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Documentário retrata culpas de Bolsonaro por mortes na pandemia; assista

Gabriel Valery (Rede Brasil Atual)

Ao longo de 105 minutos, o descaso de Bolsonaro com a covid-19 é evidenciado. (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Estreou na quinta-feira, 22, o documentário “Eles poderiam estar vivos”, de Lucas e Gabriel Mesquita, obra que retrata com detalhes como a condução da pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro foi tragicamente responsável pelo número de mortos pela covid-19 no Brasil (assista completo aqui).

A produção é parceria do Grupo Prerrogativas e da produtora Mangueio Filmes. Ao longo de 105 minutos, o descaso de Bolsonaro com a covid-19 é evidenciado. Alternando imagens in loco e entrevistas, o filme esclarece didaticamente como o presidente agiu para que o país registrasse, apenas em números oficiais, cerca de 685 mil mortos pelo coronavírus, em menos de três anos.

Além de mostrar como Bolsonaro se colocou contra o distanciamento social e disseminou uma série de mentiras sobre as vacinas e a pandemia, o filme aborda os resultados das investigações da CPI da covid-19. Entre eles, a prevaricação e a corrupção na compra de vacinas e a obsessão por promover remédios sem eficácia, como a cloroquina e a ivermectina.

Cada um por si

A Rede Brasil Atual conversou com o jornalista e pesquisador Tárik de Souza, que fez a pesquisa para a construção narrativa da obra. Ele relatou que “o documentário organiza, de forma bastante explícita, uma ideia que já estava presente no imaginário da grande maioria das pessoas que acompanharam a condução criminosa do governo federal na pandemia. Desde o começo, o governo não somente atuou em prol da disseminação da covid-19 no Brasil, como fez de tudo para atrapalhar toda e qualquer resposta que tentasse minimizar os seus impactos.”

Tárik argumenta que Bolsonaro abandonou os brasileiros a uma situação de “cada um por si”. “A gente escancara essa condução criminosa, seja por meio dos atos governamentais ou do uso das fake news por exemplo. Isso é confrontado com as ações comunitárias e independentes, realizadas pela própria população, em prol da proteção, do cuidado e da sobrevivência, na base do nós por nós, já que essas pessoas não podiam contar com o governo federal”, relata.

Conflito de sentimentos

Médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, jornalistas e tantas outras profissões presenciaram de perto a realidade da pandemia e da condução das políticas por Bolsonaro. Tárik relata que foi motivado pela importância da denúncia do documentário, mas que não deixou de sentir um misto de revolta e tristeza durante seu trabalho. “É muito triste lidar com a história de muitas vidas que não precisavam ser tão breves. Ao mesmo tempo, o que impulsiona é a necessidade de defender essa memória e trazer isso para o presente. Precisamos responsabilizar os culpados por essa tragédia. É, ao mesmo tempo, muito triste e também necessário”, afirma

Sem vacina

“O presidente da República fez propaganda do não uso da máscara, tirou máscara do rosto de crianças, promoveu aglomerações com todo mundo sem máscaras, dando a entender, em seu dialeto, que era falta de coragem usar máscaras. É covardia se proteger contra uma doença (…) É o único presidente das grandes sociedades democráticas globais que ainda não se vacinou”, afirma a narração do documentário.

Entre os depoentes está a médica Luana Araújo, que prestou depoimento à CPI da Covid, onde evidenciou as ações nefastas de Bolsonaro. “É inadmissível em qualquer nível que você promova coisas que fazem o mal. Parece fictício”, afirma. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, outro depoente, classifica a situação como muito grave, sobretudo sobre a blindagem da Procuradoria-Geral da República, que pediu arquivamento das apurações da CPI. “Todas as questões que sofremos sobre absolutas irresponsabilidades, atos criminosos que podem ser responsabilidade do Bolsonaro poderão ficar impunes.”

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