
A cantora e compositora falecida nesta terça-feira, aos 75 anos, passou por várias fases criativas, em todas elas com grande sucesso. Foto: reprodução/Facebook
Ainda não havia para mim Rita Lee em sua mais completa tradução. Fui conhecê-la, como fã, no tempo dos Festivais da Record. Aquela garota ruiva que se destacava entre os irmãos Arnaldo e Sérgio Dias, que com ela formavam Os Mutantes, chamava a atenção do espectador do alto de seus cinco anos.
A imagem da tevê não ajudava, mas o som, a musicalidade compensavam. Já pré-adolescente descobri Os Mutantes e, passado pouco tempo, Rita se lançava em carreira solo. Parece que vejo a imagem dela, novinha ainda, a cantar “Meu bom José”, versão de uma canção francesa.
Depois, o rock entrou em cena. Com a banda Tutti Frutti produziu trabalhos memoráveis. “Esse tal de rock’n Roll”, “Ovelha negra”, “Agora só falta você”. A Rita romântica. “Mania de você”, “Desculpe o auê”, “Shangrilá”, “Raio-X”. Pop, com “Lança-Perfume”, “Nem luxo, nem lixo”, “Fora da lei”.
Irreverente, moleca, feliz. Num show dos anos 80, no Recreativo, comentou com o público que no caminho viu uma plantação de erva da boa. Em outra, para desespero da produção, chamou o publico para ocupar o espaço reservado aos pagantes. “Venham, titia deixa.”
Enquanto jornalista, avistei-me poucas vezes com ela. Na última delas, trouxe à cidade o show Pick Nick. Era, então, a vovó Rita. Não falava dos Mutantes. Ironizava as perguntas que só respondia por e-mail. Mas, sobretudo, foi uma artista e tanto.
A Rita se foi. Levou junto com ela o que nos pertencia por direito, arrancou-nos do peito a alegria. Por ora, ao menos. Segue em paz, Rita. Você, certamente, vai continuar fazendo um monte de gente feliz.
Leia também sobre este assunto:
Ícone do rock, da rebeldia e da irreverência, cantora Rita Lee morre aos 75 anos
*José Antônio Rosa é jornalista e advogado.