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Em mostra inédita, Júlio Veredas expõe 40 obras autobiográficas só neste sábado

Intitulada "Os cordéis encantados de Júlio Veredas", a exposição acontece no Espaço Cultural Sorocleta, com entrada gratuita

Maíra Fernandes (Portal Porque)

Obra intitulada “Silêncio” (detalhe) estará em exposição no Espaço Sorocleta somente neste sábado à noite. Foto: Divulgação

A produção intensa de aquarelas criadas pelo artista sorocabano Júlio Veredas durante o período de pandemia da covid-19 poderá ser vista somente neste sábado, 2, em uma mostra-relâmpago e inédita, intitulada “Os cordéis encantados de Júlio Veredas”.  Apenas por um dia, o Espaço Cultural Sorocleta receberá 40 obras selecionadas do artista, a partir das 20h, com entrada gratuita.

Além da exposição, o local também estará aberto para artistas da música, poesia, teatro e outras intervenções se apresentarem.

Júlio Veredas esteve até o último dia 23 no Centro Cultural São Paulo com a exposição “Profundus, Sertanus, Incantatus”, inspirada na obra do cantor e compositor baiano Elomar Figueira Mello, amigo e inspiração criativa do sorocabano.

A mostra realizada com apoio do ProAC segue em itinerância para Piracicaba, em outubro, mas ainda sem data para chegar em Sorocaba. No entanto, Veredas adianta aos conterrâneos que quem não conseguiu ver a exposição na capital, terá acesso a todo esse universo que permeia suas criações desde a década de 1970, quando teve contato com as canções do compositor baiano. “A essência é a mesma da exposição que estava em São Paulo, mas criei um universo paralelo chamado de os ‘Encantados’ “, explica Veredas sobre a influência elomariana em suas obras.

Enquanto a exposição “Profundus, Sertanus, Incantatus” reúne 30 obras produzidas ao longo dos 40 anos de amizade entre o artista sorocabano e o músico baiano, “Os cordéis encantados de Júlio Veredas” traz obras apenas criadas enquanto atravessava outro momento tão árido quanto o sertão: o isolamento da pandemia. Neste período, Veredas produziu 1.200 obras, entre elas cerca de 800 aquarelas. Mais minimalistas, mas com a mesma poesia sertaneja que atravessa tanto as canções de Elomar quanto a produção de Veredas.

Para o sorocabano, pinçar nessa vasta produção 40 obras para a mostra teve dois momentos: a dificuldade pela quantidade; mas, por outro lado, a facilidade por se tratarem de criações autobiográficas. “Na essência, toda minha obra é elomariana”, conta ele, para quem o próprio Elomar escreveu: “Quando vi pela primeira vez os desenhos desse malungo Júlio Veredas, gostei muito, pois vi desenhos de algumas estrofes minhas e centenas dele. Vi que retratava a própria vereda que sua alma bonita percorre. Ao contemplá-los, consigo ver, como que em sonhos, fragmentos de momentos das paisagens que minha alma viu antes de nascer, assim como também ouço o prenúncio, apenas aurora mágica que anunciam a impossibilíssima ressurreição de uma daquelas perdidas e distantes tardes da infância.”

Sobre o artista

Com uma atuação intensa há mais de 40 anos nas artes visuais, Júlio Veredas se destaca pela singularidade de seu trabalho, que dialoga com a música e a literatura e constrói uma obra que traz aspectos da cultura popular sob a perspectiva da busca e exploração do sertão de si mesmo.

Artista autodidata, desde muito cedo passou a frequentar cursos livres de artes e atuar na área de eventos culturais. Natural de Sorocaba, residiu por muitos anos na capital, convivendo com grupos de música e teatro, quando iniciou as primeiras mostras de seus desenhos, realizando exposições individuais no Centro Cultural São Paulo e no Masp (1983/1984).

Manteve em paralelo uma produção em Sorocaba, com artistas diversos e na cidade de Vitória da Conquista, terra do compositor Elomar Figueira Mello, que passa a ser uma grande referência em seu processo artístico.

Serviço

A exposição “Os cordéis encantados de Júlio Veredas” abre ao público apenas neste sábado, 2, a partir das 20h, no Espaço Cultural Sorocleta, que fica na rua André Moreno Ramires, 130, Jardim São Marcos. A entrada é gratuita.

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