
O então sindicalista Lula nos anos 70: tenacidade no enfrentamento sindical à ditadura militar. Foto: reprodução
Em meados da década de 70, quando Lula começou a se destacar como liderança sindical metalúrgica, no ABC paulista, seu apelido era taturana. Os motivos eram dois: o vasto bigode negro que usava (ainda sem barba) e a atitude feroz que tinha na defesa dos direitos dos trabalhadores e em prol da redemocratização do Brasil.,
Foi essa garra e disposição para as lutas sociais, que o falecido dirigente dos metalúrgicos de Sorocaba, Wilson Bolinha, companheiro de trabalho de Lula na Villares, em São Bernardo, no final dos anos 60, contava a respeito do antigo companheiro.
Lembro-me que o saudoso Bolinha narrava para nós: “o jovem Lula/Taturana era um homem bravo na defesa dos direitos dos trabalhadores. Era veneno puro na luta sindical de enfrentamento da ditadura nos anos 70”.
Quando Lula foi preso por desafiar o regime autoritário, em 1980, ele já era um líder sindical reconhecido internacionalmente. Após a militância e a opinião pública exigirem sua libertação, ele poderia ter pedido exílio em qualquer país. Mas ele ficou e lutou.
Ele ficou, lutou e ajudou na redemocratização do país, participou do movimento Diretas Já para presidente, foi eleito deputado constituindo e contribuiu para formular a Constituição Cidadã de 1988.
Prisão forjada
Em 2018, já como ex-presidente da República por duas vezes, Lula foi preso pela farsa da Lava Jato às vésperas da eleição presidencial. Após reveladas as irregularidades da Lava Jato e Lula ser inocentado, ele é libertado no final de 2019.
Novamente Lula poderia ter sumido de cena, ficado calado, mudado para algum lugar onde não fosse incomodado nem perseguido. Mas ele ficou e lutou.
Ficou e lutou para desmascarar o golpismo que se instalou no Brasil desde 2016 e culminou com a eleição de Bolsonaro em 2018. Lula exigiu a volta de um país melhor para todos e todas, pelo retorno de programas sociais, por mais empregos, mais desenvolvimento, pelo fim da fome e da miséria entre os brasileiros.
Assim, Lula foi eleito presidente pela terceira vez no final de 2022; para desespero de Jair e de seus seguidores extremistas irracionais.
Talento de raiz
Mas logo no começo deste ano, Lula demonstrou que, apesar das décadas que se passaram desde que ele era o Taturana do ABC, não lhe faltam coragem, disposição e habilidade de liderança autêntica, forjada nas lutas populares e em defesa da democracia desde sempre.
Ele demonstrou manter tais talentos, fortalecidos pela experiência de vida, após os ataques terroristas às sedes dos 3 Poderes em Brasília no domingo, dia 8 de janeiro.
Lula foi veemente ao defender a democracia, condenar o vandalismo no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e no STF e responsabilizar o ex-presidente fujão pelos ataques fascistas. Também não faltou ao presidente Lula para formular novas leis que façam o Brasil retomar o desenvolvimento econômico e social, já neste início de governo.
Outra habilidade da raiz de Lula que ele demonstrou não ter perdido com a idade, pelo contrário, ficou mais forte, foi a capacidade de diálogo, negociação e aglutinação. Logo após os episódios terroristas em Brasília ele conseguiu juntar representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário para defender medidas conjuntas contra novas ameaças antidemocráticas. Na sequência, Lula conquistou apoio de governadores até da oposição para condenar a algazarra bolsonarista e manter o país no rumo da justiça constitucional.
Fascistão, o fujão gastador
Esses fatos provam que o velho e bom Taturana não tem nada de banana. Mas o ex-presidente fascistão provou que não passa de um fujão mentiroso.
Por outro lado, descobriu-se que Bolsonaro, suposto portador de uma moralidade e honestidade que só servem para consumo eleitoral, gastava dezenas de milhões de reais em hotéis, restaurantes, padarias. Tudo com cartão corporativo do governo. Ou seja, pago por todos nós, inclusive pelos golpistas que foram tentar destruir Brasília ou ficaram acampados em frente às sedes do Exército.
Então era para isso o sigilo de 100 anos? Podem crer que muitos mais podres do conservador fascistão vão aparecer. Bem como vão ser reveladas empresas e governantes que ajudaram a bancar os golpistas que tanto infernizaram e pregaram o ódio no Brasil.
Justiça histórica, enfim
Durante muito tempo, sindicalistas foram difamados com a pecha de “baderneiros”. Hoje está provado e comprovado que os baderneiros, vândalos, depredadores e arruaceiros estão nas fileiras dessa direita odiosa e pregadora do ódio que se instalou no Brasil.
Pessoas essas, usurpadores do verde e amarelo da bandeira nacional, que os seguidores do fascismo, inclusive governantes simpatizantes do Jair, chamavam de gente “do bem”, mas que são criminosos, falsos crentes; seguidores de profetas ainda mais falsos, vaidosos, gananciosos e de riqueza monetária ilícita. Gente nitidamente “do mal” para a sociedade e para a Nação.
Porém, neste 2023, felizmente, temos novamente um governo federal que rechaça essas índoles de má-fé, antidemocráticas, violentas, desagregadoras, obtusas, intolerantes e terroristas, venham de que tendência política golpista, populista e conspiratóriaelas vierem.
Quem quiser conhecer mais a história de Taturana/Lula e sua amizade com o líder metalúrgico de Sorocaba Wilson Bolinha, basta clicar no link:https://www.smetal.org.br/artigos/oras-bolas-/20140411-165914-b182
*Izídio de Brito Correia é Secretário e Organização do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal), foi presidente do SMetal e é ex-vereador pelo PT em Sorocaba