Busca

Bolsonaro tenta apagar incêndio na campanha após declaração sobre adolescentes

STF e PGR são acionados para investigar se presidente cometeu crimes de pedofilia e omissão, diante do que qualificou como exploração sexual das garotas venezuelanas

Portal Porque

Na live da madrugada, Bolsonaro recebeu o apoio de Gabriel Monteiro, ex-vereador cassado no Rio por acusações de pedofilia, entre outros crimes. Foto: reprodução

Depois da lançar uma bomba contra sua própria campanha durante entrevista a um podcast na sexta-feira, ao afirmar que “pintou um clima” entre ele e um grupo de adolescentes venezuelanas durante um passeio de moto e que pediu para entrar na casa onde estavam as meninas, o presidente Jair Bolsonaro tentou controlar o incêndio e não esperou o dia amanhecer para isso.

Durante a madrugada deste domingo, Bolsonaro abriu uma live para acusar o PT de ultrapassar os “limites” ao relacioná-lo com a prática de pedofilia e tentar emplacar uma nova versão, segundo a qual teria ido até lá acompanhado de outras pessoas para “denunciar” as condições em que as meninas viviam. Sua campanha pagou anúncios no Google para afirmar que Bolsonaro não é pedófilo.

Em paralelo, a campanha de Bolsonaro entrou com pedidos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o vídeo com a fala sobre as “meninas” e o “clima” seja removido, e que o PT seja proibido de utilizá-lo na propaganda eleitoral.

O clima, entretanto, parece ter esquentado ainda mais no sábado e neste domingo. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para que investigue o caso, que considerou gravíssimo. Segundo Randolfe, Bolsonaro precisa explicar o que significa a expressão “pintou um clima”, e por que não foram tomadas providências, uma vez que insinua que se tratava de um caso de exploração sexual infantil.

A deputada eleita Erika Hilton (Psol-SP) entrou com notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo que a corte investigue possíveis crimes de pedofilia e omissão por parte do chefe do Executivo. Ainda no sábado, o deputado distrital Leandro Gras (PV) enviou ofício à Procuradoria Geral da República (PGR), questionando por que Bolsonaro não acionou as autoridades competentes, a fim de que providências fossem tomadas.

Assunto do dia

Até o começo da tarde deste domingo, expressões como “Bolsonaro pedófilo” e “Bolsonaro pervertido” ficaram entre os tópicos mais citados no Twitter Brasil. No sábado, figuraram entre as mais citadas as frases “pintou um clima” e “menininhas de 14 e 15 anos”. Os apoios recebidos por Bolsonaro também não ajudaram muito. Durante a live da madrugada, o presidente recebeu a solidariedade de Gabriel Monteiro (ex-vereador no Rio de Janeiro, cassado justamente por acusações de prática de pedofilia).

A coordenadora da casa em que as adolescentes foram encontradas por Bolsonaro, por seu lado, veio a público para esclarecer que naquela manhã em que, segundo o presidente, “pintou um clima” entre ele e as meninas, as garotas estavam ali para um curso de estética, como parte de uma ação social. Bolsonaro, como fica claro na entrevista, interpretou o fato de estarem se arrumando com a prática da prostituição.

No meio político, enquanto a fala do presidente viralizava, Bolsonaro começou a colher os primeiros frutos amargos de sua inconsequência. A campanha do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, repercutiu a fala presidencial nas redes sociais. “Você que é mãe, você que é pai: veja só o que Bolsonaro falou sobre meninas de 14 anos”, diz informe de 30 segundos veiculado pela campanha petista. “Pintou um clima? Com uma garota de 14 anos? É esse homem que diz defender a família?”

Guilherme Boulos, deputado federal eleito pelo Psol, disparou em uma série de tuítes: “Não existe ‘pintar clima’ entre um adulto e uma criança de 14 anos. O nome disso é pedofilia. É um asqueroso e pervertido. Esse é o candidato que diz defender a moral e a família? Se você tem uma filha, irmã, sobrinha ou neta com 14 anos de idade ou menos. Se você é contra a pedofilia. Não vote em Bolsonaro.”

Até mesmo o apresentador de TV Luciano Huck opinou: “Não existe ‘pintar um clima’. Exploração sexual infantil é um tema que não pode ser tratado com normalidade, nem empurrado pra debaixo do tapete”. “Pra quem realmente se importa com o futuro das nossas crianças e adolescentes, para além desse momento eleitoral, procure saber a gravidade da situação e não feche os olhos”, disse o apresentador.

Com informações da Rede Brasil Atual, Folhapress, Poder 360, Correio Braziliense e Veja

mais
sobre
adolescentes venezuelanas bolsonaro live da madrugada omissão pintou um clima
LEIA
+