
A previsão é que o relatório sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro seja entregue ao ministro Alexandre de Moraes amanhã (27). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Um relatório sobre o que ocorreu em Brasília nos dias anteriores e posteriores aos atos golpistas, no dia 8, indica que o problema não foi falta de informação sobre o agravamento da situação do acampamento bolsonarista montado em frente ao Quartel-General do Exército, na capital federal, ainda em outubro. O documento aponta que, na verdade, houve omissão dos comandantes. O que contribuiu para as cenas que escandalizaram o mundo, de invasão e depredação das sedes dos três poderes.
De acordo com informações do portal g1, o diagnóstico está em posse do interventor na área de segurança pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli. A previsão é que ele seja entregue amanhã (27) ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O documento vai revelar que no dia 6, uma sexta-feira, cerca de 300 apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estavam no acampamento em frente ao Exército. Mas, no sábado, um dia antes dos atos terroristas, o número saltou para 3.800 pessoas. No entanto, não houve ação dos comandantes.
Intervenção não será prorrogada
Em entrevista à Rádio Brasil Atual no último dia 19, Cappelli já havia comentado que, no dia dos ataques em Brasília, parecia haver um “problema de comando e de planejamento adequado” por parte da Polícia Militar do DF. Segundo o interventor, isso permitiu a invasão e a depredação do Congresso Nacional, do STF e do Palácio do Planalto. Além disso, apesar do aumento, o ato dos bolsonaristas não foi grande para o padrão de atuação da PM, preparada para lidar com manifestações de até 100 mil pessoas.
Imagens inéditas captadas por câmeras de segurança e drones durante os ataques, divulgadas ontem (25), também indicam que os golpistas tinham conhecimento prévio da localização das instalações do STF, por exemplo, e usaram táticas de resistência contra a polícia. Os vídeos estão sendo analisados pela Polícia Federal para identificar os vândalos.
Ainda ontem, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou na GloboNews que a intervenção federal não será prorrogada. Segundo Dino, o governo federal “cumpriu seu papel”. Ao anunciar que Cappelli entregará o relatório de atuação da PM-DF, o chefe da pasta também confirmou que, nesta quinta (26), iniciará a transição na Secretaria de Segurança Pública. A governadora em exercício, Celina Leão (PP), anunciou o delegado federal Sandro Avellar como novo secretário.