Após reivindicações da organização, feirantes e público contra a decisão da Prefeitura de cancelar a edição de agosto da Feira do Beco do Inferno (que ocorreria neste domingo), bem como os impeditivos burocráticos impostos à realização da feira, o governo municipal voltou atrás e autorizou as demais edições, reconsiderando documentos absurdos solicitados a um evento daquele porte. Em reunião com os organizadores, realizada na terça-feira, 9, o município reconheceu a necessidade de uma readequação da legislação municipal vigente, a fim de que considere, também, eventos de médio e pequeno porte, que não requerem estrutura maior, como palco, iluminação, instalações de som potente ou alteração no local como instalação de barracas grandes.
“Só queremos fazer a nossa feira em paz”, comemorou Flávia Aguilera, uma das organizadoras do evento. De acordo com ela, a partir dessa conversa ficou estipulado que os organizadores não precisam mais contratar seguranças particulares, ambulância, tampouco apresentar Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) da estrutura e do som (que não existe, já que o evento não contempla essas alterações). Continua a necessidade dos requerimentos à Polícia Militar e à Vara da Infância e Juventude, esses justificáveis se comparados às 24 providências impostas anteriormente, como laudos técnicos de engenheiros sobre segurança de estrutura e som.
“Pediram 24 documentos absurdos, como se nós fossemos fazer o Rock’n’Rio em Sorocaba”, contou Flávia à época do cancelamento, lembrando que a estrutura sonora usada são duas caixas de som, e a maioria dos shows é no formato acústico; bem como a estrutura dos expositores compreende algumas tendas pequenas e mesas, e outros objetos que levam de suas próprias casas (Leia mais sobre o cancelamento aqui).
SEM PARTICIPAÇÃO DO MUNICÍPIO
Na reunião que rendeu a confirmação das próximas edições da feira, também ficou claro que o município não tem a intenção de ligar a sua imagem à realização do evento. Conforme explicação das organizadoras, a Prefeitura disse não poder custear alguns investimentos da feira – que promove a exposição e venda de artigos de artistas e expositores locais, fomentando a economia e a cultura da cidade – por não se tratar de uma ação realizada pelo município. Desse modo, gastos como a locação de cinco banheiros químicos, caixas de som, gerador, não poderiam sair do orçamento municipal nesta gestão.
A opção seria a organização solicitar esses custeios via empresas mitigadoras, dentro da política do governo Manga que tenta terceirizar investimentos públicos por meio de parcerias público-privadas. “Seria ótimo se tivéssemos essa ajuda, poder ter mais banheiros, pagar cachê para os artistas que se apresentam, ter um som melhor, mas se não tiver como eles fazerem isso, só a autorização para acontecer já é muito bom, queremos fazer nossa feira em paz”’, pondera Flávia.
Agora, cabe à organização enviar um ofício à Secretaria de Governo (Segov), descrevendo a estrutura, anexando croqui e fechando as datas selecionadas até o próximo ano, lembrando que a edição de agosto foi transferida para o dia 11 de setembro, na praça Frei Baraúna. “Ressaltamos que a feira já acontece há 6 anos na cidade, tendo grande importância artística, cultural e econômica, sendo essencial para a classe cultural e o público que nos prestigia. Agradecemos muito o apoio que tivemos de todas as pessoas para que conhecem, participam e defendem a Feira Beco do Inferno”, reiteraram as organizadoras em nota publicada nesta quarta-feira, 10.