
Edifício sede do Banco Central em Brasília: maioria dos membros do Copom foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e postura do órgão tem sido alvo de críticas. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, em reduzir a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5%, anunciada na noite desta quarta-feira (20), é uma notícia a ser comemorada. A avaliação é do economista Fernando Lima, supervisor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) de São Paulo.
No entanto, ele destaca que há margem para uma redução ainda maior. “Existia um exagero por parte do Banco Central em manter a taxa de juros num patamar elevado. O banco continua com uma postura conservadora nas decisões, que é reflexo do comando indicado por Bolsonaro [Jair Bolsonaro, ex-presidente da República]. Espera-se, nos próximos encontros do Copom, que a tendência de diminuição da Selic se mantenha. Há clima para isso”, comenta.
O economista explica que, ainda que leve um tempo para a medida repercutir na economia brasileira, a redução da Selic para 12,75% ao ano é bastante positiva. “Isso sinaliza para o fim deste ano e o início de 2023 com juros menores. Isso é importante para o bem-estar do país, para o crescimento da indústria e para a cadeia de crédito que têm a taxa como referência.”
O corte, esperado pelo Governo Federal e também pelo mercado financeiro, foi o segundo realizado pelo Copom no semestre. Antes disso, o órgão aumentou a Selic 12 vezes seguidas, chegando a 13,75% ao ano, com a justificativa de conter o avanço da inflação que estava em altos patamares no ano passado.
Apesar de comemorar o anúncio, o presidente do SMetal (Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região), Leandro Soares, diz que ainda é preciso avançar nos cortes.
“Isso mostra o resultado das ações do governo Lula, que mantém a inflação sob controle, recupera a credibilidade do Brasil para os investimentos e tem anunciado importantes programas e medidas de estímulo à economia”, acrescenta.
O sindicalista também ressalta que a pressão dos movimentos sindicais e sociais contribuíram para a decisão do Copom. “Precisamos de medidas que beneficiem o país e estimulem o crescimento da economia. Isso é fundamental e também é de suma importância para a população mais pobre, que passa a sofrer um pouco menos com os juros altos. Seguiremos cobrando por cortes ainda maiores nos próximos meses”, conclui.
*Com informações da Agência Brasil