
O sorocabano Fabinho, que atuou pelo São Bento na Copa Paulista, com o troféu de campeão da Copa Internacional RS Sub-20 pelo Grêmio. Foto: acervo de família
“Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?”, pergunta a letra da canção “É uma partida de futebol”, do grupo mineiro Skank. Para o sorocabano Fábio Vitor Antonio Azevedo Pires, o Fabinho, sonhar não foi o bastante. Aos 23 anos, ele já tem uma longa trajetória nos gramados.
São 15 anos desde que Fabinho entrou em campo pela primeira vez, ainda como aprendiz. O futebol o levou longe, para outros Estados e até para o outro lado do Atlântico. Mas engana-se quem pensa que é fácil. Aos 23 anos, ele vive as dificuldades de outros milhares de jovens que procuram se firmar como profissionais da bola no país do futebol.
Em 2007, com oito anos, Fabinho fez teste no São Paulo. “Fiquei no São Paulo até os 14 anos, no Centro de Treinamento em Cotia”, conta. “Depois disputei o Campeonato Paulista Sub-15 pela Portuguesa.”
A primeira oportunidade como profissional veio no Audax Osasco. “Foi quando assinei o primeiro contrato.” Pelo Audax Osasco, disputou a Copa Ouro Sub-17 em 2016, um dos principais torneios de futebol envolvendo categorias de base do Estado de São Paulo.
Nesse campeonato foi o artilheiro e recebeu um troféu. “Foram 12 gols marcados”, recorda Fabinho.
No Audax Osasco, teve sua primeira experiência internacional. O time sub-17 fez uma excursão de 15 dias pela Europa, onde disputou dois torneios. “O primeiro foi na Suécia, o Gothia Cup. Depois fomos para Irlanda e participamos da Milk Cup”, lembra o atacante.
Nessa mesma época, Fabinho estava selecionado para fazer um estágio no time do Braga, em Portugal. “Só que, em um treinamento, desloquei a clavícula e infelizmente não pude ir para o time português.”
Grêmio Foot-Ball Portalegrense
Em 2019, Fabinho disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Seu jeito de jogar, seu posicionamento na área chamaram a atenção dos integrantes da comissão técnica do Grêmio no jogo entre o Audax Osasco e a equipe gaúcha.
Fabinho fez parte do time Sub-20 do Grêmio. “Disputei a Copa RS. É tipo uma Libertadores que envolve várias equipes, e fomos campeões”, lembra o atacante.
Nessa época, no Grêmio, teve também uma passagem emocionante que vai ficar marcada na sua vida. Na Copa América disputada no Brasil, entre junho e julho de 2019, o atacante fez parte de um treinamento da Seleção Brasileira, quando a equipe esteve em Porto Alegre. “Foi uma oportunidade maravilhosa estar ao lado dos jogadores da seleção brasileira”, diz Fabinho.
No final de 2019, seu contrato com o Grêmio acabou e não foi renovado. “Eu então voltei para o Audax Osasco.” Já em 2021, defendeu o Angra Audax. “Ajudei a equipe a subir da Série A-2 para a primeira divisão do campeonato carioca.”
Neste ano, Fabinho defendeu novamente o Angra Audax, depois o Independente de Limeira. O último clube que defendeu foi o Esporte Clube São Bento de Sorocaba, pela Copa Paulista deste ano. “Mas eu não tive oportunidade da equipe para mostrar meu futebol”, relata o atacante.
Pai olheiro
Fabinho é filho de Carlos Antônio Pires, 71, mais conhecido como Manga. Ele também foi jogador, com passagens pelo Guarani, Ituano e outros clubes. “Mas não segui a carreira”, conta Manga, que é aposentado.
Foi ele que enxergou que o filho, com quatro anos de idade, tinha potencial. “Primeiro que ele é canhoto. Jogador canhoto ou é craque ou cabeça de bagre.”
Para começar, Manga levou Fabinho para uma escolinha de futsal. “Na escolinha, o Simei Lamarca (ex-jogador de futsal com participações no Corinthians e Palmeiras, temporadas em equipes da Espanha e Rússia e também passagens pelas seleções paulista e brasileira) falou que o Fabinho ia se dar bem no futebol de campo”, comenta o pai.
Então Manga levou o filho para a Associação Bola da Vez, que desenvolve projeto esportivo social em Sorocaba. “Lá ele começou a caminhada.”
O pai sabe que a vida de jogador não é fácil, porque são muitos jogadores que estão à procura de uma equipe. “Mas tenho certeza que chegou a vez dele (Fabinho).”
Para Manga, está faltando apenas uma boa oportunidade para o filho. “Ele é um menino bom. Vai surgir uma ótima oportunidade”, acredita.
Coração apertado
E o que diz o coração de mãe? “Sabia que não ia ser fácil, mas não imaginava tanto”, diz a microempreendedora Ana Lúcia de Azevedo Ataíde, de 60 anos.
Ela conta que o coração de mãe fica apertado. “O bom que ele é ajuizado. Mesmo assim, quando vai jogar em times longe a gente fica preocupada.”
Para Ana Lúcia, é muita concorrência nesse meio. “Sabemos que tem vários fatores. Até a empatia de técnicos com jogadores. Mas a gente não desanima”, diz.
Sobre os estudos, ela conta que Fabinho teve que estudar e terminou o ensino médio. “Tanto no São Paulo como no Audax Osasco, era obrigado a ter notas boas e passar de ano. Caso contrário, não ficava no clube”, explica a mãe.
Ana Lúcia anseia que o filho continue os estudos. “Fabinho começou o primeiro ano de Educação Física, mas, devido a essas mudanças, trancou a matrícula.”
Fabinho também quer terminar a faculdade. “Eu pretendo continuar sim”, afirma o jogador, que agora aguarda ser chamado por uma equipe para fazer parte do elenco.
Fã de Neymar, Fabinho espera da vida uma bola cruzada na área para balançar a rede e correr para o abraço. Uma jogada que pode surgir a qualquer momento, e que ele se preparou uma vida inteira para aproveitar.

A carreira começou aos oito anos de idade, no centro de treinamento do São Paulo. Mas antes Fabinho já havia passado pela escolinha do ex-jogador Simei Lamarca. Foto: acervo de família