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Parceiros lamentam a morte do fotógrafo Adriano Ávila e reverenciam seu legado

Radicado em Alumínio, Ávila sofreu um acidente automobilístico na manhã desta segunda-feira; parceiros destacam genialidade do artista

Maíra Fernandes

Radicado em Alumínio, o fotógrafo Adriano Ávila faleceu na manhã desta segunda-feira, 22, na cidade em que escolheu viver. Ávila, que já teve seus projetos expostos e premiados em diversos locais no Brasil e no exterior, foi vitima de um capotamento automobilístico e não resistiu. Defensor e pesquisador da cultura popular e caipira, deixa um legado rico de imagens e parcerias, como sentenciam amigos que conviveram com o artista, que também pintava e era professor.

“Um gênio. Em todos os aspectos. Viveu como um. Antes do Adriano houve referências, depois dele só cópias. Adriano era capaz de pintar com a lente da câmera dele. Para mim e para todas as gerações posteriores. Foi ele quem ensinou o que era fazer arte, lá em Alumínio”, recorda a músico Vinícius Paes, amigo e parceiro de Ávila há anos.

Bastante “destruído” com a notícia da morte do amigo, Paes lamenta a perda, mas reitera a força e imortalidade de sua obra, como a série de fotos batizada de “Brasil de José da Silva”, uma das mais aclamadas e que traz um recorte do Brasil profundo; “Flores de São Paulo”, que retrata com delicadeza e poesia a dureza da selva de pedras da Capital; e “Pandemia”, esse último trabalho que, de acordo com Paes, reflete todo o silêncio e a falta de ar desse período.

“Era um absurdo o que ele fazia com uma câmera na mão, as fotos traziam a expansão cósmica de um mundo terreno, o olhar bonito estava sempre atento a simplicidade, o olhar do Adriano era sábio, como de uma avó, velha e moribunda, olhando em silêncio a televisão desligada, conseguindo observar cada movimento e sorriso que o tempo apresentava, no semblante do ser humano mais simples e desdentado, beleza que nós, estúpidos, somos incapazes de enxergar”, lamenta o amigo.

A morte prematura de Ávila não apenas abateu Paes, como deixou incerto o plano de lançamento do seu próximo álbum, cuja ideia era pra ocorrer em setembro. “Ele sempre cedeu fotos para meus trabalhos. Para a capa do meu último livro. Para o meu disco que vai sair em breve, a foto é dele. Falamos recentemente sobre isso. Ele foi um dos únicos amigos que ouviu as canções, mesmo antes de finalizar”.

A força da cultura popular

Também incrédulo com a notícia da morte do amigo, o músico e pesquisador Maurício Toco acredita que, não fosse esse acidente, o artista entraria agora em uma época mais madura da sua obra. Para ele, apesar de todo o seu legado, algo maior ainda estava por vir. “Quando fizemos sua exposição no Ceeja/Sorocaba, em que o público tinha contato direto com suas imensas fotografias, as fotos ficaram por cerca de dois meses e nada fazia elas perderem o viço, sua força”, lamenta, lembrando que dividiam uma mesma crença na força da cultura popular, sobretudo a caipira, característica evidenciada em boa parte de suas obras.

“Fizemos diversas matérias em parceria: em Tietê, durante a festa de São Benedito, em que registramos o batuque de umbigada; em Quadra, cidade próxima a Tatuí, em que fizemos uma matéria longa para o Cruzeiro do Sul a respeito do samba de Quadra; em Tietê novamente, registrando o cururu e a festa do divino. Era meu irmão de alma e crença”, conta Toco.

Obras

Dedicado à pesquisa e à criação voltada à temática social a partir da cultura popular brasileira, Ávila já teve sua obra exposta no Brasil e em países como Holanda, Estados Unidos, Austrália e China, e colaborou com diversos jornais e revistas, como National Geographic, Terra, Horizonte Geográfico, Raça e outras.

Para conhecer mais o trabalho do artista, acesse a galeria virtual criada por ele no instagram: https://www.instagram.com/galeriadeartesadrianoavila/

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