
Banda Cólica Renal faz show beneficente neste sábado, para que fã sorocabana da banda Mamonas Assassinas não tenha que vender sua coleção. Foto: Divulgação
Quando Soraia Ramos contou a sua história ao Portal Porque, a ideia da professora desempregada e mãe de duas crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) era de leiloar a sua coleção de peças raras da banda Mamonas Assassinas, a fim de arrecadar dinheiro para arrumar o carro, principal meio de transporte para o tratamento dos filhos. No entanto, a história chegou ao conhecimento de uma das principais bandas que presta tributo aos artistas, Cólica Renal, que propôs a fã uma outra saída: arrecadar esse dinheiro por meio de um show, que acontecerá neste sábado, 25, a partir das 20h, no Bar da Garagem.
Os ingressos já estão à venda e custam R$ 30. Eles podem ser adquiridos antecipadamente por meio do WhatsApp: (15) 99821-9909 ou na hora, a partir das 20h. Crianças até 12 anos acompanhadas por pais ou responsáveis não pagam entrada.
Todo o evento será solidário: além de a banda não ter cobrado nenhum valor ou cachê, o proprietário do espaço, Sílvio Fernandes, também cedeu o local, de forma que toda a arrecadação com a venda dos ingressos será destinada a Soraia, que precisa arrumar o carro para conseguir dar continuidade ao tratamento dos filhos.
“Quando vi a história da Soraia, pedi que nossa produção entrasse em contato para que ela não vendesse a sua coleção. Me chamou a atenção a situação das crianças e, de pronto, toda a equipe e produção apoiou e fechamos esse show. É o que o Mamonas faria, então é o que vamos fazer. Esperamos lotar a casa no sábado”, contou Paulinho Pessoni, vocal da banda natural do ABC paulista — a que mais faz shows em tributo ao Mamonas Assassinas no Brasil.
Como reiterou o vocalista, outro ponto é que, além da banda, o dono do bar também cedeu a casa, que comporta cerca de duas mil pessoas, em um esforço conjunto para ajudar a família. “Agora é divulgar e lotar essa casa para o show de sábado”, convocou.
Essa não é a primeira vez que o proprietário do Bar da Garagem abre o espaço para apoiar entidades. “Costumamos fazer ações solidárias e, quando ficamos sabendo sobre o caso da Soraia, e que já havia até a banda, entramos em contato para ajudar nessa causa. Cedemos a bilheteria 100% e alteramos o nosso cronograma. A ideia, realmente, é ajudar, e quanto mais pessoas conseguirmos colocar na casa, mais ela consegue arrecadar. Se puder somar todo mundo, vamos curtir um show e ajudar essa família”, falou Sílvio Fernandes.
A expectativa da banda e do proprietário do local é a mesma de Soraia e sua família. Grata pela dimensão que o apelo dela tomou, acredita que conseguirá o montante para arrumar o carro e seguir a rotina de tratamento dos filhos. “Nosso carro quebrou de uma tal forma que quase explodiu um negócio no motor. Foi um susto enorme e estávamos com as crianças. Mas acredito que conseguiremos o dinheiro para arrumar. Já ajuda bastante”, conta.
Para ela, que estava disposta a se desfazer de sua coleção com peças raras do grupo de que é fã desde a adolescência, essa mobilização toda é motivo de muita alegria e gratidão. “Eu tenho um apego e um amor pela coleção e as histórias envolvidas em cada uma das peças; mas meus filhos são e sempre serão minha prioridade, por isso estava disposta a leiloá-la”, desabafa.
O começo
Adolescente nos anos 1990, Soraia não apenas se apaixonou pela banda Mamonas Assassinas, como também seguiu direitinho a cartilha dos fãs da década, muito antes de tanta facilidade digital: colecionava revistas, jornais, pôsteres, cartas e outros itens dos ídolos. As cartas e autógrafos, no caso, eram, à época, as maiores relíquias, bem como peça de roupas usadas pelos artistas.
Ao longo desse tempo, ela colecionou e guardou tudo com muito zelo e carinho, um modo de lidar com o luto pela morte repentina dos integrantes do grupo, em um acidente aéreo.
Mesmo adulta, nunca passou pela sua cabeça se desfazer daquele material que conta uma parte significativa da sua história. No entanto, desempregada — tanto ela quanto o marido –, e com dois filhos pequenos diagnosticados com TEA, ficar sem locomoção por conta do carro estragado dificultou muito a rotina da família, que não quer que essa limitação impacte no desenvolvimento das crianças, por impossibilidade ou dificuldade de manter o tratamento e as terapias.
Quando anunciou o leilão da coleção, sabia que interessaria a muitos fãs órfãos da banda, que só teve tempo de lançar um álbum. O que ela não imaginava é que esses fãs se mobilizariam para que ela não precisasse se desfazer do material.
Para ela, foi grata a surpresa do contato da banda e a cessão do espaço. Por isso, está confiante de que o show terá seu objetivo alcançado. “Gostaria de agradecer imensamente a essa corrente do bem, a todos que estão ajudando. Isso vai ser a coisa mais maravilhosa na vida dos meus filhos, e eu vou poder dar uma melhor qualidade de vida para eles”, agradeceu Soraia.
Sobre a banda
Formada no ABC paulista, a banda Cólica Renal está há 11 anos na estrada e, há um ano, com a atual formação: Paulinho Pessoni no vocal, Valmir Cheretti no teclado, Johnny Lopes na guitarra, Luís Pacheco no baixo e Gabriel e Tomazetti na bateria.
“Sabemos que que ser uma banda tributo ao Mamonas Assassinas é algo muito desafiador, por eles terem nos deixado poucas músicas e por terem um jeito único, icônico e inesquecível de cantá-las. Sendo assim, a banda sempre visou levar alegria e diversão para o público, assim como os Mamonas faziam”, contam.
Além de Mamonas Assassinas, o repertório da banda conta com música dos anos 1980 e 90, como o pop-rock e o brega.
Serviço
O Bar da Garagem fica na rua Direitos Humanos, 123, Jardim do Paço. O evento começa às 20h e conta com DJ da casa antes e depois da apresentação da banda. A entrada custa R$ 30. Compras antecipadas pelo número (15) 99821-9909.