
Mercadante pensa em ajustar a taxa de juros do BNDES, a TLP (Taxa de Longo Prazo), para que os empréstimos sejam mais atrativos. Foto: Ricardo Stuckert
O novo presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, defendeu, nesta segunda-feira (6), uma posição “mais atuante” do banco com atenção especial à indústria e apontou que o Brasil não pode ser somente um exportador de commodities agrícolas.
As falas ocorreram durante a cerimônia de posse de Mercadante no Rio de Janeiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acompanhou o evento. “Uma das dimensões para o projeto estratégico de desenvolvimento são as exportações, não apenas de commodities agrícolas”, afirma Mercadante. “É muito bom, como diz o querido ministro Carlos Fávaro [Agricultura], que o Brasil seja a fazenda do mundo. É muito bom, mas não pode ser só a fazenda. Produtos industriais de alto valor agregado são essenciais para o desenvolvimento do Brasil.”
O novo presidente do BNDES ainda falou em “ajustar” a taxa de juros do banco, a TLP (Taxa de Longo Prazo), mas sem um retorno ao padrão antigo de subsídios em governos petistas. “É muito importante compreender o seguinte: não queremos e não estamos reivindicando o retorno ao padrão de subsídios, como ocorreu no passado, mas uma taxa de juros mais competitiva, sobretudo para micro, médias e pequenas empresas”, explica.
Para Mercadante, a TLP “apresenta enorme volatilidade e representa custo financeiro acima do custo da dívida pública federal”. “Penaliza de forma desnecessária micro, pequenas e médias empresas”, acrescenta.
Atualmente, os contratos de empréstimos do BNDES são atrelados à TLP, que é mais alinhada a taxas de mercado. Essa modalidade substituiu, em 2018, a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que era menor por uma decisão de governo e acabava impondo custos não explícitos à política de crédito do banco.
A TLP considera o índice de preços do consumidor (IPCA, a inflação oficial), mais a taxa de juros real dos títulos do Tesouro (NTN-B). Na semana passada, Mercadante e o diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, também defenderam mudanças na TLP, a taxa de juros de longo prazo cobrada pelo banco. Ambos, no entanto, afirmaram na ocasião que o banco de fomento não pretende retomar políticas de crédito subsidiado e que qualquer ajuste não será bancado pelo Tesouro.
Ministros também acompanham a posse de Mercadante, entre eles o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. Além de outros nomes como Rui Costa (Casa Civil), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social), Marina Silva (Meio Ambiente), Márcio França (Portos e Aeroportos), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) e Anielle Franco (Igualdade Racial).
A lista de participantes incluiu ainda a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e a ex-presidente da República, Dilma Rousseff (PT), bem como o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que apoiou Jair Bolsonaro (PL) na corrida eleitoral, e o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD).