
Ainda de acordo com a reportagem, caixa teria sido recebida pelo próprio Bolsonaro quando ele esteve em viagem oficial a Doha, no Catar, e em Riad, na Arábia Saudita, em 2019. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Não somente duas, agora, são três as caixas de joias da Arábia Saudita que envolvem o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele teria levado um estojo com um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes. A caixa de madeira tem impresso o símbolo verde do brasão de armas da Arábia Saudita. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
O conteúdo inclui uma caneta da marca Chopard prateada com pedras encrustadas, um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro, e outros diamantes em volta. Há também um anel em ouro branco com um diamante no centro e uma “masbaha” (espécie de rosário) de ouro branco com pingentes cravejados em brilhantes.
Apenas o relógio Rolex pode ser encontrado na internet pelo valor de R$ 364 mil. Somados, os outros itens atingiriam, no mínimo, R$ 200 mil, segundo a reportagem. O valor do estojo, portanto, pode ser estimado em cerca de R$ 550 mil pelo menos.
Também de acordo com o Estadão, a caixa teria sido recebida pelo próprio Bolsonaro quando ele esteve em viagem oficial a Doha, no Catar, e em Riad, na Arábia Saudita, de 28 a 30 de outubro de 2019.
Foi nessa ocasião que o ex-presidente participou do almoço oferecido pelo rei saudita Salma Bin Abdulaziz Al Saud. Nesse mesmo encontro, Bolsonaro disse que tinha “certa afinidade” com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que é acusado de mandar matar e esquartejar o jornalista turco Jamal Khashoggi no consulado saudita na Turquia.
Bolsonaro e seu gosto por joias
A reportagem apurou ainda que o ex-mandatário trouxe pessoalmente o “presente” para o Brasil “e deu ordens para que os itens fossem levados a seu acervo privado”. A informação foi confirmada pelo Gabinete Ajunto de Documentação Histórica da Presidência.
Há duas semanas, o TCU (Tribunal de Contas da União) decidiu, por unanimidade, que Bolsonaro tinha de devolver as joias masculinas de um segundo estojo de enfeites valiosos descoberto pela série de reportagens sobre o tema.
O ex-presidente também havia incorporado este conjunto de joias ao seu patrimônio pessoal. Inicialmente avaliado em R$ 400 mil, é hoje estimado em R$ 1 milhão. A decisão mandou entregar ainda armas igualmente presenteadas pelo governo saudita.
Nas palavras do próprio Bolsonaro, o cumprimento da decisão do TCU sobre esse último item lhe causou “dor no coração”. Na sexta-feira (24), a defesa do ex-presidente entregou à Justiça as armas e as joias apropriadas indevidamente.
Antes disso, um primeiro estojo, contendo joias femininas, avaliado em R$ 16,5 milhões, foi apreendido com o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ao chegar no Brasil, na alfândega do Aeroporto de Guarulhos.