‘O baixo mais desejado do Brasil’. Foi com esta frase que Maria Betânia eternizou Jorge Helder. Foto: Divulgação
Foi Maria Bethânia que eternizou, em uma apresentação do show “Cartas de amor – Ao vivo”, a alcunha de “o baixo mais desejado do Brasil”, em referência ao contrabaixista Jorge Helder, uma das estrelas desta sexta-feira (14) do Festival de Jazz de Sorocaba. Ele ri da situação. Afinal são mais de 40 anos de estrada acompanhando e criando com nomes consagrados da música brasileira.
A disputa é tanta que só nos últimos três anos teve tempo para lançar o seu trabalho autoral. O mais recente – “Caroá” – ele apresentará às 18h30 desta sexta-feira (14), em formato de quarteto, na Usina Cultural Facens.
“Na verdade, eu sempre gostei de compor, tanto que consegui ser parceiro do Chico Buarque, Aldir Blanc e outros. Mas ainda não tinha essa ambição de fazer um álbum autoral. Quando terminamos uma turnê do Chico, em 2017, aí eu realmente comecei a investir nisso”, conta o músico cearense.
O primeiro trabalho autoral – “Samba doce” – só saiu em 2020, pelo selo do Sesc/SP, quase três anos depois de iniciado, claro, por conta da agenda apertada do músico. No entanto, com a pandemia de covid-19 e a interrupção dos compromissos, o isolamento propiciou o nascimento de outro rebento: o “Caroá” – um tipo de bromélia nativa da região nordeste – lançado no ano passado pela Biscoito Fino.
“Fiquei com a minha família na pandemia, isolado, e comecei a estudar muito, tocar muito em casa e esse lado de compositor aflorou. Nesses dois anos, compus as oito músicas do álbum e resolvi gravar”, resume.
E se há, ao longo dessas quatro décadas, parcerias com nomes como Caetano Veloso, Gal Costa, Roberto Carlos, Elza Soares, Chico Buarque, Maria Bethânia, Edu Lobo, Aldir Blanc e mais contemporâneos como Cássia Eller e Zélia Duncan, o que esperar do trabalho autoral?
Jorge Helder mesmo responde, sem esconder a satisfação das referências: “Para algumas pessoas, existe uma fácil percepção de influência dos artistas ao qual eu acompanho, isso é natural. A convivência, ouvindo-os tantas vezes, isso, de uma forma espontânea, acaba se manifestando em mim, ainda bem, pois sempre estive acompanhado de pessoas que eu gosto muito, muito talentosas. Muita sorte.”
Na apresentação desta sexta-feira (14), no Festival de Jazz de Sorocaba, ele estará acompanhado dos músicos e amigos Felipe Silveira (piano), Marcus Teixeira (guitarra) e Paulinho Vicente (bateria). “Muito feliz em estar com esse grupo. São músicos fantásticos.” Para o público que estará presente no show, Jorge adianta: “Tocarei uma música do Chico Buarque”.
Amaro Freitas Trio
Depois da apresentação de Jorge Helder Quarteto, o público do festival recebe, no palco, um dos ícones da nova geração do jazz brasileiro: Amaro Freitas Trio. Em Sorocaba, o grupo apresenta, às 20h, o aclamado álbum “Sankofa”, terceiro trabalho do pianista recifense e que percorre uma busca espiritual de Amaro por histórias esquecidas, filosofias antigas e figuras inspiradoras do Brasil negro. O trio é formado pelos músicos Jean Elton (baixo) e Hugo Medeiros (bateria).
Amaro Freitas alcançou o posto de revelação do jazz por uma abordagem das teclas tão únicas quanto surpreendentes, sublinham os críticos. Nos últimos anos, já se apresentou em turnês no Brasil e no exterior, incluindo o famoso Montreaux Jazz Festival. Por sua técnica e estilo singular, foi convidado a fazer parcerias com Lenine, Milton Nascimento, Criolo, Mani Gavassi e Sandy.
Serviço
Festival de Jazz de Sorocaba – Apresentações de Jorge Helder Quarteto e Amaro Freitas Trio
Quando: Nesta sexta-feira, 14 de abril de 2023
Horário: A partir das 18h30
Onde: Usina Cultural Facens – Rua Padre Madureira, Além Ponte
Entrada: Gratuita, com os portões abertos uma hora antes do início das apresentações
Pianista recifense, Amaro Freitas apresenta, em Sorocaba, músicas do terceiro trabalho. Foto: Divulgação/João Vicente
