
Natália exibe, com orgulho, a medalha de vice-campeã mundial que ela conquistou em 2021 com a seleção brasileira fut7. Foto: Divulgação
A sorocabana Natália Nunes, 28 anos, está fazendo fama no futsal e no fut7 (uma espécie de futebol soçaite) que, inclusive, a levou a vestir a camiseta da seleção brasileira. Atualmente, nas quadras, ela defende o Celemaster, time de Uruguaiana, Rio Grande do Sul, enquanto nos campos joga pelo Athletico-PR. Na seleção desde 2021, seu objetivo para este ano é estar no grupo que vai disputar o Mundial do México, em setembro.
Natália começou a praticar o futsal bem cedo, com quatro anos de idade, incentivada pelo pai, Anderson Nunes, que, naquela ocasião, atuava como árbitro da Lisofus (Liga Sorocabana de Futsal). O primeiro time foi o Guarany Futsal.
O bom desempenho a levou para os campos. Assim, passou pelo Cefas Sorocaba, Araçoiaba e Indaiatuba, pelos quais disputou torneios organizados pela Federação Paulista de Futebol. Também defendeu o Santo André, Palmeiras/Osasco e Seleção de Sorocaba.
Atualmente, Natália faz parte do grupo da Seleção Brasileira Feminina de Futebol 7 e participa do ciclo de treinamentos que ocorrerão em três cidades do país. Este planejamento visa à Copa das Nações e a Copa do Mundo no México.
Aliás, a sorocabana tem experiência na seleção. Com a camiseta amarela conquistou, em 2021, o vice-campeonato no Mundial Fut7, disputado no Rio de Janeiro. Na final, o Brasil perdeu para a Rússia por 4 a 2.
No Sul, entre um treino e outro, Natália arrumou um tempinho para falar com o Portal Porque. Confira:
Portal Porque – Depois de começar em Sorocaba, muito nova no Guarany e depois no Indaiatuba, você passou por Palmeiras, Corinthians, deu um salto na carreira e hoje está no Athletico-PR e no Rio Grande do Sul. Qual é o papel dos seus pais neste processo?
Natália Nunes – O apoio dos meus pais foi fundamental. Eles me deram todo respaldo para eu jogar e apoiaram minhas decisões. Para se jogar futsal e futebol feminino o grande problema hoje para as meninas é falta de apoio, de patrocínio. Mas estamos lutando sempre pelo futebol feminino para que ele cresça a cada dia.
PP – Quais as dificuldades para se jogar futebol feminino (futsal e fut7) longe de casa?
NN – São as mesmas de sempre, mas temos a união entre as meninas, uma apoiando a outra, não deixando se abater e, graças a Deus, onde eu vivo hoje nós temos todo o apoio e isso é muito importante. Quanto à adaptação aqui [região Sul], confesso que em 2019 foi difícil porque logo que eu cheguei já peguei um frio [forte] e sabemos que não é fácil jogar no frio. Porém, estou me sentindo bem, me sinto em casa e daqui eu não quero sair.
PP – O que falta para o futebol, futsal e fut7 feminino de Sorocaba? Santo de casa não faz milagre? Para jogar em alto nível tem mesmo que sair da cidade?
NN – Infelizmente nós não temos o apoio que merecemos dentro da nossa cidade. Para muitas meninas, jogar futebol é um sonho e eu gostaria muito que a minha cidade tivesse um time de ponta. Mas, enquanto isso não acontece, temos de deixar a nossa família para poder nos aventurar nesta vida de atleta profissional.
PP – E essa sua passagem vitoriosa pela seleção?
NN – Hoje eu sou atleta da seleção brasileira e do Athletico-PR no fut7. Fui vice-campeã mundial em 2021, quando só perdemos a final para a Rússia. Esse era um dos meus sonhos que eu já realizei. O outro é ser campeã do mundo com a seleção e pretendo realizá-lo este ano no México.
PP – Como é viver em outro Estado no esporte?
NN – Viver em outro Estado é viver longe da família. Não é fácil, pois sempre bate aquela saudade, mas a gente encontra forças neles [pais e família]. É isso que nos mantém vivos e felizes para continuarmos em busca dos nossos objetivos.
PP – Qual é o recado que você deixa para as meninas de Sorocaba que têm o mesmo sonho que você?
NN – Uma dica que eu deixo para as meninas é que não desistam. Não tem por que desistir, sabe? Vai ter sempre a dificuldade, mas, se não tiver dificuldade, tudo que vem fácil vai fácil, então a dificuldade está ali para gente ultrapassar. As pedras estão no nosso caminho para a gente pegar e construir o nosso castelo. A palavra “desistir” não faz parte do meu vocabulário.

Sorocabana durante treinamento de futsal pela equipe do Celemaster, de Uruguaiana, Rio Grande do Sul. Foto: Divulgação