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Carla Zambelli (PL) aponta arma para pessoas e causa tumulto em rua de São Paulo

Deputada diz que foi xingada e empurrada. Vídeo mostra que ela tropeçou. Jornalista admite que xingou, mas nega que tenha agredido fisicamente

Folhapress*

A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) sacou uma arma e apontou para pessoas neste sábado (29), em São Paulo. A atitude da parlamentar gerou correria no cruzamento das alamedas Joaquim Eugênio de Lima e Lorena.

No vídeo, um rapaz aparece correndo em direção a uma lanchonete enquanto Zambelli e alguns homens aparecem em perseguição. Um deles grita “deita no chão, vagabundo”.

A deputada entra na lanchonete apontando a arma para o rapaz, gerando correria. O homem pergunta “você quer me matar para quê?”

O jornalista Vinicius Costa, que presenciou a cena, diz que ouviu um tiro antes de ver que Zambelli se aproximava, mas não sabe se foi disparado por ela.

“Estávamos na esquina da Joaquim Eugênio com a Lorena, ouvimos uma gritaria e o cara que aparece no vídeo veio correndo e ouvimos um barulho de tiro. Ele saiu correndo e aí ela veio ameaçando o cara. Ele veio muito ofegante e pedindo ajuda para as pessoas. Ele entrou no bar e eles vieram atrás”, afirma Costa.

Deputada alega que foi agredida

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Zambelli afirmou que estava almoçando com o filho de 14 anos, quando um grupo de pessoas a reconheceu e ficou do lado de fora. A deputada disse que um homem, bastante exaltado, a ofendeu com palavrões e a chamou de prostituta. Além disso, segundo o relato, ela teria recebido uma cusparada e também caiu no chão após ser empurrada.

Outro vídeo compartilhado nas redes sociais, entretanto, mostra momento anterior à perseguição armada (veja aqui). O rapaz dá as costas para Zambelli, que faz menção de ir atrás dele, tropeça e cai. Ela então começa a persegui-lo enquanto outro homem saca uma arma, fazendo com que o rapaz grite por socorro.

“Eu estava almoçando com meu filho no bar, um homem começou a me xingar e falar que o Lula iria ganhar. Eu tenho porte federal de armas, [mostrei] até para ele parar”, disse a deputada à reportagem.

Ela afirma que queria que o homem parasse para que a polícia fosse acionada. Nesse momento, ela diz que alguém teria feito menção de sacar uma arma que estaria “velada” e fez um disparo para o alto.

Na sequência, Carla atravessou a rua com a arma em punho, entra no bar e manda o homem deitar no chão. “Você quer me matar para quê?” pergunta o homem sob a mira da deputada. O homem negro grita por socorro e depois foge correndo pela rua.

Jornalista diz que xingou, mas não empurrou

O jornalista Luan Araújo, 32, contra quem a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) apontou uma arma na tarde deste sábado (29), em São Paulo, diz que não empurrou a bolsonarista, como ela alega.

Ele conta que voltava de um chá de bebê com amigos quando viu a deputada pedir voto no candidato ao Governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao recepcionista de um bar e reagiu com um xingamento a ela.

Os seguranças de Zambelli, então, começaram a filmá-lo, e a briga escalou quando ele disse “te amo, espanhola”, em uma referência à fala do senador e presidente da CPI da Covid Omar Aziz (PSD-AM). Em 2019, na CPI das Fake News, a também deputada Joice Hasselmann disse o presidente Jair Bolsonaro (PL) já havia lhe perguntado se Zambelli foi prostituta durante o período em que esteve na Espanha.

Nesse momento, de acordo com Luan, a deputada começou a correr atrás dele e um tiro foi disparado. “Eu ouvi um tiro e não sei se passou perto da minha perna, mas eu senti a bala chegando perto. E saí correndo do bar. Eles tentaram me colocar no chão, como se fossem policiais mesmo”, conta.

Além dela, outros dois seguranças estavam armados, e um deles chegou a apontar a arma no rosto de um de seus colegas, segundo relatam.

Quando entraram no bar, a deputada pediu que Luan deitasse no chão e pedisse desculpas.

“O susto que eu passei hoje foi enorme. Eu pensei na minha mãe, que é sozinha. Eu sou preto, eu sou periférico, da zona leste de São Paulo. Eu pensei muito na minha namorada. Eu pensei muito na minha vida e eu acho que a gente está em uma situação extrema, não é uma situação normal. Não é uma situação saudável.”

PSOL e Tabata pedirão cassação

A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados e a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) vão entrar com um pedido de cassação do mandato da parlamentar bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP).

“A deputada Carla Zambelli é uma criminosa e precisa responder pelos seus atos. Uma pessoa não pode empunhar uma arma e colocar a vida de dezenas de pessoas em risco”, afirma a deputada federal Sâmia Bomfim, líder da bancada do PSOL, à reportagem.

E segue: “Eles fazem isso para tentar tumultuar o processo eleitoral, gerar pânico e medo. É esse o modo de ação do bolsonarismo. Por isso, é necessário que o mandato dela seja cassado, para que esse tipo de postura não seja naturalizado”.

“Não vamos admitir que os bolsonaristas ameacem a mão armada nossos eleitores, nossa eleição, nossa democracia. Responderemos nas urnas, no conselho de ética e na Justiça”, escreveu Tabata Amaral nas redes sociais.

PSB vai representar contra Zambelli

Líder do PSB na Câmara dos Deputados, Bira do Bindaré (MA) anunciou que o partido vai ingressar com representação contra Carla Zambelli (PL) no Conselho de Ética da Casa.

Segundo Bira do Pindaré, a atitude de Zambelli configura abuso de prerrogativa parlamentar.
“Parlamentar não tem poder de polícia. É o segundo ataque armado violento promovido por apoiadores de Bolsonaro amparados por um discurso de ódio na crença da impunidade sob um governo criminoso”, afirma.

“Vamos representar no Conselho para garantir que o caso seja investigado e, se comprovada a ilegalidade, a deputada seja devidamente punida”, completa.

Com informações de Guilherme Seto, Fábio Zanini, Mônica Bergamo, Daniela Arcanjo, Mariana Zylberkan, Carlos Petrocilo e Artur Rodrigues (Folhapress) 

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