
Lula entrou em uma corrida para furar sua bolha e conseguir o apoio de personalidades importantes, como o youtuber Felipe Neto. Foto: Ricardo Stuckert
A possibilidade da reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) condensa-se em um iminente risco à democracia para muitos eleitores, devido a uma série de ataques e ameaças do presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF), a questionamentos sobre a confiabilidade do sistema eleitoral do país, insinuações recentes sobre não admitir uma perda no segundo turno, entre outras declarações. O atual cenário eleitoral fez com que seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), buscasse apoio em diferentes esferas sociais e conseguisse o voto de personalidades improváveis, como de adversários políticos históricos, personalidades direitistas ou, ainda, de nomes importantes do cenário midiático que eram, tradicionalmente, eleitores de outros candidatos.
Personalidades importantes do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), adversário mais imponente ao Partido Trabalhista (PT) nas eleições anteriores, declararam voto em Lula, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que três dias após o primeiro turno, oficializou seu apoio ao ex-presidente pelo Twitter. A opção foi reforçada nesta quinta-feira (27), quando FHC declarou em vídeo: “Vote no 13, vote no Lula. Porque ele vai melhorar mais ainda a sua vida.” Do mesmo modo, José Serra (PSDB), que disputou a eleição com Lula duas vezes, em nota à CNN, afirmou: “Não vou me alongar sobre o tema. Diante das alternativas postas, votarei em Lula (…).” Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo pelo PSDB, é o vice na chapa do petista, evidenciando, mais uma vez, a corrida de Lula para furar sua bolha e conseguir o apoio de personalidades de centro-direita.
Simone Tebet (MDB), também candidata à presidência neste ano, oficializou sua adesão à campanha de Lula no segundo turno eleitoral, firmando seu total apoio, inclusive, para viajar pelo país participando do palanque do petista e em um eventual novo governo. A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), por meio de um vídeo, declarou apoio a Lula no segundo turno, no qual citou as diferenças entre o petista e Bolsonaro. “Muitas pessoas pensam em Lula e Bolsonaro como extremos, mas Lula nunca governou como extremista”, afirmou. João Amoedo, fundador do partido Novo, também declarou o voto em Lula, principalmente, devido às declarações de Bolsonaro sobre aumentar o número de ministros do STF. Sua esposa, Rosa Helena Amoedo, também tornou público seu apoio ao ex-presidente.
Além destes nomes, a senadora Kátia Abreu (PP-TO), líder da bancada ruralista no Congresso, pelo Twitter, mandou um recado a representantes do agronegócio em defesa da candidatura de Lula, além de alertá-los sobre os riscos da reeleição de Bolsonaro para o setor, devido a uma lei ambiental aprovada em setembro pelo Parlamento Europeu, que tem por objetivo proibir a importação de produtos de áreas com desmatamento. O ex-ministro do STF Joaquim Barbosa, igualmente, declarou apoio a Lula. “É preciso votar já em Lula no 1º turno para encerrar essa eleição no próximo domingo”, disse, acrescentando que Bolsonaro “não é um homem sério” e “não serve para governar um país como o nosso”.
Economistas
Além das figuras de projeção política, Lula conseguiu o apoio do secretário estadual de Cultura e Economia Criativa de São Paulo, Sérgio Sá Leitão; do historiador, professor e comentarista, Marco Antonio Villa, um dos maiores críticos dos governos petistas; dos economistas Armínio Fraga, Edmar Bacha, Pedro Malan e Pérsio Arida, que anunciaram, em conjunto, que votarão em Lula no segundo turno das eleições presidenciais, tendo como justificativa o risco à democracia representado por Bolsonaro. Os quatro atuaram em diferentes instâncias do governo de Itamar Franco (1992-1994) e Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O economista Felipe Salto, secretário da Fazenda de São Paulo pelo governo de Rodrigo Garcia (PSDB), também declarou voto no petista no segundo turno, por meio de uma carta conjunta, que conta também com outros economistas e acadêmicos.
Ciristas
A classe artística também manifestou seu apoio a Lula, especialmente durante o movimento Vira Voto, no primeiro turno. Alguns nomes, inclusive, são de eleitores de Ciro Gomes (PDT), que decidiram votar no petista nestas eleições como medida para impedir a reeleição do presidente Bolsonaro.
O humorista e apresentador Fábio Porchat afirmou que seu voto seria em Ciro; no entanto, estava mudando de ideia: “Se Lula puder ganhar no primeiro turno, para tirar esse animal, esse verme, esse câncer que está no poder, eu vou pintado de estrela vermelha, cantando ‘Lula lá’, voto apertando 13 trezentas vezes.” Outra personalidade da mídia, o Youtuber e empresário Felipe Neto, também trocou Ciro por Lula e declarou via Twitter: “Com o objetivo de derrotar o monstro genocida que destruiu o Brasil nesses quatro anos. Pelo fim do medo, da fome, do negacionismo, da incompetência. Declaro meu voto em Lula 13 no primeiro turno das eleições para a presidência do Brasil.”
Tico Santa Cruz, vocalista dos Detonautas, afirmou que deixou de votar em Ciro nesta eleição: “Trabalharemos mais 4 anos, sim. Ciro Gomes, 2026 é logo ali e vamos nos esforçar para que ele tenha sua chance. Agora precisamos dar fim a esse regime de ódio e sofrimento. Resolver no primeiro turno.” A cantora Vanessa da Mata, durante apresentação no Festival de Inverno de Garanhuns (PE), declarou ter desistido de Ciro e que seu apoio, nesta eleição, seria no candidato petista. “Eu ia votar no Ciro, mas vou votar no povo, o povo está pedindo Lula, voto no Lula”, afirmou. Caetano Veloso foi mais uma personalidade da classe artística que virou o voto em Lula. “Racionalmente falando, meu candidato é Ciro. Mas Lula arrebata. Sou um brasileiro típico. Voto em Lula (…).”
*Com informações da Folhapress, Rede Brasil Atual e Yahoo Notícias