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Salários atrasados, calote nos direitos e condições precárias de trabalho são rotina para os vigias das escolas de Sorocaba

Fernanda Ikedo e Fábio Jammal Makhoul

Salários atrasados, vale-refeição parcelado, jornada de trabalho extenuante, calote no FGTS… Esta é a situação dos vigias das escolas de Sorocaba, que trabalham para a empresa terceirizada SM Service System, contratada pelo Governo Manga em junho do ano passado e que, desde então, já embolsou quase R$ 9 milhões da Prefeitura.

O PORQUE entrevistou um funcionário da empresa, que contou todo o sofrimento que os vigias estão passando. O trabalhador, que atua como vigilante de uma escola de Sorocaba há quase um ano, não será identificado para evitar retaliações.

Segundo ele, além do salário atrasado, os vigias da SM Service System também estão sem receber outros direitos, como o vale-refeição.

“O FGTS está com meses de atraso e há irregularidades no INSS também. Como os atrasos são constantes, os funcionários tentam entrar em contato com a empresa e com os supervisores, mas somos ignorados”, relata o funcionário.

Formado como vigilante em 2007, com curso regularizado e reconhecido pela Polícia Federal, o trabalhador conta que sua jornada é de 12 horas, com 36 horas de descanso. Ele trabalha aos sábados, domingos e feriados. “As horas extras trabalhadas também não são remuneradas. Várias vezes eu não tinha rendição e ficava horas esperando a empresa mandar outro funcionário. Nunca fui remunerado por essas horas extras”, conta.

Outro problema é o uso de equipamentos próprios. “Faltam equipamentos de segurança e, em muitas escolas, precisamos usar o nosso próprio celular e internet. A empresa obriga todos nós a mandar uma contrassenha de hora em hora do nosso celular particular. Eu mesmo fiquei meses sem lanterna, sem internet, sem celular corporativo e nunca tivemos apoio de supervisor para qualquer eventualidade”, diz.

PROTESTO E REUNIÃO COM O PREFEITO

Na última sexta-feira, 15, os vigias da SM Service System foram até a Prefeitura para protestar contra os salários atrasados e outros problemas causados pela empresa. Os trabalhadores foram recebidos pelo prefeito Rodrigo Manga (Republicanos), numa reunião marcada por momentos de tensão.

Manga tentou convencer os vigias que a Prefeitura está empenhada em resolver o problema, mas foi acusado pelos trabalhadores de não ter agido até agora, embora soubesse desde março que a empresa está atrasando salários e dando calote em direitos.

O PORQUE noticiou com exclusividade, em reportagem publicada ontem, que, embora os problemas causados pela empresa fossem conhecidos há meses, Manga renovou o contrato com a SM Service System no último dia 30 de junho, pagando um valor extra de mais de R$ 5,7 milhões por seis meses de serviço (leia aqui).

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