Críticos da Lei Rouanet, que vem sofrendo um desmonte no governo Bolsonaro, representantes do chamado “sertanejo universitário” foram desmascarados depois da revelação de que embolsam cachês de centenas de milhares de reais, pagos com dinheiro público por prefeituras de cidades pequenas, num esquema populista de beneficiamento muito diferente das leis de incentivo que criticam.
Nesta quarta-feira, 1.o, o Ministério Público de Mato Grosso abriu procedimento para investigar a contratação de artistas, em sua maioria sertanejos, por 24 prefeituras. Estão na mira do procurador-geral de Justiça daquele Estado, José Antônio Borges Pereira, os municípios de Gaúcha do Norte, Porto Alegre do Norte, Figueirópolis D’Oeste, Sorriso, Nortelândia, Salto do Céu, Alto Taquari, Novo São Joaquim, Nova Mutum, Sapezal, Canarana, Acorizal, Brasnorte, Água Boa, São José do Xingu, Vera, Barra do Garças, Juína, Querência, Bom Jesus do Araguaia, Santa Carmem, Matupá, Nova Canaã do Norte e Novo Horizonte do Norte.
O caso de Sorriso, no norte do Estado, onde teve início toda a polêmica durante show da dupla Zé Neto e Cristiano, no dia 13 de maio, foi encaminhado à 1ª Promotoria de Justiça Cível da comarca. Zé Neto criticou em seu show o patrocínio de eventos artísticos por meio de leis de incentivo e ironizou a cantora Anitta. Mas depois foi revelado que a apresentação custou R$ 400 mil aos cofres da cidade.
A declaração do artista gerou polêmica nas redes sociais, ele se desculpou, mas já era tarde. O esquema de pagamento de cachês milionários por pequenas prefeituras ficou em evidência. Dias depois, um show do cantor bolsonarista Gusttavo Lima, contratado por R$ 1,2 milhão por um município de 8 mil habitantes, foi cancelado.
No pedido de apuração, o procurador-geral Borges Pereira determina “a remessa de cópia integral do procedimento gerado a todos os Promotores de Justiça que detenham atribuição na defesa do patrimônio público e da probidade administrativa nas comarcas citadas (…), para conhecimento e providências (…)”.