
O monólogo cômico ‘E fora dos stories? Cê tá bem?’, estreia nesta sexta-feira, 4, em Votorantim. Foto: Alessandra Rodrigues
Uma provocação aos recortes cotidianos postados nas redes sociais é o mote do primeiro espetáculo solo do ator e diretor teatral votorantinense Julio Mello. Cofundador do premiado Coletivo Cê, o artista estreia nesta sexta-feira, 4, o monólogo cômico “E fora dos stories? Cê tá bem?”, dentro da programação do Festival Regional de Teatro – Festão 2022, às 19h45, no Auditório Municipal Francisco Beranger. A entrada é gratuita.
O espetáculo, contemplado pelo Fundo Municipal de Cultura de Votorantim, foi pensado como um monólogo cômico, semelhante a apresentações de comédia stand-up. A obra conta com dramaturgia de Herton Gustavo Gratto, roteirista dos programas humorísticos “Eu tô de graça” e “A Vila”, do Multishow, e do sitcom “A sogra que te pariu”, da Netflix. Para o dramaturgo, trata-se de um espetáculo para ser provocado e para repensar as relações. “É um convite para a gente se aproximar do que é real e verdadeiro e menos do que é fabricado pelas redes. O público pode esperar riso, diversão, acidez, graça, coragem e inteligência”, revela.
O riso como antídoto
Iniciado no período mais restritivo da pandemia da covid-19, o projeto começou no ambiente digital por meio de esquetes cômicas que ganharam vida com o personagem Cerotinho, em vídeos produzidos por Julio Mello que foram adaptados para os palcos.
Segundo o artista, serão nove personagens que têm em comum o sentimento de solidão e o envolvimento com a tecnologia. “A ideia é ir um pouco para o caminho que tenha a qualidade do stand-up, com um ritmo de humor rápido, mas com algo crítico. A ideia de falar das redes sociais é que todos esses personagens sejam, de certa forma, solitários e dependentes da internet, cada um dentro da sua própria lógica”, explica.
Entre as reflexões e críticas levantadas pelos personagens estão temas como: o culto à imagem, alienação, cancelamento, busca por likes, diferenças entre classe sociais, perfis fakes na internet, homofobia, entre outros.
“Nesse período delicado pelo qual passamos, a arte se mostrou ainda mais valiosa, também como uma válvula de escape para as pessoas que abriram mão da rotina para se manterem salvas de uma doença que interrompeu milhares de vidas nos últimos dois anos”, completa.
Durante a produção dos vídeos para a internet, Mello comenta que recebeu diversos comentários sobre o quanto os vídeos ajudaram as pessoas. “Foram relatos sensíveis e fortes, de pessoas que enfrentaram muitas dificuldades e perderam entes queridos, encontrando nos vídeos uma tentativa de amenizar a dor e a tristeza”, relembra.
A preparação
Diferente do tradicional, a preparação para o espetáculo partiu de pesquisas e experimentações do corpo e da voz, em um processo que durou cerca de cinco meses, como explica o artista Douglas Emílio, preparador corporal do projeto. “Começamos explorando qualidades do movimento do corpo e da voz e construindo figuras, sem saber como elas iam se transformar em personagens. Esse caminho não é tão comum, geralmente você decora o texto e constrói a personagem a partir da lógica em que ela está inserida.”
Douglas comenta que esse processo permite explorar ainda mais as qualidades do corpo. “O desafio está na aplicabilidade. A dificuldade e a beleza de fazer o inverso é porque você descobre, no movimento, as possibilidades criativas e de criação de personagens possíveis. Você retira a ideia de uma personagem dada de antemão para que ela nasça e se apresente a partir de uma improvisação, fugindo dos estereótipos comumente trabalhados no humor”, finaliza.
Serviço
O espetáculo acontece nesta sexta-feira, 4, no Auditório Municipal Francisco Beranger, que fica na avenida Vereador Newton Vieira Soares, 291, Centro, Votorantim. A apresentação é gratuita.