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Brasileiros condenam atos antidemocráticos de bolsonaristas, revela Datafolha

Até mesmo entre eleitores bolsonaristas, 50% condenam golpismo. Nas regiões Centro-Oeste e Norte, onde atuam alguns de seus financiadores, apoio não chega a 30%

Rede Brasil Atual

Após o segundo turno, uma minoria de bolsonaristas passou a ocupar diversas rodovias pelo país e a sitiar a frente de quartéis. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Uma pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada na noite desta quinta-feira (21), mostra que três em cada quatro brasileiros – 75% – são contrários aos atos antidemocráticos realizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro inconformados com sua derrota para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em outubro. Apenas 21% responderam ser favoráveis aos atos bolsonaristas.

Realizado entre esta segunda (19) e terça (20), o levantamento ouviu 2.026 pessoas, em 126 municípios, com entrevistas presenciais. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Para se ter ideia da rejeição ao golpismo, ela está fortemente presente até mesmo entre eleitores do próprio derrotado (50%). Já entre os eleitores de Lula, a quase totalidade (96%) reprova as atitudes antidemocráticas. Entre aqueles que anularam ou votaram em branco, a rejeição também vai a 90%.

Maioria defende punição

Inclusive nas regiões Centro-Oeste e Norte, onde Bolsonaro teve maior votação e onde atuam alguns dos financiadores dos tumultos, não chegam a 30% os entrevistados que os aprovam. A rejeição é ainda maior no Nordeste – 83% condenam e apenas 14% responderam ser favoráveis aos atos golpistas.

Na amostra total, a maioria – 56% – também considera que deve haver punição aos bolsonaristas que usam dos protestos para pedir um golpe militar. A avaliação é que os bolsonaristas precisam respeitar a Constituição e o resultado da eleições. Outros 40% disseram que eles não devem ser punidos, porque têm o direito de se manifestar contra a democracia. A falta de responsabilização é defendida sobretudo por aqueles que votaram em Bolsonaro. Pelo menos 67% são contra uma punição, ante 29% dos que a defendem.

Os que acreditam que os bolsonaristas precisam responder pelos atos golpistas são, em sua maioria, os eleitores de Lula (81%). Mas, mesmo entre aqueles que votaram branco ou nulo, majoritariamente eles também defendem uma punição (58%).

Nos Estados Unidos, por exemplo, mais de 900 foram presos por envolvimento em tentativa de golpe contra o resultado eleitoral. Pela invasão do Capitólio (sede do Congresso), o ex-presidente derrotado, Donald Trump, também é alvo de investigação e processos podem levá-lo à inelegibilidade e até mesmo à prisão.

Região, religião e renda

Os moradores do Nordeste também indicam, em sua maioria, que aqueles que pedem por um golpe devem ser punidos (69%), enquanto que no Centro-Oeste e Norte esse percentual é de 45% e chega a 54% entre a população da região Sul.

A pesquisa Datafolha também identificou que, entre os entrevistados que se declararam católicos, 80% são contrários aos atos bolsonaristas. Já entre os evangélicos, o índice de rejeição é menor, de 65%. Um percentual menor nesse grupo defende a punição, mas a diferença se mantém. Até 60% dos católicos são favoráveis, assim como 45% dos evangélicos.

Na comparação por faixa de renda, 81% das pessoas que recebem até dois salários mínimos são contrárias aos protestos. E 63% defendem que quem pede golpe seja punido. Entre aqueles que ganham até 10 salários, 51% não apoiam os protestos e 33% consideram necessária a punição. A margem de erro nesta faixa de renda, contudo, é de 14 pontos.

Entenda o caso

Desde 30 de novembro, após o segundo turno, uma minoria de bolsonaristas passou a ocupar diversas rodovias pelo país e a sitiar a frente de quartéis. Para contestar o resultado das urnas, os golpistas chegaram a bloquear, inicialmente, mais de 200 trechos de estradas federais, exigindo ainda intervenção militar. Contudo, os bloqueios ilegais foram reduzindo em quantidade, mas se tornaram mais violentos.

O auge dessa tensão e violência aconteceu no dia 12 de dezembro, após a diplomação de Lula em cerimônia no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os bolsonaristas protagonizaram diversos atos de vandalismo que colocaram terror em Brasília. Eles incendiaram ônibus e carros, formaram barricadas na capital federal, espalhando botijões de gás pelas ruas, além de tentarem invadir o prédio da Polícia Federal e ameaçar a segurança dos cidadãos da zona central. Após os ataques, o presidente eleito também acusou Bolsonaro de estar por trás das ações de vandalismo que não foram coibidas com rigor pela Polícia Militar do Distrito Federal.

Três dias depois, a PF cumpriu 81 mandados de busca e apreensão contra envolvidos em manifestações antidemocráticas. A operação atendeu determinação do presidente do TSE, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) que também apura os atos antidemocráticos relacionados ao bicentenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro, sequestrado pelo futuro ex-presidente.

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