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Em nota conjunta, centrais sindicais denunciam golpismo e ‘prevaricação’ da PRF

Passageiros passam a noite no terminal de ônibus Tietê; Ceagesp acusa queda de oferta, mas descarta desabastecimento

Folhapress

Para centrais, movimento conta com passividade da Polícia Rodoviária Federal para tentar promover um “terceiro turno” nas eleições. Foto: divulgação/PRF

As seis maiores centrais sindicais do país emitiram nesta terça-feira (1º) um documento em que defendem a democracia e o sistema eleitoral, em resposta aos bloqueios golpistas em estradas e vias que ocorrem desde a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último domingo (30).

O documento é assinado por Sergio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Miguel Torres, da Força Sindical, Ricardo Patah, da UGT (União Geral dos Trabalhadores), Adilson Araújo, da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Moacyr Roberto Tesch Auersvald, da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores) e Antônio Neto, da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros).

“Tendo em vista que as eleições em todo Brasil foram legítimas, democráticas, transparentes e reconhecidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e que todos devem se submeter à vontade soberana do povo e do eleitorado, não podemos aceitar uma espécie de terceiro turno que setores políticos isolados do bolsonarismo tentam”, diz o texto.

As centrais também dizem que é inaceitável e criminosa a posição adotada por setores partidarizados dos órgãos de segurança, em especial da PRF (Polícia Rodoviária Federal), “que prevaricam no cumprimento de suas funções e obrigações legais e constitucionais”. (Douglas Gavras, Folhapress)

Passageiros passam noite em terminal

Passageiros que tinham passagens de ônibus para o Rio de Janeiro e destinos no sul do país passaram a noite na rodoviária do Tietê, na zona norte de São Paulo, à espera da liberação das rodovias ocupadas por manifestantes desde a tarde desta segunda-feira (31).

De acordo com a Socicam, concessionária da rodoviária, continuam suspensas as vendas das passagens e as partidas para as cidades do Rio de Janeiro, Florianópolis e Curitiba. Não há previsão de normalização.

Alguns ônibus que partiram da rodoviária na segunda retornaram para a rodoviária depois de passarem horas parados, segundo a Socicam.

Sentado sobre um pedaço de papelão emprestado de outro passageiro, o autônomo Francielio Luiz da Silva, 26, aguardava há mais de 24 horas a remarcação de sua passagem para a capital fluminense. A família usou uma estrutura de decoração de Natal da rodoviária para servir de abrigo.

“Somos da Paraíba e viemos a procura de trabalho, mas como está difícil encontrar vamos para o Rio ficar com meu cunhado”, disse ao lado da mulher grávida e da filha de 7 anos. “[Os protestos] estão prejudicando o pobre brasileiro, a família dos outros e não o [presidente recém-eleito] Lula”, continuou.

Em nota, o Grupo JCA, que reúne as viações Cometa, 1001, Catarinense e Expresso do Sul, informou que parte da operação foi afetada pelas manifestações nas rodovias, mas não informou o número de viagens canceladas. “Passageiros com bilhetes para datas entre 31/10 e 06/11 podem remarcar suas viagens nas rodoviárias sem a cobrança de taxas ou multa”, diz trecho da nota. (Mariana Zylberkan, Folhapress)

Prejudicada, Ceagesp descarta desabastecimento

A Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) informou nesta terça-feira (1º) que houve queda de 17% na quantidade de veículos que entram cotidianamente no Entreposto Terminal São Paulo (ETSP), na Vila Leopoldina, zona oeste da capital paulista. A queda no fluxo foi observada entre a zero hora e as 10 horas da manhã desta terça.

“De acordo com dados da equipe que faz o monitoramento das portarias do entreposto da capital, até as 10 horas da manhã de terça-feira 4.439 veículos deram entrada na Ceagesp. Na semana anterior, considerando o mesmo dia da semana e horário, foram 5.223 entradas”, diz, em nota.

A Ceagesp, no entanto, descarta risco de desabastecimento. “Conversamos com alguns produtores e permissionários e o mercado está abastecido. Não há falta de mercadorias”, disse o chefe da seção de economia da Ceagesp, Thiago de Oliveira, no comunicado.

Ontem (31), comparando as segundas-feiras desta semana e da semana anterior, a redução na entrada de veículos foi de 5,5%.

Batalhão de choque esvazia ato no RJ

Um ato de caminhoneiros bolsonaristas foi esvaziado por volta das 14h desta terça-feira (1°) em um trecho da BR-493 próximo à UPA de Manilha, no município de Itaboraí, região metropolitana do Rio de Janeiro.

Grande parte dos motoristas que estavam parados às margens da rodovia deixou o local em meio à chegada de agentes do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Até 14h30, não houve registro de conflito.

A partir da saída dos manifestantes, o fluxo de veículos ganhou fluidez. Antes, o trânsito era lento nos dois sentidos da estrada. Agentes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) também estão no local. (Leonardo Vieceli, Folhapress)

Diretor da PRF está na mira de Moraes

O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, tem uma gestão marcada por crises graves, como a iniciada pelo assassinato de Genivaldo de Jesus, em Sergipe, e agora corre risco de ser preso pelo Supremo Tribunal Federal por colocar a corporação a serviço dos arroubos golpistas do bolsonarismo.

Vasques foi nomeado por Jair Bolsonaro (PL) após se aproximar do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) quando era superintendente da corporação no Rio de Janeiro, último cargo que ocupou antes de assumir a direção da PRF.

Na segunda (31), um dia após descumprir ordem de Alexandre de Moraes e direcionar esforços da PRF para abordar transporte público no dia da eleição, Vasques entrou novamente na mira do ministro: Moraes ameaçou prendê-lo por crime de desobediência, caso não atue para desobstruir as estradas bloqueadas por bolsonaristas inconformados com a derrota do presidente nas urnas.

Silvinei Vasques tomou posse em abril do ano passado, dias após a nomeação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres -um dos principais aliados do presidente. Desde então, ele ajudou a consolidar uma mudança no eixo de atuação da corporação iniciada no governo Bolsonaro, priorizando operações de combate ao tráfico de drogas em detrimento da fiscalização de rodovias.

No domingo (30), quando a PRF descumpriu decisão do ministro e atuou para fiscalizar ônibus de transporte de passageiros, Vasques teve que ir à sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) intimado por Moraes para se explicar e prometer que ordenaria o fim das abordagens.

Horas antes, o diretor da PRF havia pedido votos para o presidente Jair Bolsonaro pelas redes sociais. Vasques publicou uma imagem da bandeira do Brasil com as frases “Vote 22. Bolsonaro presidente”. A postagem acabou apagada horas depois. (Thaísa Oliveira e Fabio Serapião, Folhapress)

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