A Prefeitura de Sorocaba gastou, só nos três primeiros meses do ano, quase R$ 125 mil com eventos de lançamento de obras e inaugurações, que servem exclusivamente para alimentar a campanha eleitoral permanente em que vive o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos). Apesar de alto, o valor real usado nesses eventos é ainda maior, já que a Prefeitura omitiu uma série de gastos e também não incluiu nos R$ 125 mil os recursos e materiais próprios utilizados e os funcionários mobilizados pelas secretarias municipais.
O PORQUE conseguiu levantar esses dados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), já que a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, chefiada pela jornalista Fernanda Burattini, não responde aos questionamentos deste órgão de comunicação desde dezembro do ano passado.
De acordo com os dados obtidos via LAI, a Prefeitura gastou em eventos de lançamento de programas, obras e inaugurações um total de R$ 124.152 nos três primeiros meses do ano. Em janeiro foram gastos R$ 30.506, em fevereiro o valor subiu para R$ 35.034 e em março disparou para R$ 58.612.
INFORMAÇÕES OMITIDAS
Na resposta dada via LAI ao PORQUE, o secretário de Governo, Fausto Bossolo, ressalta que “algumas ações foram realizadas com recursos e/ou materiais disponibilizados pelas secretarias municipais e também através do recebimento de doações das respectivas estruturas, não onerando os cofres públicos”.
Dessa forma, os valores reais gastos pela Prefeitura com este tipo de evento fica bem maior do que o divulgado na resposta ao PORQUE. Para se ter uma ideia da diferença de valores, a Prefeitura informou agora que o evento para o sorteio dos apartamentos do Casa Nova Sorocaba, no CIC, consumiu R$ 34.680. Em abril, quando a reportagem solicitou, também pela Lei de Acesso à Informação, os gastos detalhados da festa política no CIC, a Prefeitura informou ter desembolsado mais de R$ 75 mil (Leia aqui).
Comparando as duas respostas, o valor informado agora pela Prefeitura se refere apenas aos gastos com a estrutura do evento, que inclui a sonorização, as tendas, o palco e o banner que ficava atrás do prefeito. A resposta de agora não incluiu outros valores, como os R$ 29 mil usados com o painel de led, a transmissão do sorteio pelas redes sociais e os R$ 11 mil gastos no pagamento de horas-extras dos servidores que atuaram no evento. O valor total não incluiu também os quase R$ 9 mil em passagens de ônibus gratuitas, que foram doadas pelas empresas de transporte, e nem o trabalho dos músicos e dos brigadistas, também feito de forma voluntária, segundo a Prefeitura.
Partindo-se da premissa que os demais eventos também não levaram em conta os recursos próprios e as doações, os gastos com inauguração e lançamento de obras e programas são de, no mínimo, o dobro do valor informado pela Prefeitura ao PORQUE, ou seja, mais de R$ 250 mil, levando em conta a mesma proporção de gastos não informados agora em relação ao evento do CIC.
EVENTOS ELEITOREIROS
Inaugurar obras é uma das práticas mais antigas dos políticos, mas “inaugurar” lançamento de obra é uma novidade criada pelo prefeito Rodrigo Manga. Em março, por exemplo, a Prefeitura realizou 12 eventos, sendo que sete eram para marcar o início de uma obra ou programa e apenas cinco para entregar algo concreto para a população.
Juntos, os sete eventos que não entregam nada de concreto para Sorocaba, tendo servido apenas à promoção pessoal do prefeito, custaram R$ 45.952 em março. Já os cinco eventos para entrega de obras custaram R$ 12.660.
Metade dos 12 eventos realizados em março custou aos cofres públicos R$ 2.212 cada um. São eles: início das obras de revitalização do CRAS Nova Esperança, lançamento do projeto Uma Luz Para o Futuro, início da revitalização da área de lazer do Jardim Ipiranga, início da revitalização da praça do Piazza di Roma, início da obra de extensão de rede de água da estrada da Campininha e entrega da pintura da ETA (Estação de Tratamento de Água) do Cerrado.
O PORQUE também obteve a planilha de gastos do quadrimestre anterior, referentes aos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro do ano passado. Em quatro meses, Manga gastou mais de R$ 104,6 mil com festas de lançamento e inaugurações. Eventos como o início das obras de pavimentação asfáltica em Aparecidinha, encontro solidário de motos e início do atendimento 24 horas na UBS do Parque São Bento custaram, cada um, R$ 2.212.
Segundo o secretário de Governo, Fausto Bossolo, normalmente os gastos com este tipo de evento são destinados à estrutura básica, como tendas, palcos e som.