
O trio apresentará um repertório que mescla o tributo ao Clube da Esquina à composições autorais de Mehmari. Foto: Divulgação
Um dos mais aclamados multi-instrumentistas brasileiros da atualidade, André Mehmari, sobe ao palco do Festival de Jazz de São Roque nesta sexta-feira (26), às 21h, mas não estará sozinho. Acompanhado do músico sorocabano Sérgio Reze e de Neymar Dias, o trio apresentará um repertório que mescla o tributo ao Clube da Esquina à composições autorais de Mehmari. O evento é gratuito.
Antes, às 18h30, será apresentado o espetáculo de músicos da região “Dá licença, Aldir”. Às 19h30 a apresentação fica por conta de Joana Queiroz Grupo e, finalizando a noite, às 23h, uma Jam Session. Todos os shows são gratuitos e serão realizados no espaço da Brasital (Avenida Aravaí, 250, Vila Aguiar, São Roque).
“A minha composição musical tem uma relação natural com a linguagem harmônica e melódica dessa música mineira que habituamos a chamar de Clube da Esquina, mas que é muito mais ampla, pois existem criadores fora desse círculo e que também me influenciaram”, explica Mehmari.
O público também poderá acompanhar o diálogo entre os músicos no palco, pois Mehmari reforça que suas composições para o formato propicia que cada artista imprima sua personalidade à obra, principalmente no caso deles, cuja sintonia fina vem de longa data e admiração mútua.
“Quando componho para o trio penso que eles terão uma voz ali, isso para mim e fundamental. Minhas partituras deixam espaço para que a música floresça na hora, ela pode renascer diferente”, fala.
Em sintonia
No palco, mais do que músicos que são referências em seus instrumentos, também se juntam amigos de longa data. Só com o baterista sorocabano Sérgio Reze a parceria e amizade já somam 23 anos. Segundo Mehmari, Sérgio é seu parceiro musical mais antigo, junto à cantora Mônica Salmaso.
“Eu e o Sérgio crescemos juntos, como músicos e como pessoas, criamos juntos, o que é muito rico, o que garante à música outra dimensão, mais do que a técnica profissional, mas a dimensão de encontro de alma, pensamentos. No caso do Neymar Dias também. Eu o conheço há menos tempo, mas temos muita sincronia. Muitas vezes não precisa falar nada, só uma troca de olhares, só uma sugestão sucinta e a música se transforma”, diz.
Defensor da improvisação livre e pesquisador incansável das possibilidades sonoras, o multi-instrumentista conta que essa curiosidade o fez, há dez anos, declarar, em forma de brincadeira, que estava em um relacionamento sério com o bandolim e poderia ser a última vez que o público o veria tocando piano.
Não, ele não abandonou o piano. E o bandolim passa bem, obrigado!. Mas, agora, são os instrumentos de época seus objetos de pesquisa, como fagote, cravo, clarinete… “Isso é um traço da minha personalidade musical. Estou sempre trazendo novas sonoridades para minha pesquisa”.
Feliz pelo encontro em palco e pelo festival, Mehmari destaca a importância de eventos dessa natureza e com essa personalidade em não se curvar ao mercado. “Parabéns ao curador, Antonio Loureiro, por criar um panorama tão bonito, rico e tão fora da ‘casinha’ do que se espera. O critério para a escolha dos artistas foi exclusivamente musical, e isso é raro! Na maioria das vezes, a vitória do marketing é implacável, mas essa curadoria foi feita com amor”, elogiou.