Uma visão crítica e atual da realidade dos povos indígenas no Brasil é o que denuncia a rapper Kaê Guajajara nas músicas do álbum “Kwarahy Tazyr”, que a cantora apresenta nesta quinta-feira, 28, às 20h, no palco do Sesc Sorocaba.
A apresentação integra a programação da quarta edição do especial Abril Indígena, ação em rede do Sesc São Paulo que valoriza e difunde a diversidade dos povos indígenas no Brasil
O título “Kwarahy Tazyr” significa “Filha do Sol” em zeeg’ete, língua do povo indígena Guajajara. Com uma sonoridade que conecta a ancestralidade ao futurismo, Kaê, que também é compositora, escritora, atriz, arte-educadora e ativista, apresenta uma obra que dá oportunidade de mais pessoas indígenas se reconhecerem fora da identidade colonial, além de oferecer aos brasileiros um caminho para a empatia com os povos originários que denunciam continuamente o racismo e a exploração que sofrem.
As letras provocativas questionam uma visão dominada pelo homem branco, e oferece uma nova perspectiva sobre a colonização a partir de composições originadas dos sonhos de Kaê – uma técnica ancestral de se receber os cantos.
“Tecendo a minha própria história a partir do ponto de vista originário, me encontro com o Sol, que tanto me ensina em suas diversas formas, fogo, fumaça, ar, fazendo com que cada dia que se passa eu tenha menos medo de me posicionar contra narrativas que apagam pessoas indígenas em diversos contextos”, resume a cantora.

A apresentação integra a programação da quarta edição do especial Abril Indígena, ação em rede do Sesc São Paulo que valoriza e difunde a diversidade dos povos indígenas no Brasil. (Foto: Thamires Andrade/ Divulgação)
SOBRE KAÊ GUAJAJARA
Nascida em Mirinzal (MA) e pertencente à etnia guajajara, Kaê se mudou para o complexo de favelas da Maré (RJ) ainda criança, e teve sua vida marcada por preconceitos e racismo por conta de seus traços e sua origem. Mais que uma expressão artística, ela vê na música uma forma de resistir e se manifestar contra o silenciamento dos povos originários imposto pelos colonizadores e perpetuado até hoje pelos seus descendentes.
Iniciou sua carreira musical com o EP de estreia “Hapohu”, lançado em 2019, no qual mescla beats às letras que relatam suas vivências invisibilizadas. Já em seu segundo trabalho, “Uzaw” (2020), essa narrativa se estende ao genocídio dos povos indígenas mascarado de evolução. Ainda no ano passado, revelou seu terceiro EP, “Wiramiri”. Fazendo uma conexão entre ancestralidade e futurismo, ela usa de ferramentas que muitas vezes serviram de argumento para negar sua identidade indígena – como celular, internet e beats – para se posicionar sobre as vivências na margem do Brasil.
SERVIÇO
O show acontece no Teatro da unidade e os ingressos variam de R$ 15 a R$ 30. A classificação é livre para todas as idades e o Sesc Sorocaba fica na rua Barão de Piratininga, 555, Jardim Faculdade.
É necessário apresentar o comprovante de vacinação e a orientação é para o uso de máscaras de proteção.