Com mais um corte nos recursos da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), agora de R$ 2,3 milhões, promovido pelo governo de Bolsonaro, já são R$ 4,68 milhões a menos no já deficitário orçamento da universidade. Em boletim para a comunidade acadêmica, a reitoria informa que o funcionamento dos três campi da UFSCar (São Carlos, Lagoa do Sino e Sorocaba) está ameaçado por não possuírem condições de manter as atividades até o final deste ano.
Nesta sexta feira, 1 de julho, às 9h, o Conselho Universitário (Consuni) se reunirá para debater o que é possível fazer enquanto instituição para enfrentar os cortes e lutar pela recomposição orçamentária. A comunidade acadêmica pode acompanhar a reunião pelas redes oficias no YouTube e Facebook da UFSCar. O link é: https://www.youtube.com/c/ufscaroficial
De acordo com o presidente do Diretório Central de Estudantes (DCE) Livre da UFSCar, da gestão “Por todos os cantos”, Raul Amorim, é fundamental a mobilização dos estudantes nos centros acadêmicos, DCE Livre UFSCar, coletivos, movimentos sociais e outros para enfrentar de forma unitária e organizada, nos quatro campi e junto das demais universidades do país, mais uma grande luta em defesa do nosso direito inegociável de uma educação pública gratuita de qualidade.

Entidades estudantis e reitoria da UFSCar denunciam que o orçamento de 2022 para custeio das atividades da Universidade Federal de São Carlos é insuficiente para o funcionamento da universidade, que pode fechar em outubro. (Foto: SMetal)
“O sentimento é de revolta absoluta, dado que durante a pandemia foram as universidades públicas que compuseram a linha de frente, com pesquisa, atendimento à comunidade, doação de insumos, empréstimos de estruturas, desenvolvimento de protocolos, com quase nenhum recurso”, pontua Amorim. Ele diz que “só em Sorocaba, para se ter um exemplo, o Departamento de Biologia do campus UFSCar desenvolveu um projeto que doou mais de 5 mil litros de álcool em gel para hospitais e entidades durante dois anos. Agora que finalmente retornamos ao presencial, recebemos a notícia que sequer poderemos continuar estudando até o final do ano.”
Os cortes tiveram início “no governo de Michel Temer, utilizando do Teto de Gastos como argumento para sucatear a estrutura das universidades e institutos federais e impedir o acesso e permanência de estudantes de escolas públicas, negros e negras, imigrantes, indígenas, pessoas com deficiência e outros. Bolsonaro aprofunda esse projeto”, destaca Amorim.
Em nota, o DCE ressalta que “o governo Bolsonaro promove cortes com o objetivo de sufocar as universidades e destruir a educação superior pública, o serviço público, a ciência e a cultura em nosso país, as quais ele considera inimigas de sua gestão neofascista”.
Falta orçamento para ensino, pesquisa, extensão ou gestão. Não há como garantir também permanência estudantil, manutenção dos prédios e espaços, atividades laboratoriais, atividades externas. O atual montante é suficiente para, com esforço, funcionarmos até o final do primeiro semestre letivo de 2022, em outubro.
Outra entidade que tem se mobilizado contra os cortes é o Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-Administrativos da Universidade Federal de São Carlos (Sintufscar). O coordenador do setor Jurídico e de Relações de Trabalho da entidade, Doni Silva, afirma que “é sintomático que o governo enalteça, apoie e financie o agronegócio em detrimento dos investimentos – traduzidos em cortes – na Educação, pois é exatamente nesse setor que ele aposta para sua sustentação à frente do cargo.”
HISTÓRICO
No fim de maio, o governo federal anunciou bloqueio de 14,5% das verbas orçamentárias para as universidades e institutos federais. No dia 3 de junho, o bloqueio foi reduzido pela metade, totalizando 7,2%.
Mas, em menos de 30 dias, todo valor bloqueado foi cortado do orçamento da Educação, sendo parte remanejada para o Programa de Garantia de Atividade Agropecuária (ProAgro).
No dia 26 de junho, a reitora Ana Beatriz de Oliveira, acompanhada da Pró-Reitora de Administração, Edna Hércules Augusto, e do Pró-Reitor de Assuntos Comunitários e Estudantis, Djalma Ribeiro Júnior, realizaram uma live (https://www.youtube.com/watch?v=ZmFEtVrdx34) sobre o histórico dos cortes, o cenário atual, o impacto nos programas de assistência e permanência estudantil e sobre as mobilizações, junto à comunidade universitária, para reverter os cortes, alcançar a recomposição do orçamento de 2022 e um orçamento adequado às despesas da universidade para 2023.