CHEGOU NA ESCOLA AINDA

Materiais para as escolas para se trabalhar as diferentes linguagens não chegaram ainda nas escolas da rede municipal, como giz de cera, lápis de cor, massa de modelar e tintas. “O uniforme também ficou só na promessa”, afirmou ao PORQUE uma das mães de aluno da rede municipal.

A Prefeitura, por sua vez, não respondeu ao questionamento do PORQUE, nem os profissionais que atuam na rede receberam informações sobre prazos de entregas desses materiais.

Outra denúncia já publicada no PORQUE é sobre os atrasos e falta de veículos do transporte especial. Veja aqui.

FÓRUM DA INCLUSÃO

Conforme o presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Luis Lima, está sendo feito um levantamento sobre as reivindicações de acessibilidade e inclusão nas escolas, tanto na rede municipal quanto na estadual.

Nesta sexta-feira, 29, a partir das 8h30, ocorre o 4 Fórum Municipal da Inclusão, com tema da empregabilidade, realizado pelo Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência em parceria com a prefeitura. O projeto Ampara, idealizado pela ativista Gabriela Pereira, do qual participa Caroline, estará presente, para levar reivindicações.

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