
Suécia e Finlândia aboliram livros e priorizaram digitalização no ensino; hoje se arrependem; mas São Paulo quer copiar modelo. Foto: Divulgação/Espaço Educar
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), não quer saber mais de livros didáticos impressos nas escolas estaduais. A decisão vai na contramão de experiências anteriores, como na Suécia, que pratica a digitalização de materiais nas escolas há mais de dez anos e agora deve adotar os livros de volta. A ministra da Educação na Suécia, Lotta Edholm, avalia que, por causa da digitalização excessiva, “estamos em risco de criar uma geração de analfabetos funcionais”.
A ministra europeia concluiu que o mau desempenho dos alunos é consequência da forma acrítica como o país introduziu recursos digitais nas escolas. O comentário dela, no final de julho, aconteceu depois de a Suécia despencar no Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS), exame internacional que avalia o desempenho em leitura dos(as) estudantes.
Assim como fizeram a Suécia e a Finlândia, anos atrás, São Paulo e Paraná, governada por Ratinho Junior (PSD), querem trocar livros didáticos por computadores, tablets, aplicativos e plataformas tecnológicas. Suécia e Finlândia, diante do impacto negativo, vão rever esse método.
Confirmação estadual
A informação de que o governo de São Paulo não vai usar livros do 6° ano ao ensino médio foi confirmada à imprensa na segunda-feira, 31, pela Secretaria de Educação do Estado, que tem Renato Feder à frente da pasta.
Segundo o anúncio, o governo Tarcísio não vai participar do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD 2024), no qual os livros didáticos do ensino fundamental 2 (do 6º ao 9º ano) são comprados este semestre, com verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o MEC, para serem usados no ano que vem.
Com a decisão, o governo paulista abre mão de um montante de cerca de R$ 120 milhões, apenas considerando o fundamental 2. Mais de 1,4 milhão de alunos do ensino fundamental no estado ficarão sem receber 10 milhões de livros das mais diversas disciplinas.
A Secretaria de Educação afirma que tomou tal decisão, de abrir mão de verbas e substituir livros impressos por materiais digitais produzidos pelo próprio Estado, sob o argumento que é uma questão de “coerência pedagógica”.
Suécia e Finlândia voltam aos livros
Segundo publicado no Le Monde, da França, e no DCM, Brasil, na Suécia, as consequências negativas desse experimento foram observadas em toda a comunidade escolar. Alunos perderam o hábito da leitura, professores ficaram sem acesso a livros e as mães, pais e responsáveis não conseguem ajudar seus filhos.
Na Finlândia, estuda-se deixar de usar até computador em sala de aula, para que o aluno utilize mais o raciocínio do que a tecnologia até para fazer contas matemáticas.