
O desastre com o submersível abre o debate sobre a regulamentação dos submersíveis. Mas por que não explorar o mar? Foto: Divulgação/OceanGate
Certo que criam uns memes por ter sido uma situação muito inusitada. Mas ridicularizar desse jeito, não dá. Olha… Tinha ali um francês que era o maior estudioso de Titanic. Tinha um cara que já havia ido para o Espaço e fez a descrição da Terra mais linda que já vi. E tinha o fundador que criou o submersível. Tinha sonhadores ali.
O acidente foi horrível. Os corpos foram espremidos na implosão.
Muito se critica por esse submersível não usar GPS. Mas submersíveis, submarinos, não precisam usar GPS, exceto se estiverem em uma profundidade de se utilizar o periscópio. Usam sistema de navegação inercial. Para localizar o submersível, sonar.
Essa tragédia abre a discussão sobre regulamentações desses submersíveis. E por que não não explorar o mar? Por que se limitar ao ar?
Corrigir erros grotescos deste submersível. É dito que usaram mensagem de texto como forma de comunicação. Mas não usaram meios tradicionais como o hidrofone? Ou mesmo meios de comunicação que se limitam a dezenas de metros como rádio-frequência, LED e laser? Tudo pode ser discutido e implementado em regulações para futuras viagens. Pois tudo isso pode evitar uma tragédia. Também fizeram o uso de parafusos para fechar a escotilha (em caso de fuga numa profundidade passível de resgate, quem desparafusaria o submersível por fora?).
Notícias mostram que a ponteira do Titan foi encontrada sem o casco pressurizado. Falhas na pressurização?
Submarinos são veículos de guerra e desde muito tempo a tecnologia é avançada para tal. O que tivemos foi o retrocesso da tecnologia. Joystick com bluetooth? Por que não um joystick com cabo, no mínimo do mínimo do mínimo? Por que ter somente um botão neste submarino? De certa forma, simplificar muito não é uma forma de colocar em risco a segurança dos passageiros? E mesmo tentando inovar com uso de materiais fortes e mais leves, de que adiantaria um sistema (“Monitoramento da Saúde do Casco em Tempo Real (RTM)”) que afere se o casco está rachando ou não, se, pelo visto, o casco não foi suficientemente forte?
Vale lembrar também de todos os sonhadores, imigrantes, que tentam chegar à Europa e naufragam em barquinhos com condições precárias.
Enfim, atravessar o mar simboliza ir atrás de algum sonho, de certa forma. Alguns sonhadores morrem tentando realizar seus sonhos. Mesmo que de forma um pouco imprudente. Mas tentam. E, por tentarem, deveriam ter nosso respeito.
Mas o que vamos nós fazer, se todos os sonhadores são ridicularizados?
Eu prefiro acreditar que, depois do mundo dos sonhos, há o paraíso. Eu acredito que todas as pessoas sonhadoras merecem o paraíso.
*José Otávio Finessi é programador