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São Bento e Joga no Pé trabalham para retomar o futebol feminino em Sorocaba

Tavito Joaquim, coordenador do projeto, detalha os planos que estão sendo colocados em prática para fortalecer e disseminar a modalidade na cidade e região

Rivail Oliveira (Portal Porque)

Meninas do São Bento/Joga no Pé estão na disputa da 1ª Copa Votorantim de Futebol Feminino. Foto: Neto Bonvino/Bento TV

O futebol feminino ainda anda a passos curtos em Sorocaba e região. Prova disso é que existem pouquíssimos torneios a serem disputados pelas equipes que insistem em disseminar a prática do esporte entre as meninas.

Mas, ao que parece, pelo menos neste ano o quadro pode começar a se inverter. Há a possibilidade da realização de um campeonato em Sorocaba e outro já vem sendo promovido pela Secretaria de Esportes de Votorantim. Trata-se da 1ª Copa Votorantim de Futebol Feminino que reúne quatro times: Ituano, Salto, São Bento/Joga no Pé e Votorantim.

Justamente com o propósito de fortalecer a modalidade é que surgiu, em 2019, o projeto Joga no Pé. Já no ano passado, os mantenedores da iniciativa firmaram parceria com o Esporte Clube São Bento. Esperam, com isso, solidificar a prática do futebol feminino na região.

Para saber um pouco mais sobre o que está por vir, o Portal Porque conversou com o coordenador do time São Bento/Joga no Pé, Tavito Joaquim. Entre outras coisas, ele destacou que o projeto, a médio prazo, tem como intenção massificar a prática do futebol feminino e estruturar, cada vez mais, a modalidade. Confira:

Portal Porque – Como tudo começou?
Tavito Joaquim – O projeto [se referindo ao Joga no Pé] existe desde 2019 e o que gerou nosso interesse em migrar também para o futebol feminino foi Copa do Mundo de 2019, quando a Marta fez um desabafo à imprensa após um jogo. Assim, a nossa escola de futebol, que já trabalhava com o masculino, viu ali uma oportunidade de poder contribuir também na formação e possibilitar que as mulheres praticassem o futebol. Destinamos, a partir daí, um horário para iniciantes. Nosso projeto, que hoje tem quatro anos, ganhou a parceria do São Bento em 2022.

PP – Como é formado o time?
TJ – Hoje temos treinando entre 35 e 40 atletas, de 14 a 40 anos. São mães, advogadas, engenheiras, adolescentes, estudantes. Atualmente, há uma dificuldade muito grande no futebol feminino para se poder jogar em local saudável que vá oferecer os treinos em que elas vivenciem o futebol.

PP – Quem são as destaques da equipe?
TJ – Vou citar duas. Nossa goleira Mara, que é mãe, tem sua rotina de trabalho e vem aqui participar dos treinos. Ela se tornou atleta e executa um papel de liderança na equipe. Temos ainda a atacante Rebeca que, com 14 anos, vem fazendo nossos gols e se destacando em treinos e amistosos. Ela tem um grande futuro.

PP – Qual é o planejamento do time?
TJ – Nesta parceria com o São Bento estamos seguindo um plano de excelência da Federação Paulista de Futebol. Começamos a participar de alguns campeonatos regionais, mas a meta é proporcionar esse espaço para que as mulheres entrem em campo, joguem e possam fazer o que gostam. Buscamos preparar as meninas para amistosos e torneios, proporcionando a elas a oportunidade de evolução, dentro deste plano de excelência. Neste projeto também pretendemos criar categorias de base.

PP – Qual o motivo de o futebol feminino ser tão desvalorizado?
TJ – Não somente em Sorocaba, mas talvez em todo o Brasil, o futebol feminino é deixado em segundo plano até pela mídia. Não temos de nos apegar a isso. Temos de trabalhar para fazer do futebol feminino um referencial. Precisamos da união de todos os times, criar campeonatos em todos os níveis, desde o iniciante até o avançado e por categorias. Tudo isso para que possamos criar essa cultura da prática esportiva do futebol feminino todo fim de semana, como ocorre com o masculino. Eu acredito que o trabalho de base é o mais importante. E ter campeonatos para alunas no infantil e mirim [nas escolas] para que elas criem essa rotina de competições. Aí é só colher os frutos lá na frente.

PP – Faltam torneios então?
TJ – Eu vou falar da minha demanda interna. Muitas mulheres nos mandam mensagens querendo participar de treinos ou campeonatos. Tem muita mulher que gostaria de jogar futebol e que joga futebol [em Sorocaba e região], mas algumas acreditam que precisam estar mais preparadas. Aí eu acho que é um paradigma que pode ser quebrado. Temos de trabalhar e fazer com que elas entendam que é a prática e a experiência [no futebol feminino]que vai levá-las à melhora.

PP – Como o poder público pode ajudar nesse processo de melhora do futebol feminino?
TJ – Além de organizar torneios, pode ajudar incentivando, principalmente as categorias menores, nos Jogos Estudantis e em outras competições que despertam o interesse do público pelo futebol feminino. Isso é importante para que a modalidade se torne referência, pois vemos o quão é importante trazer as famílias, os jovens, as crianças, pais para assistir os jogos delas.

PP – É um sonho pensar que o São Bento pode um dia jogar o Campeonato Paulista?
TJ – Claro que gostaríamos de participar, mas precisamos cumprir algumas etapas e trabalhar na popularização do futebol feminino em Sorocaba e região. Não temos o valor do custo, de quanto ficaria para o São Bento jogar o Paulista, mas precisaríamos de investimento para jogos, estrutura, alimentação, viagens, taxas e suporte. Essa realidade está um pouco distante para nós. Mas temos sim essa vontade de jogar um campeonato desse nível.

PP – Então é um trabalho de longo prazo?
TJ – Eu acho que nosso trabalho agora é ampliar e possibilitar que o máximo de mulheres possam praticar o esporte. Precisamos da união de todos: jogadoras, dirigentes, líderes, professores. E cada um, cada equipe ter a consciência de que o trabalho é longo e que a vitória de um time é a vitória de todos. E quem vai ganhar com isso é a região de Sorocaba que é o muito grande. Esperamos que o São Bento possa centralizar esse trabalho e dar oportunidades para as garotas.

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