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Uma apresentação inesquecível em Sto. Antônio do Monte, coração das Minas Gerais

Vieram com um carro com som alto e tocaram o hino nacional do lado de fora pra atrapalhar a peça. Não conseguiram

Paulo Betti (Portal Porque)
'Autobiografia autorizada' em Santo Antônio do Monte (MG)
  • Foto: Michael Alexandria
  • Foto: Paulo Betti
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Fiz minha peça “Autobiografia autorizada” sexta-feira, na abertura do 1o Festival de Teatro de Santo Antônio do Monte. Levei seis horas na van de BH até aqui. Saí do Rio de Janeiro às 8h, cheguei aqui às 18h30. Atraso de voo e congestionamento na linda estrada. Vi muitas florestas e me surpreendi por não ver montanhas destruídas pela mineração — pelo menos, não tantas quanto esperava.

A apresentação foi num ginásio de esporte, transformado momentaneamente em teatro pela garra de duas moças que desejam trazer peças pra cidade onde nasceram.

A cidade é bolsonarista. Vieram com um carro com som alto e tocaram o hino nacional do lado de fora pra atrapalhar a peça. Não conseguiram. O público adorou quando falei que mamei até os sete anos no peito da minha mãe e agora mamo na lei Rouanet.

Fiquei impressionado com o catálogo da Maçonaria da cidade! Parece aquelas listas telefônicas robustas.

Fico fazendo pregação para preservarem as fachadas (pelo menos) das casas antigas. As novas nem consigo ver, é tudo igual. De São Gonçalo a Santo Antônio.

Quem está aqui no festival é Alexandre Lino, que neste sábado apresentou seu “O porteiro”. Equipe divertida do Lino. Ontem jantamos numa permuta Japa, muito interessante, totalmente diferente, pois misturava comida mineira e invenção. O casal dono muito hilário, ele tipo intelectual, ela uma tipo enorme, morena, muito grande de altura e exuberância. Muito potentes os dois.

Uma das idealizadoras do festival é a querida Juliana Martins. Duas horas antes da sessão, quando cheguei no ginásio, chovia torrencialmente. Não dava pra se ouvir nada, telhado de amianto.

Candice e Juliana controlavam a tensão. Chovia, mas ao fundo, nas montanhas, o sol resistia avermelhado. Parecia uma projeção da peça.

Fui acomodado numa clínica municipal de saúde. Meu camarim era na unidade intensiva de vacinação. Tinha 200 pães de queijo, banana e suco de uva e quatro diferentes tipos de biscoitos com salsichas e bolo grande de chocolate. A clínica ficava a uns 40 metros.

Esqueci de dizer que a cidade tem um serviço funerário de som que anda por toda parte anunciando quem morreu, curriculum, parentes, etc.

Nesta temporada, fiz: Vila Kennedy, Marechal Hermes, Campo Grande, Ipanema, Copacabana. São Gonçalo, Maricá, Nova Iguaçu, Palácio Tiradentes Rio, BH, Santo Antônio do Monte, Fafe (Portugal), Ilha da Madeira, Lagos (Portugal), Lamego (Portugal), Vila Franca de Xira (Portugal).

Ao lado de Samonte (olha eu querendo ser íntimo; eles chamam a cidade assim) tem a cidade de nome Bom Despacho. Fiquei a fim de conhecer.

Quem sabe um dia eu volto pra lá?

No japonês/mineiro, com o ator Alexandre Lino e a atriz Juliana Martins, os donos do restaurante e a produtora Candice. Foto: acervo pessoal

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